O
ROMANCE “ÚRSULA” (1859): UMA DENÚNCIA SUTIL DAS RELAÇÕES SENHORIAIS DO SÉCULO
XIX
Introdução
Analisar
uma obra literária em seus mais diversos aspectos é um tarefa árdua, visto que
é necessário observar o que a obra tem a dizer por entre as arestas, é
necessário estudar as camadas da literatura como diz Antonio Candido (2006) em
sua obra “Literatura e sociedade”, é preciso não contentar-se com as primeiras
respostas e primeiras impressões da obra. É necessário que haja um olhar amplo
e crítico do que se lê, para que assim possa se extrair dela o máximo de
detalhes possíveis.
Seguindo
a perspectiva do que pode ser analisado em uma obra literária, Candido (2006)
explica que há uma concepção de que a literatura deve expressar aspectos da
realidade, e que há outra visão oposta na qual a literatura não deve ser um
retrato fidedigno da realidade. Segundo Candido (2006) atualmente a discussão
desses elementos da literatura e sociedade pode ser visualizada da seguinte
maneira:
“Hoje
sabemos que a integridade da obra não permite adotar nenhuma dessas visões
dissociadas; e que só a podemos entender fundindo texto e contexto numa
interpretação dialeticamente íntegra em que tanto o velho ponto de vista que
explicava pelos fatores externos, quanto o outro, norteado pela convicção de
que a estrutura é virtualmente independente, se combinam como momentos necessários
do processo interpretativo. Sabemos, ainda, que o externo (no caso, o social)
importa, não como causa, nem como significado, mas como elemento que desempenha
um certo papel na constituição da estrutura, tornando-se, portanto, interno”.
(CANDIDO, 2006, p.8-9).
Analisando
o pensamento de Candido (2006), é possível concluir que a respeito da obra
literária, que é necessário haver uma reflexão que una essas duas visões. A
externa, que o autor explica sendo como questões sociais e a interna que é como
essas questões se solidificam dentro da literatura. Candido destaca outro ponto
importante que são as camadas que a literatura pode ter, o autor faz esse
exercício crítico para equilibrar análise sociológica e estética em termos de
estudo literários:
“É este,
com efeito, o núcleo do problema, pois quando estamos no terreno da crítica
literária somos levados a analisar a intimidade das obras, e o que interessa é
averiguar que fatores atuam na organização interna, de maneira a constituir uma
estrutura peculiar. Tomando o fator social, procuraríamos determinar se ele
fornece apenas matéria (ambiente, costumes, traços grupais, ideias), que serve
de veículo para conduzir a corrente criadora (nos termos de Lukács, se apenas
possibilita a realização do valor estético); ou se, além disso, é elemento que
atua na constituição do que há de essencial na obra enquanto obra de arte (nos
termos de Lukács, se é determinante do valor estético)”. (CANDIDO, 2006,
p.9-10).
Quanto
mais profunda a análise de uma obra literária, mais sobre ela o pesquisador irá
saber, comparando-se a um poço no qual se
acha que sabe a profundidade, mas quando analisa-se com mais cautela, ele tem
mais metros a serem visualizados.
A obra “Úrsula” (1859):a literatura
como crítica no Brasil Imperial
A
respeito dessa discussão sobre extrair da obra o que ela tem além das respostas
aparentes, podemos destacar o romance “Úrsula”, publicada pela autora maranhense Maria Firmina dos Reis em 1859, porém
é necessário entender quem foi a autora da obra e sua trajetória para que
possamos analisar as claras as obras e seus posicionamentos, para assim
analisar a função social de sua obra. Segundo Candido:
“Considerada
em si, a função social independe da vontade ou da consciência dos autores e
consumidores de literatura. Decorre da própria natureza da obra, da sua
inserção no universo de valores culturais e do seu caráter de expressão,
coroada pela comunicação. Mas quase sempre, tanto os artistas quanto o público
estabelecem certos desígnios conscientes, que passam a formar uma das camadas
de significado da obra. O artista quer atingir determinado fim; o auditor ou
leitor deseja que ele lhe mostre determinado aspecto da realidade”. (CANDIDO,
2006, p.49).
Vale
ressaltar então, que a escritora da obra Maria Firmina dos Reis foi uma
maranhense nascida em 1825 em São Luís, a autora contribuiu nos jornais da
época com o pseudônimo “Uma Maranhense” e também teve uma vida docente bem
ativa em São Luís, morreu em 1917 pobre e cega, porém teve uma enorme
contribuição na literatura brasileira sendo considerada a primeira autora
abolicionista, seu nome por vezes não é mencionado nas obras sobre literatos, o
que deixa transparecer um “esquecimento do seu nome”.
A
investigação da pesquisa se dá na vertente de entender a partir da obra “Úrsula”, as representações da escravidão e a
posição feminina frente a uma sociedade escravista e patriarcal no período
imperial datado de 1822 até 1889. Salientando-se assim o ano de 1859, data de
publicação da obra.
A
narrativa da obra é em primeira analise um simples romance que apenas fala
sobre um amor cheio de desafios entre os jovens Tancredo e Úrsula, porém ao
fazer uma leitura mais detalhada pode-se extrair da obra questões que vão além
de um mero romance, a autora faz uma crítica a sociedade escravocrata na qual
se passa história,) e as relações que
nela existem, a partir da obra de Firmina pode-se entender como se dava a
relação escravo e senhor, e os padrões
de feminilidade a partir das personagens
de sua obra.
A obra
foi encontrada por Horácio de Almeida em uma biblioteca no Rio de Janeiro,
anteriormente “esquecida”, esse esquecimento de Firmina é perceptível dentro da
literatura. Sua Obra “Úrsula” foi o
primeiro romance que tinha um viés abolicionista, a caraterização dos
personagens, foi feita de maneira clássica, divididos entre mocinhos e vilões,
no qual cada personagem tinha seu papel social bem definido na trama, uma das
diferenças da obra é que de maneira sucinta Firmina critica os moldes senhorias
na qual está inserida e faz análise desses atores sociais em sua obra.
O livro “Úrsula”
é dividido em 20 capítulos, sendo composto por 166 páginas. Nesses capítulos a
autora narra o destino de personagens como de Adelaide, Tulio e Luiza B. e o
Comendador, tendo cada personagem que norteia a obra, intitulados em um
capitulo. A narrativa se passa em meio as mazelas da escravidão, trazendo triângulos
amorosos como o do jovem Tancredo ao ver seu primeiro amor, Adelaide, envolvida
com seu próprio pai, depois da morte da sua mãe.
Outro
triângulo amoroso é o vivido pelo também Tancredo e Úrsula e o seu tio
comendador Fernando B. A narrativa, além dos enlaces amorosos, traz como pano
de fundo as tristezas que a escravidão possibilitou aos indivíduos que a viveram.
A análise dessa obra permite visualizarmos assim pelo contexto que está
inserida, as representações da sociedade escravagista. Conhecendo a partir dos
personagens, o modo de vida dessa sociedade e assim compreender como se dá a
relação do negro com o meio social. A partir das narrativas sobre as mulheres
que “Úrsula” traz, é possível problematizar os perfis das personalidades dos
diversos atores sociais, inseridos no contexto do Brasil Império.
Os personagens de Firmina e a
crítica social neles presentes.
O
romance “Úrsula” publicado na metade do século XIX, expõe os ideais e
posicionamentos de Maria Firmina dos Reis que faz críticas sociais importantes
em seu livro, pois o contexto social da época era um Brasil que tinha um poder
econômico abastecido em parte pela escravidão.
A
narrativa de Firmina busca dar voz para aqueles que viveram sob o regime
escravista, tendo o senhor de escravos em sua obra como o centro das relações de
poder da sociedade, destacando-se assim o fato de estarem presentes no livro personagens
cujas ações são de agentes sociais e históricos.
A voz da
personagem “preta Susana”, que a autora evoca é a voz do negro que sofre com as
mazelas da escravidão, o papel de Suzana é o olhar e a crítica da autora para
com o sofrimento dos negros ao serem trazidos para o Brasil, sequestrados da
sua terra natal.
“Meteram-me
a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito
e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta
absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida; passamos nessa sepultura até
que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão fomos
amarrados em pé, e, para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como
os animais ferozes das nossas matas que se levam para o recreio dos potentados
da Europa : davam-nos a água imunda, podre e dada com mesquinhez, a comida má e
ainda mais porca; vimos morrer ao nosso lado muitos companheiros com á falta de
ar, de alimento e de água” (REIS, 2017, p.72)
A denúncia
de Firmina nessa fala por meio do testemunho de Susana salienta como ela e os
demais escravos foram trazidos sequestrados da África para o Brasil. Em
determinado dialogo dentro da sua obra, Firmina abre os olhos e deixa ecoar a voz
de quem foi calado, e expõe o depoimento cheio de horrores Susana mostra aos leitores, as misérias dos
negros que calavam-se e que costumeiramente via esses horrores acontecerem por
serem silenciados pela opressão.
Discutindo
essa ideia de escravidão, Jaime Pinsky, no livro a “Escravidão no Brasil” define
a Escravidão como:
“A
escravidão se caracteriza por sujeitar um homem ao outro de formas completa: Os
escravos não é apenas propriedade do senhor, mas também sua vontade está
sujeita à autoridade do dono do seu trabalho pode ser obtido até pela força”.
(PINSKY,2012)
A
escravidão como explica Pinsky, é a forma como o indivíduo utiliza sua vontade
sob o outro; a escravidão é a forma de usar o outro como propriedade humana, como
eram usados os personagens de Firmina em sua obra. “Tão comum a ideia da
existência do escravo na Antiguidade clássica que Aristóteles, o filosofo grego
costumava dizer que o escravo, por natureza, não pertencia a si mesmo, mas a
outra pessoa. (PINSKY,2012).
Pinsky
(2012), explica que essa legitimidade da escravidão não está ligada a
naturalidade, mas sim pela condição histórica que cada indivíduo que ocupa, nos
mais diferentes momentos históricos, e não pela naturalidade da escravo, a
escravidão está ligada a condição do indivíduo, o lugar que ele ocupa dentro da
sociedade, assim conclui-se com a ideia de Pinsky que o indivíduo não é escravo
por natureza e sim feito de escravo pelo sistema no qual está inserido, seja
escravo de guerra, ou pela cor de pele.
Ao falar
sobre o escravo negro, Pinsky (2012) aponta o aspecto de autoridade que a
escravidão revela, visto que o autor aborda como os negros eram trazidos para o
Brasil contra sua vontade, explicando que essa forma de chegada dos negros
contra sua vontade já implica no autoritarismo do sistema escravista.
“Nada
mais equívoco do que dizer que o negro veio para o Brasil. Ele foi trazido.
Essa distinção não é acadêmica, mas dolorosamente real e só a partir dela é que
se pode tentar estabelecer o caráter que o escravismo tomou aqui: vir pode
ocorrer a partir de uma decisão própria, como fruto de opções postas a disposição
do imigrante. Ser trazido é algo passivo como próprio tempo do verbo- e implica
fazer algo contra e a despeito de sua vontade. (PINSKY, 2012)
Pinsky
(2012) explica que essa presença do negro no Brasil de maneira forçada, esteve
relacionada a ausência de força braçal nas lavouras brasileiras, essa falta de
pessoas foi um grande incentivo para a vinda do negro para compor a ocupação de
força braçal. Debate ainda que dentro da própria organização da lavoura se
tinha outras atividades, por isso a necessidade de varia pessoas para ocupar
essas atividades.
A narrativa de Firmina como quebra
aos silêncios da escravidão e a união entre História e Literatura
Uma das
vozes trazidas por Firmina é a do Jovem Tulio que foi um escravo na fazenda que
pertencia a Luiza B., mãe
de Úrsula, e vivia sob os comandos de suas senhoras, depois de ser resgatado e
ter a “liberdade” cedida e comprada por Tancredo, Tulio serve a Tancredo por gratidão.
Nessa ideia de gratidão, Firmina traz a falsa ideia de liberdade que Tulio tem.
Tulio segundo Susana não conhecia o que era liberdade porque não gozou da
mesma.
A
respeito dessa ideia de liberdade destaca-se a tese de Chalhoub, bem como a
ideia de coisificação do negro, outro ponto que Maria Firmina traz sobre Tulio
é que este não se deixou endurecer pela escravidão, visto que esse salvou o
jovem Tancredo. “E o misero sofria; porque era escravo, e a escravidão não lhe
embrutecera a alma, porque os sentimentos generosos, que Deus lhe implantou no
coração, permaneciam intactos, e puros como sua alma” (REIS, 2017, p.8)
O ponto
a ser destacado na obra de Chalhoub é o debate que o autor traz sobre a
coisificação do negro, o negro como objeto, como um ser inumano, com ideias não
mais dele e sim de seus senhores. A coisificação do negro, segundo Chalhoub
(1989), diz muito sobre o cotidiano do negro e suas relações. De acordo com o
autor:
A
constatação da violência na escravidão é um ponto de partida importante, mas a
crença que essa constatação é tudo que importa saber e comprovar sobre o
assunto acabou gerando seus próprios mitos e imobilismo na produção
historiográfica. Podemos, por exemplo, fazer uma breve história de um dos mitos
mais celebres da historiografia: a coisificação do negro”. (CHALHOUB, 1989,
p.41).
A ideia
de coisificação do negro, para o autor, é bem mais abrangente porque vai além
de um aspecto legal, vai ao ponto da coisificação do negro se estender a suas
experiências. Porém, Chalhoub (1989) não concorda com a ideia de que o próprio
negro trazia para si essa ideia de inferioridade, o sentido de coisa para si
mesmo. O autor esclarece que os escravos produziam seus próprios valores e não
assimilavam essa ideia de coisa que era atribuída a eles.
Para
explicar essa ideia, traz a história de alguns negros que se encontravam em uma
loja de comissões onde aguardavam para ser vendidos. Dentro da loja eles
atacaram o dono chamado Veludo, o motivo do ataque foi diverso. Sendo algumas
justificativas, os maus tratos que os negros sofriam, a rigidez com o que
Veludo os tratava, e porque não queriam ser vendidos para uma fazenda de café. “Os
negros, portanto oscilavam entre a passividade e a rebeldia, sendo que os atos
inconformados eram a única forma dos escravos negarem sua coisificação social e
afirmarem sua dignidade humana”. (CHALHOUB, 2008, p. 50-51).
O negro
como demonstra o autor tinha sua forma de pensar, a rebeldia é uma forma de se
rebelar contra essa posição que os colocaram, o autor destaca como o negro se
comportava ao ser tratado como objeto de venda e troca. A ideia de liberdade trabalhada por Chalhoub
(1989) é a que os negros continuavam presos a seus donos apesar de já serem
libertos no papel, Aqui percebe-se que a liberdade para o escravo, não
modificava seus status.
“A
liberdade pode ter representado para os escravos, em primeiro lugar, a
esperança de autonomia de movimento e de maior segurança na constituição das
relações afetivas. Não a liberdade de ir e vir de acordo com a oferta de
empregos e o valor dos salários, porém a possibilidade de escolher não servir a
ninguém” (CHALHOUB, 1989, p.110).
Na obra
de Firmina, nota-se então uma crítica ao sistema escravista que só atinge os
negros perpetuando uma vida inglória e cheia de desgraças. A autora expõe ainda
a problemática da falsa liberdade, demonstrando que a vida dos negros era
extremamente condicionada ao sistema escravista vigente e que cabia aos negros
adaptarem-se a essas mazelas sociais para conquistarem sua sobrevivência.
Na
narrativa de “Úrsula”, encontramos assim um diálogo entre literatura e
história, onde o romance ambientado no sistema escravista do Brasil Imperial
revela várias possibilidades de estudos a respeito desta triste realidade
social que durante muito tempo condenou diversos seres humanos ao sofrimento e
até mesmo a morte. A obra de Firmina apesar de ficcional, se mostra um
verdadeiro testemunho histórico, servindo assim como um relato vivo da
resistência ao domínio da escravidão.
Considerações Finais
Ao
tentarmos entender as relações escravistas a partir do olhar de Maria Firmina
dos Reis, uma negra que vivia sob o status de parda, e que viu as mazelas da
escravidão de perto, é necessário entender que seu romance “Úrsula” é muito mais que uma critica a
sociedade escravocrata maranhense no
qual a autora viveu, mas sim uma crítica a todo o regime senhorial e escravista
no Brasil império.
Falar
sobre escravidão é uma preocupação frequente na historiografia brasileira,
visto que a sociedade brasileira ainda vela um certo resquício de escravidão
entranhada nas relações modernas, por isso a abordagem literária torna-se
também importante para historiadores ao se buscar possibilidades de estudo
sobre a escravidão nas mais diferentes vertentes.
Sendo isto
importante e preciso, para que haja resistência contra o racismo e preconceitos
contínuos na sociedade contemporânea. Logo, falar sobre as representações da
escravidão sob o olhar de Maria Firmina busca entender como a autora
interpretou seu contexto social, expresso no romance “Úrsula” (1859) - obra de crítica
ferrenha a sociedade imperial.
Sendo
importante assim na operação historiográfica, analisar essa crítica que parte
da literatura para investigar essas relações sociais e culturais da segunda
metade do século XIX. Desse modo, “Úrsula” é um romance que merece ser
debatido, ressaltando as vozes negras presentes na obra, já que visão de vida
de Firmina em relação a escravidão influencia na sua escrita, sendo que o lugar
social ocupado pela autora influencia na construção da sua narrativa literária,
e que expressa sua maneira de pensar e posições frente as mazelas sociais que a
rodeiam.
Referências
Janaina
Mendes da Silva é
graduanda em Licenciatura Plena em História pela Universidade de Pernambuco-
UPE (Campus Petrolina). Orientador: Prof.Dr. Joachin de Melo Azevedo
Fonte:
REIS, Maria
Firmina. Úrsula. Jundiaí: Coleção Acervo
Brasileiro, 2017.
CANDIDO,
Antonio. Literatura e Sociedade. Rio
de Janeiro: ouro sobre azul, 2006.
CHALHOUB,
Sidney. Visões de Liberdade, 1989
Tese (Doutorado). Campinas,1989.
PINSKY,Jaime.
A Escravidão no Brasil, São Paulo:
contexto, 2010.
Trabalho muito interessante. O tratamento desse assunto neste livro é algo isolado ou é um tema importante dentro do conjunto da obra da autora? Estudar a obra de uma autora daquele período não te levou a um questionamento a respeito da questão da presença feminina dentro da História da Literatura brasileira?
ResponderExcluirAtt.
Rodrigo Conçole Lage
ExcluirOlá Rodrigo, grata por ter lido. Bom, a Escravidão é um tema frequente nas narrativas de Maria Firmina dos Reis. A obra Úrsula no qual o texto faz menção e que é tema central de análise, não é um caso isolado dessa temática nas escritas da autora, outro texto bastante interessante sobre o assunto se chama A Escrava, no qual trabalha também com escravidão. Contudo a escravidão é um dos pontos importantes para a construção de obras da autora, não sendo um caso isolado de temática na obra Úrsula, porém é necessário destacar que ela tem outras abordagens no que diz respeito as outras obras. Sobre a segunda dúvida, é preciso dizer que sim, pesquisar essa obra datada no meio do século XIX, me fez refletir a respeito da presença feminina na literatura, é importante dizer que Maria Firmina dos Reis é uma autora que não tem muita visibilidade apesar da importância histórica de suas obras, trabalhar com uma obra de autoria feminina me abriu olhares para outros questionamentos que pretendo ampliar posteriormente, tendo em vista que a posição feminina na literatura na metade do século XIX, é até então pouco vista e pouco valorizada dentro da sociedade, é notado que os moldes da sociedade se baseava em uma estrutura patriarcal que direcionava a mulher para bem distante da produção literária, fazendo muitas vezes que suas ideias e escritas fossem algo desvalorizados, Firmina em sua obra destaca isso no prólogo , ao dizer que sua obra pode não ter valor para alguns, pois é escrito por uma mulher, tomando como base esse pensamento de Firmina percebe-se como ela não se sentia valorizada enquanto mulher escritora em plena metade do século XIX, e a consciência de que sua obra não fosse valorizada por ser mulher, não pela narrativa da sua produção literária, mostrando assim como poderia se da a presença feminina na literatura, algo como fora dos padrões patriarcais para as mulheres.
Rodrigo, espero ter respondido com êxito seus questionamentos, mas se por ventura ainda persistirem duvidas, estarei à disposição para responde-lo.
Atenciosamente, Janaina Mendes da Silva.
Olá janaina , seu tema é muito interessante.
ResponderExcluirA pergunta é : O que torna esse trabalho uma análise histórica e não uma crítica literário do livro Úrsula?
parabéns pelo trabalho .
Jacqueline Ferreira Dias
Olá Jacqueline, grata por ter lido. Bom, o que torna meu trabalho uma análise histórica é a forma como a pesquisa está sendo conduzida, de modo que seu foco não é uma descrição da obra e sim uma análise das representações afim de compreender como se dava as relações senhoriais, de forma que a obra tem um caráter de apoio para o estudo do tema que esta sendo probelmatizada.
ExcluirAtenciosamente, Janaina Mendes da Silva.
Olá Janaina!
ResponderExcluirMuito interessante seu texto! Parabéns!
Construir uma análise de uma obra literária é trabalho verdadeiramente árduo, principalmente, quando se trata de um fato histórico como a escravidão.
Em determinado momento no texto, você cita " a partir da obra de Firmina pode-se entender como se dava a relação escravo e senhor, e os padrões de feminilidade a partir das personagens de sua obra." Apesar de não ser o foco de sua análise, de que forma nos personagens da obra se explícita esses "PADRÕES DE FEMINILIDADE"? E a partir de qual conceito você faz a afirmação da existência desses padrões na obra?
Maria Elzita Alves Aragão
Olá, Maria Elzita. Fico grata por ter lido e principalmente por fazer apontamentos importantes na minha pesquisa, seus apontamentos me geraram reflexões importantes que com toda certeza somaram na escrita da minha pesquisa. Vamos lá, quando falo dos padrões de feminilidade me refiro a algumas representações de mulheres que a obra de Firmina cita, como por exemplo a preta Susana uma negra que vivia as mazelas da escravidão, vivendo seus dias amargurada pela saudade de sua terra natal, Úrsula uma jovem que vive sob a tutela da mãe Luiza B. , sendo que as duas sofrem fortemente com a pressão masculina no que diz respeito a escolha do seu futuro e a jovem a Adelaide que não tem tanta condição financeira e acaba se casando com o pai do seu amado, ainda há a mãe de Tancredo que é uma típica esposa do século XIX, no qual suas vontades são tuteladas pelo esposo. Quando me refiro a esse conceito, me baseio na presença dessas mulheres no cotidiano no qual Maria Firmina estava inserido Maranhão do século XIX. Quando me refiro a padrões digo que há nas mulheres que Firmina, um pouco das mulheres que viviam na sociedade no qual ela estava inserida e que viviam dentro da sua contemporaneidade. Por fim, agradeço imensamente seus apontamentos como já frisei anteriormente.
ExcluirJanaina Mendes da Silva
Olá, seu trabalho é muito interessante. No que diz respeito as relações sociais e culturais tratados pela obra "Úrsula", no qual você com sua escrita nos apresenta mais possibilidades de questionamentos sobre determinado período. No entanto, me chamou atenção quando você diz:
ResponderExcluir"Maria Firmina dos Reis, uma negra que vivia sob o status de parda, e que viu as mazelas da escravidão de perto [...]". Logo depois você diz "já que visão de vida de Firmina em relação a escravidão influencia na sua escrita". Com isso, destacando o termo "parda" queria que você me dissesse até onde isso influencia na escrita de Maria Firmina?
Danslei Miranda dos Santos.