REALIDADES DISTÓPICAS:
INTERDISCIPLINARIDADE COMO DESENVOLVIMENTO DE CRÍTICAS SOCIAIS
A procura por
literatura distópica tem aumentado significativamente nos últimos anos. No
jornal ‘O Globo’, por exemplo, foi publicada uma matéria que aborda o aumento
de vendas dessas narrativas após a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos
(2017). Dentre os diversos autores, estão os clássicos George Orweel (2000),
Adouls Huxley (2014) e Margaret Atwood (2017). Outro evento também marcado pela
referência ao gênero foi o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, em
setembro de 2018, que contou com diversas analogias feitas à obra de Ray
Bradbury, ‘Fareinheit 451’ (2003). Neste sentido, pode-se dizer que os leitores
têm observado características intrínsecas ao gênero distópico que, ainda que
como crítica radical, refletem-se nos acontecimentos políticos e sociais do
mundo real. O ensino interdisciplinar apresenta-se como um dos métodos de
ensino que melhor desenvolve o senso crítico dos alunos. Ao fazer com que os
processos do meio social, político, econômico e cultural sejam entendidos em
suas mais amplas relações, a educação se dá pela construção do conhecimento
feita através do diálogo, tanto entre professor e aluno, quanto entre
diferentes disciplinas.
Segundo Antônio
Cândido (1976), a literatura está diretamente ligada ao contexto histórico
vivenciado pelo autor, o que reflete em sua obra as nuances dos acontecimentos
históricos e da sociedade em que vive. Seguindo esta afirmação, o presente
trabalho busca apresentar o romance distópico como fruto de um contexto
histórico que, através do conhecimento sociológico, é capaz de incitar o
pensamento crítico dos indivíduos em relação aos atuais acontecimentos
políticos, sociais, culturais e econômicos. Utilizando-se da Literatura, da História
e da Sociologia como interdisciplinares, buscar-se-á apresentar os reflexos
provenientes de cada uma dessas áreas do saber de maneira que seja possível
identificar suas relações e incitar o pensamento crítico dos alunos através
destes romances.
A palavra
distopia é composta pelo prefixo dis,
do grego dys, que significa defeito,
dificuldade, anomalia; e topos, que
significa lugar. Levando-se em conta a etimologia da palavra o termo poderia
ser definido como “lugar ruim” ou “lugar defeituoso”. As distopias mais
conhecidas e lidas pelo público, como também discutidas no meio acadêmico, são
as publicadas durante e após o século XX, frutos de um contexto histórico
extremamente turbulento, marcado por importantes conflitos e evoluções na
tecnologia e ciência. O gênero em questão pode ser caracterizado, assim, como
uma narrativa fictícia que descreve o futuro de forma negativa, colocando em
evidência os extremismos de sociedades que adotam o conservadorismo e o
autoritarismo como meios de organização e controle social, banindo a liberdade
de ideias de seus indivíduos que, conformados, defendem um estilo de vida
superficial e de dominação total.
O século XX foi
caracterizado por Eric Hobsbawm como a ‘era dos extremos’ (1995). O cenário
político deste mundo foi marcado por várias guerras envolvendo grandes
potências: duas Guerras Mundiais, Guerras no Vietnã, Coreia, Afeganistão e até
mesmo Guerra que foi chamada de Fria; a criação e fim da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS); a ascensão de governos totalitários (NEUMANN, 1969),
como a fascista Itália de Mussolini e a nazista Alemanha de Hitler. Diversas
revoluções ocorreram em países como Rússia, Cuba e China. Os avanços
tecnológicos corroboraram para uma verdadeira revolução na forma de se
comunicar, com a invenção da televisão, do primeiro computador e da internet.
Na medicina, o avanço científico proporcionou a primeira pílula
anticoncepcional, a invenção da penicilina e a indústria farmacêutica. A
economia mundial também teve sua maior crise já registrada, proveniente da
quebra da Bolsa de Nova York, posteriormente reafirmada com a Crise do
Petróleo. Conquistas culturais e sociais como a popularização do cinema e lutas
feministas; invenções como o automóvel, o avião e os foguetes espaciais, que
levariam o homem ao inimaginável: a Lua. Porém, apesar de tantas modificações
ditas positivas, ao mesmo tempo que o avanço tecnológico e científico
provenientes das necessidades específicas das guerras promoveram ferramentas
que melhoraram a vida dos indivíduos, invenções como a Big Boy e a Fat Man,
bombas atômicas sarcasticamente nomeadas, foram lançadas sobre as cidades de
Hiroshima e Nagasaki, no Japão, dizimando milhares de civis e causando doenças
aos sobreviventes devido ao nível de radioatividade resultante das reações
nucleares. Nos campos de concentração nazistas, milhões de pessoas morreram por
privação, fuzilamento e nas câmaras de gás, com a desculpa eugênica do
arianismo.
É no contexto
histórico desses extremos que surge a primeira distopia do século XX, a
literatura que descreve e analisa um “lugar ruim”, um “lugar defeituoso” ou
quais circunstâncias políticas, sociais, culturais ou econômicas levam a tais
lugares. ‘Nós’ (2017) foi publicado em 1924, nos Estados Unidos, pelo autor
russo Ievguêni Zamiátin. A história é contada através do diário de D-503, um
matemático que trabalha na construção da “Integral”, uma nave que levará o
Estado Único para o espaço, com o fim de conhecer e dominar vidas de outros
planetas. Após uma grande guerra que destruiu as formas de organização social
do passado, a sociedade instaurada da qual D-503 faz parte é regida por um
governo extremamente autoritário, representado pela figura do “Benfeitor”. Não
há liberdade. Os indivíduos têm horas estipuladas para todas as atividades,
como para o lazer, alimentação e trabalho. As casas são todas transparentes,
pois, além da tecnologia de monitoramento, as próprias pessoas vigiam umas às
outras – similarmente ao que aconteceria nos regimes autoritários dos anos que
se seguiriam à publicação da obra (KERSHAW, 2010). Não há manifestações de
diversidade cultural ou de pensamento. O protagonista, em diversas passagens,
refere-se às nossas sociedades atuais como sendo desorganizadas, não
acreditando que conseguíamos viver com tamanha liberdade, o que, para ele, é
sinônimo de desordem. Conformado com o meio em que vive, D-503 defende as
regras instauradas pelo Benfeitor, acreditando que a organização social vigente
é a melhor forma de se viver. Porém, o matemático conhece uma mulher rebelde
que faz parte de um grupo que burla as leis instauradas pelo Estado. Assim, ele
se apaixona por I-330 e começa um embate existencial entre o conformismo e a
outra forma de vida apresenta a ele.
Muitos autores
acreditam que ‘Nós’ serviu de inspiração para as outras distopias, como as de
Orwell e Huxley. Orwell, em uma resenha publicada na revista Tribune, de
Londres, em 1946 (2017), declara que escreverá um romance inspirado em
Zamiátin, afirmando, ainda, que ‘Admirável Mundo Novo’ de Aldous Huxley, parece
ter se originado de ‘Nós’.
Em todas essas
obras há sempre um governo autoritário que, em busca da ordem e de uma
unificação da humanidade, desenvolve mecanismos de controle social extremo com
o auxílio da tecnologia. Em ‘1984’, de Orwell, para que o Estado consiga
controlar seus indivíduos, é desenvolvida a novilíngua com o objetivo de
restringir o uso das palavras, pois, assim, restringe-se também a capacidade de
pensamento e desenvolvimento de ideias, além de ser usada como mecanismo de
elaboração de falsas declarações e argumentos utilizados pelo presidente como
forma de garantir seu poder. Em ‘Fahreinheit 451’, os livros são proibidos e os
bombeiros, que antes apagavam incêndios, agora promovem as chamas para destruir
qualquer livro encontrado. Já que os governantes consideram os livros como uma
ameaça, a ideia implantada na sociedade é de que os escritos trazem confusão,
incerteza e melancolia, o que seria perigoso para o estilo de vida controlado,
seguro e “feliz” proporcionado com a ausência dos mesmos. Assim, a tecnologia
também serve como uma espécie de controle. Em todas as casas há imensos telões
nos quais aparecem pessoas desconhecidas que são chamadas de “família”, criadas
para ocupar o tempo dos indivíduos. São distribuídas pílulas do sono, que são
ingeridas em grandes quantidades, levando as pessoas quase à morte. Isso só não
acontece porque existe um aparelho que aspira a substância do organismo, o que
traz a pessoa de volta à vida para que possa tomar os mesmos remédios na noite
seguinte. O uso exagerado das tecnologias também é criticado em ‘Admirável
Mundo Novo’, onde a biotecnologia serve para criar indivíduos já dominados,
acostumados desde o óvulo às atividades às quais serão direcionados a realizar
para o resto da vida. Uma forma concreta de um determinismo e conformismo
pré-programado. Assim, a sociedade é dividida em classes, cujos indivíduos
recebem suas características e as supostas classes às quais pertencerão já no
momento de fecundação dos óvulos, numa produção em massa. Uma Revolução
Industrial cujo produto é a própria vida humana.
É notório, pelo
desenrolar dos enredos, que há uma clara tentativa, por parte dos governantes e
dos próprios indivíduos que aderem às alienações, de atingir um “progresso”
social e político. Os meios de organização anteriores entraram em colapso,
gerando um grande conflito que, ao terminar, devasta todo um mundo de ideias
antes conhecidas, causando sentimentos de incerteza e medo generalizado.
Governantes autoritários com a promessa de estabilidade e unidade social
assumem o total controle da vida pública e privada dos indivíduos,
convencendo-os de que essa é a melhor maneira de se viver, delegando as funções
sociais a toda gente subordinada que queira sentir-se útil ao Estado e à
construção da nova e mais evoluída civilização. Essas mesmas circunstâncias
também podem ser percebidas no contexto que ajudou a promover o governo nazista
na Alemanha devastada do pós-guerra (RICHARD, 1988).
O conceito de
‘progresso’ nasce às luzes do Iluminismo, no século XVIII. Segundo autores como
Locke, Montesquieu e Hume, a sociedade poderia, através da razão, perceber os
progressos alcançados na sociedade. Além da percepção racional, acreditavam que
a razão humana aplicada às políticas sociais proporcionaria os mecanismos
necessários para que a sociedade desenvolvesse seus próprios caminhos em vista
de um progresso historicamente orientado (FONTANA, 2004). Já no século XIX, o
conceito de progresso enraizou-se de diversas formas, com diversas teorias em
diferentes áreas da experiência humana. A ideia de progresso evolutivo aparece
na Biologia em 1859, com a obra de Chales Darwin, ‘A origem das espécies’ (2014).
Em sua teoria da evolução, Darwin percebe mecanismos de modificações nos seres
que serviram de base para o conceito de ‘seleção natural’, no qual os seres
vivos, durante muito tempo, sofrem mutações sucintas que vão se acumulando e
sendo selecionadas pelas condições do ambiente. Logo, os seres que sobrevivem
são aqueles que melhor se adaptaram ao meio e que apresentaram as adaptações
mais úteis, o que garantiu a sobrevivência de uns indivíduos (progresso) em detrimento
de outros (extinção). As espécies sobreviventes podem, então, acumular ainda
mais adaptações, num processo contínuo. Tal processo deu origem à ideia de que
o homem, não que tenha evoluído do macaco, mas sim que possui um ancestral
comum que precedeu todos os primatas. Na religião, a doutrina espírita de Allan
Kardec também trouxe a ideia de progresso. No Livro dos Espíritos, publicado em
1857, Kardec desenvolve as crenças do espiritismo através da caridade e reencarnação,
pois só retornando à vida terrena após a morte e reparando seus erros que os
espíritos podem evoluir, até que sejam seres plenos e perfeitos.
Ainda no século
XIX, um filósofo francês, considerado o pai da sociologia, também desenvolveu
suas ideias de progresso no meio social. Auguste Comte acreditava que os
fenômenos sociais deveriam seguir leis objetivas, assim como seguem os
fenômenos naturais e, com este intuito, desenvolveu a ‘lei dos três estados’ (BARROS,
2011). Para Comte, todas as sociedades evoluem e, necessariamente, passam por
três estados para que seja possível atingir o progresso. O primeiro estado é o
teológico, no qual os fenômenos observados são relacionados à ação de um ser
sobrenatural, à imagem e semelhança do homem, o que leva os indivíduos a pensar
como sendo criaturas de um criador, causando questionamentos que indagam
diretamente a causa primeira de todas as coisas, como na definição grega
pré-socrática de filosofia (BRAGA; LOPES, 2015). O segundo estado é o
metafísico, no qual mantém-se uma presença sobre-humana regente, porém que já
não é personificada como no estado teológico. Por fim, o terceiro e último
estado é o positivo, no qual os fenômenos são analisados partindo de
observações internas e buscando as relações entre um e outro, com o fim de
encontrar as leis gerais da causalidade que regem tais fenômenos em determinada
sociedade. Portanto, a maneira como o indivíduo compreende a realidade está
diretamente ligada à organização estrutural de determinada sociedade (COMTE,
1983).
Com base nessas
leis, Comte defendia um meio social positivo. Seria necessário observar,
formular as leis existentes entre as relações estabelecidas entre os fenômenos,
o que possibilitaria a previsão e provisão dos fenômenos futuros. Assim, o
homem dominaria a natureza para extrair os recursos naturais que, agora, seriam
utilizados nas indústrias. Mas para que uma sociedade atinja, de fato, o progresso
proporcionado pelo positivismo, seria necessário ordem. Portanto, sem ordem não
haveria progresso. Para Comte, as características sociais provenientes da
Revolução Industrial não seriam um problema para a organização social. Enquanto
Marx via diversos problemas causados pela segregação da classe operária em
periferias, em oposição aos detentores dos meios de produção que acumulam cada
vez mais capital, Comte considerava esta divisão necessária para ordenar a
sociedade, pois esta progrediria apenas se cada indivíduo pertencesse a um
determinado lugar. Assim, o conservadorismo seria o meio político utilizado
para manter a ordem social pré-estabelecida com o fim de atingir sempre um
progresso sem correr os riscos revolucionários (ARON, 1999).
Assim como no
modelo social imaginado por Comte, a sociedade descrita nas literaturas
distópicas também seguem a lógica positivista e conservadora de uma ordem
social estática que possa garantir a previsibilidade do futuro em um progresso:
manter cada indivíduo exatamente no lugar ao qual pertence dentro de
determinado cenário social e político, ainda que marcado por desigualdades. O
erro metodológico cometido na formulação dessas leis é o de unificar todas as
sociedades, desconsiderando o que há de fundamental e de diferente em cada uma
delas: a pluralidade cultural (Idem). Assim, o autor parte de princípios que
igualam e reitificam o ser humano excluindo as significações culturais. A
metáfora utilizada nas distopias para descaracterizar um ser humano individual
e transformá-lo apenas em um ser coletivo, não-autônomo, é a falta de liberdade
de expressão e formulação de ideias. Os meios de comunicação são confeccionados
de modo que essa liberdade seja cerceada ao máximo, levando a alienação
proveniente da política enquanto ‘indústria cultural’ a níveis extremos, bem
como realizando modificações genéticas e físicas para que os indivíduos se
tornem cada vez mais conformados e uniformizados.
Os fatos
históricos pertencentes ao cenário de criação das obras distópicas do século XX
podem ser analisados de forma muito clara nas diversas metáforas distribuídas
entre os enredos. Como tratam de sociedades complexas, a sociologia aparece
como uma ferramenta indispensável na análise das narrativas, bem como as
narrativas passam a complementar o conhecimento sociologicamente orientado. O
mundo contemporâneo presencia a todo momento muitos acontecimentos que carregam
questionamentos referentes à educação em seus mais variados campos. A onda de
negação de eventos históricos cujos efeitos foram devastadores, a
desvalorização e pouca procura pela leitura entre os brasileiros, o desleixo
com a memória nacional e internacional que parece não valer como memória, como
história, como passado e como parte do presente. Desigualdades sociais e
econômicas exorbitantes em diversos lugares. Portanto, torna-se necessária a
visão mais ampla e unida da educação, assim como do conhecimento. A
interdisciplinaridade entre História, Literatura e Sociologia é apenas um dos
caminhos possíveis de ensinar criticamente ao aluno que os acontecimentos da
arte, da política, da cultura e da sociedade como um todo não são
acontecimentos distantes, que não o englobam. São acontecimentos que não atuam
de forma independente, mas que existe uma ligação entre todos eles e, também,
uma causa que, através desses e outros campos do saber, podem ser estudadas e
modificadas de forma que valorize cada cultura, modificando os lugares antes
pré-determinados para um alcance de igualdade, ainda que dentro da diversidade
cultural e individual.
O ensino
interdisciplinar aborda os conteúdos de maneira que mostra ao aluno que a
História, a Literatura e a Sociologia são mais que meros textos enfadonhos
escritos há muito tempo e que o mundo material e a temporalidade estão
presentes em todos os âmbitos da vida e que fazem parte, não necessariamente de
um progresso, mas de um processo cujos fenômenos levaram às atuais
circunstâncias. Portanto, é indispensável o reconhecimento de que com essas
ciências é possível identificar falhas, bem como acertos e melhorias e, assim,
formar indivíduos pensantes capazes de criticar e denunciar o totalitarismo
através do entendimento não só de narrativas e datas, mas das relações de poder
existentes entre o meio político, social e econômico, formando, assim, uma
consciência histórica.
Tallita Stumpp
Moreira é graduanda em Licenciatura em Letras pela Universidade Estacio de Sá e
em Licenciatura em Biologia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense
através do consórcio CEDERJ. Desenvolve pesquisas acerca da relação entre
narrativas e cientificidade.
ARON, Raymon. As
Etapas do Pensamento Sociológico. 5ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
ATWOOD, Margaret.
O conto da aia. 2ed. São Paulo: Rocco, 2017.
BARROS, José
D’Assunção. Teoria da História: os primeiros paradigmas: positivismo e
historicismo. Petrópolis: Vozes, 2011.
BRADBURY, Ray.
Fahrenheit 451. São Paulo: Globo, 2003.
BRAGA, Antônio
Djalma; LOPES, Luís Fernando. Introdução à Filosofia Antiga. Curitiba:
InterSaberes, 2015.
COMTE, A. Curso
de filosofia positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso preliminar
sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista. São Paulo: Abril
Cultural, 1983.
CANDIDO, Antonio.
Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 5ed. São Paulo:
Editora Nacional, 1976.
DARWIN, Charles.
A origem das espécies. São Paulo: Martin Claret, 2014.
FONTANA, Josep. A
História dos Homens. Bauru: EDUSC, 2004.
HOBSBAWM, Eric.
Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. 2ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
HUXLEY, Aldous.
Admirável mundo novo. 22ed. São Paulo: Globo, 2014.
KERSHAW, Ian.
Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
NEUMANN, Franz.
Estado Democrático e Estado Autoritário. Rio de Janeiro: Zahar, 1969.
O Globo.
Narrativas distópicas viram best seller após eleição de Trump. https://oglobo.globo.com/cultura/livros/narrativas-distopicas-viram-best-seller-apos-eleicao-de-trump-20945259
Acesso em 15/02/2019.
ORWELL, George.
Resenha de Nós. In: ZAMIÁTIN, Ievguêni. Nós. São Paulo: Aleph, 2017,
pp.317-323.
ORWELL, George.
1984. 24ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2000.
RICHARD, Lionel.
A República de Weimar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
ZAMIÁTIN,
Ievguêni. Nós. São Paulo: Aleph, 2017.
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ResponderExcluirOlá, Tallita Stumpp Moreira, você escreveu um excelente texto. De forma sintética você abordou muito bem a literatura distópica e, realmente, penso que este trabalho deveria prosseguir em outros níveis acadêmicos como o mestrado e doutorado. Gostaria de saber, para ter um aprofundamento melhor, em como se constrói a relação distópica com o positivismo, ou seja, há em sua pesquisa um indicativo textual, como entrevistas ou citações diretas, que o Zamiátin, o Huxley ou o Orwell elaboraram suas narrativas contra ou a partir do positivismo?
ResponderExcluirÁlvaro Ribeiro Regiani
Olá, Alvaro! Muito obrigada... Certamente levarei esse tema para estudos posteriores!
ExcluirNão encontrei em minhas pesquisas nenhuma citação direta desses autores ao positivismo, porém a linha utilizada para unir o conceito às narrativas distópicas é a visão positivista estabelecida sobre as ciências em busca de um progresso social, que atua juntamente com os governos totalitários.
Tomando como exemplo o "Nós", de Zamiátin, a figura que estebelece qual será o progresso a ser atingido é o "Estado Único", personificado pela figura de um homem, o "Benfeitor". Através do positivismo científico, os matemáticos da sociedade buscam algoritmos que garantam a felicidade e a ausência de erros que desestruturariam a ordem desejada pelo Estado. Neste sentido, o próprio conceito de felicidade é idealizado pelos governantes.
Há um trecho no livro em que o personagem compara a "sociedade livre" com a selvageria, e declara que a forma lógica estabelicidade pelo Estado é o racionalismo mecânico, o qual nunca poderia estar errado. Ou seja, o positivismo científico no auge do controle da natureza, inclusive da natureza humana.
Esses mesmos aspectos são abordados nas outras obras distópicas citadas, cada qual com sua parábola específica, colocando em evidência os possíveis resultados malevolentes (típicos do próprio genêro) de uma sociedade pautada no extremo positivismo científico, que, consequentemente, cria o ambiente propício para o florescimento do totalitarismo.
Olá Tallita Stumpp Moreira, belo texto. Você pensa ser possível utilizar, em uma forma interdisciplinar, também as narrativas fílmicas para abordar os temas propostos? Em que medida isso poderia ocorrer em um exemplo concreto? Abraços!
ResponderExcluirOlá, Anônimo!
ExcluirCertamente essas narrativas também poderiam ser utilizadas!
Os best-sellers atuais são um grande exemplo disso. Além de serem mais lidos pelos jovens e adolescentes, best-sellers distópicos como "Jogos Vorazes", de Suzanne Collins, tiveram grande repercussão no cinema, que, apesar de ser uma linguagem diferente da utilizada nas literaturas, também pode ser analisada seguindo essa interdisciplinaridade.
A ordem social, por exemplo, é explícita em no filme: em Jogos Vorazes, Panem é uma sociedade divididade em treze distritos, sendo cada distrito responsável por um tipo de trabalho específico, indo da fabricação de artigos de luxo (o mais rico) à exploração de minério (mais pobres), e a Capita que é a sede do governo. Não é permitido transitar entre os distritos, sendo o indivíduo fadado a permanecer no distrito em que nasce.
Por conta de um Rebelião, a Capital criou os Jogos Vorazes como um evento de advertência para os cidadãos de Panem, para lembrá-los de que a Capital
detém o poder e de que a ordem estabelecida por ela é necessária. Assim, todo ano, um casal de jovens de cada distrito é sortead para participar dos Jogos, dos quais apenas um jovem pode sair com vida.
Além deste exemplo, também poderia ser utilizada a série "Black Mirror", da Netflix. Histórias surpreendentes baseadas no exasperado positivismo científico que levou a tecnologia a ocupar espaços na vida e no corpo das pessoas em diferentes sociedades.
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