Libiane Karina Orth


O JORNAL COMO FONTE: PERSPECTIVAS SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA, COTIDIANO ESCOLAR E NOVAS METODOLOGIAS A PARTIR DO CONTATO INICIAL COM A DOCÊNCIA


As práticas das aulas de estágios que compreendem a grade curricular do curso de Licenciatura em História da Universidade Estadual do Paraná UNESPAR - Campus de União da Vitória proporcionaram o desenvolvimento de uma aprendizagem inicial de contato e interação com o cotidiano escolar na Cidade de Porto União especificamente na Escola de Educação Básica Antônio Gonzaga no ano letivo de 2018. Nesse sentido, torna-se fundamental expor a experiência a fim de relacionar as perspectivas que como acadêmica trazia na bagagem frente à realidade do enfrentamento diário de criação e confronto de ideias e novas possibilidades de ensino neste primeiro momento em que obtive real contato com a profissão.

PERÍODO DE OBSERVAÇÃO
As observações com o 3º ano do Ensino Médio foram bem esclarecedoras ao final da prática das aulas na aplicação do estágio. Os alunos estão acostumados com um grande contingente teórico, não havia segundo os alunos e o próprio professor aulas com produções realizadas pelos próprios alunos em sala de aula, como propostas em meu plano de aula. São de acordo com a forma escolhida pelo professor regente, aula expositiva e trabalhos escritos.

Foi perceptível o interesse de alguns alunos, especificamente os que se sentam na frente. Alunos destaque, melhores notas, atentos, trabalhos entregues em dia. Porém, ao conversar com os alunos que se sentam ao fundo, percebi que são os aparentemente mais cansados, que trabalham durante o dia ou que praticam esportes como pretensão de ofício no futuro, e visivelmente exaustos, frequentam as aulas matinais. A realidade de uma juventude que trava diariamente uma luta com o seu futuro nos estudos e a sobrevivência digna a partir dos ofícios necessários para a manutenção familiar.

A presença de segundos professores para auxiliar alunos com dificuldades ou deficiências na sala de aula é bem comum quase em todos os anos do ensino fundamental e médio na escola. Nesta classe em questão, o aluno que estava acompanhado interagia, mas não copiava a matéria, ela é anotada pela professora auxiliar e ele presta a atenção na aula expositiva, responde a estímulos e provocações, e gosta de participar ativamente com comentários e exemplificações próximas da sua realidade.

PERÍODO DE REGÊNCIA
O desenvolvimento das aulas aplicadas na sequência com essa turma seguiu o modelo expositivo e dinâmico, perguntando sobre o conteúdo anterior, a República Velha e o contexto social e político brasileiro. Surpreendi ao ver dinamismo e interesse político, o qual se deve provavelmente ao atual cenário brasileiro de eleições. Percebi de alguns alunos apreensão com a proximidade das provas de Enem e vestibulares. A aula inicial foi espetacular com relação à resposta obtida dos alunos, e as que se seguiram na explicação da matéria também. Quando me refiro desta forma, é porque percebi visivelmente que os alunos estavam estimulados.

A proposta foi a utilização do jornal como fonte e ela vem da minha pesquisa de monografia na universidade, se deve essencialmente pelo resultado empregado no desenvolvimento do conhecimento. A proposta foi a criação de um jornal com nome e com notícias relacionadas ao tema estudado, respeitando a cronologia e a posição de um escritor jornalístico e sua forma de narrativa. De modo que esta aula teve um ganho coletivo de interação e confiança, estímulo e novas perspectivas, um dos propósitos era alcançar o aluno em sua totalidade sempre que possível. Trazer para a sala de aula novos materiais e analisá-los foi de ganho coletivo e chamou muito a atenção tanto a escrita do período como as charges, propagandas, notícias e o tema estudado na forma como era exposto em tempo real de seus acontecimentos.

Mas... Nem tudo são flores. No dia da apresentação deste trabalho que foi organizado, os alunos deveriam trazer o material pronto que foi previamente entregue a eles (folhas envelhecidas, cartazes, jornais do período getulista em tamanho real e músicas), o que não ocorreu de forma geral. Alguns alunos terminaram durante a aula, e fizeram uma junção de informações que não seguiam corretamente os fatos históricos, e também uma leitura dificultosa durante as falas. Houve apresentação de música utilizando instrumento, e de maneira geral as apresentações seguiram um ritmo mais apurado, pois na sequência aplicaria uma prova, sendo aulas conjugadas o tempo para a execução estaria ajustado.

Momentos antes da aplicação da prova, o professor da disciplina de História desta turma informou que a mesma aparentava saber o conteúdo, mas sem consulta não desenvolveriam nada por escrito. Ele instruiu, para que não houvesse “decepção”, que eu aplicasse a prova com acesso aos materiais que eles tinham disponíveis. Os alunos sentam normalmente juntos e trocam informações, questionei alguns alunos estarem copiando uns dos outros durante a prova, e ainda o fato de não terem em seus cadernos anotações ou o conteúdo que foi passado no quadro, percebi a circulação de anotações de um aluno por toda a sala. Mas a certa altura tudo estava claro, não havia o hábito de provas no modelo que eu aplicara. O que durante as observações não foi verificado ou mencionado.

A incidência de respostas iguais foi grande. Procurei colocar o tema no quadro em tópicos para facilitar a linha de pensamento durante as aulas anteriores, e instruí que escrevessem no caderno sobre o que eu explicava, conforme fazemos na graduação, deste modo faz pensar no uso da aprendizagem prática do currículo para o ambiente escolar e sua adaptação. Mas este método não funcionou. Eles interagiam e gostavam do assunto, demonstraram interesse no decorrer das aulas, mas poucos eu notei realmente registrarem no caderno as discussões travadas em sala de aula, cerca de quatro alunos fizeram pesquisa voluntariamente e trouxeram questões pedindo explicação, confundiram muito primeiro período de governo Vargas com o segundo de seu suicídio. O método de pesquisa verificado nesta turma foi a internet, em sua maioria sites e vídeos populares sobre o assunto. Apenas um dos alunos que se preparava para o vestibular justamente para vaga em Licenciatura em História, é que trazia consigo livros preparatórios sobre a História do Brasil.

São deste modo características de muitos nesta turma: não dinamizarem outros meios de consciência histórica, que segundo Rüsen é “(...) a suma das operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência da evolução temporal de seu mundo e de si mesmos, de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo” (RÜSEN, 2010, p. 57), relativas ao seu cotidiano de forma pratica pelas aulas serem de cunho mais teórico e preparatório no último ano; uma grande parte dos alunos trabalha e demonstram cansaço físico; pensando essa característica, sobra pouco tempo para pesquisa extraclasse; poucos se manifestaram quanto à intenção de curso superior; estão acostumados a reproduzir através de provas com consulta o conteúdo, a reflexão que o professor almeja ocorre pelos mesmos poucos alunos interessados e mais dedicados.

Não há deste modo, como sugerir que determinados alunos se dedicam mais do que outros se temos discrepâncias no tempo e material de acesso para desenvolvimento das atividades. Mas o espanto se dá pela dificuldade em interpretação, o “copia e cola” dos alunos aparentemente, se tornou natural diante das provas lidas após a avaliação.
Um dos alunos, João (nome ficcional), faltou em todas as aulas, o reconheci no mercado do mesmo bairro que estuda. Fui até ele e o avisei do trabalho e da prova, ele pediu para eu dar um tema para ele fazer, mostrou interesse. Mas no dia apenas juntou-se a outro grupo e falou informações distorcidas e repetitivas com dificuldade de fazer links entre os fatos e a temporalidade. Na prova, esse aluno tinha todas as questões respondidas, mais do que outros alunos que vieram nas aulas. Porém, as respostas não tinham nada haver com a matéria, nem nexo com assuntos ligados ao tema trabalhado, falou sobre inflação, o que era ruim naquele período e terminou com frases como “acho que é isso aí, não sei, desculpa professora”.

Ao final desta prova a questão era livre, dissertar sobre o que achou sobre o período Varguista de 1930-1945, se foi bom ou ruim e justificar a resposta. Este mesmo aluno, João, surpreendeu pela sua visão de mundo. Ele diz entender sobre como a censura era ruim, a repressão e o sentimento das pessoas. Ele descreveu: “parecia que as pessoas estavam em quartos escuros e sem janelas”, ou seja, sem perspectiva. Olhar para o que o aluno em questão quis expressar revela que a consciência histórica desenvolvida por ele o tornou mais próximo dos atores da nossa história. Entendemos a importância do passado nas atitudes presentes, e as modificamos de acordo com nosso aprendizado. Ao ler sobre o assunto proposto por mim, a DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) responsável pela censura no Governo Vargas, ele percebeu e se identificou com o tema. Sua nota não foi das melhores. Mas fiz questão de ressaltar que o avaliei a partir da melhor resposta que poderia desenvolver, dei-lhe os parabéns, e apesar de não absorver questões que julguei importante, ele surpreendeu pela clareza e profundidade das palavras. Fiquei neste momento, satisfeita.

DA TEORIA À PRÁTICA
Um apontamento é importante a partir das discussões de Peter Seixas acerca do significado atribuído pelos jovens sobre acontecimentos do passado, o que podem vir a auxiliar os professores nas formas de compreensão da aprendizagem. Esse olhar para o passado com consciência do que é vivenciar tal situação no presente fornece uma perspectiva, não dá ao aluno e nem a ninguém uma experiência palpável. Mas na escrita do aluno João, percebi um sentimentalismo, ou mesmo uma carga de leitura provocante (SCHMIDT; BARCA; SILVA; PEGORARO. 2018).
A compreensão do passado une o passado ao presente, de um modo a nos preparar um confronto com o futuro, e contribui para a formação da  “consciência histórica”. De maneira geral, essa era a intenção com a turma do 3º ano, objetivo parcialmente atingido. Tive apresentações e provas muito boas, dedicação e debates que suscitaram várias vezes temas e vivências políticas atuais. Isso quer dizer uma inter-relação com fatos históricos e experiências cotidianas, o resultado desse confronto é proporcionar no aluno o senso crítico.

Quando refleti sobre os alunos que minhas aulas não atingiram como o previsto, percebi que não há uma solução para os instrumentos e práticas metodológicas, apenas reflexão e aperfeiçoamento das aplicações cotidianas na escola de acordo com cada turma. Visto que demanda dos dois lados, professor e aluno, mas com raízes mais profundas, a família, a estrutura social e física da escola. É imprescindível vincular as responsabilidades, e formar a partir delas um diálogo que procure orientar o aluno e o professor por um caminho mais eficaz dentro da educação.

Segundo Teresa Cristina Rego, Vygotsky aborda a cerca das generalizações e abstrações dos alunos que expandem o seu conhecimento e modificam as relações cognitivas com o mundo. Em outro pensamento do autor apoio a questão de evasão escolar já citada no início do presente trabalho. Ao tratar do impedimento da apropriação do saber sistematizado, considero importante salientar o abandono da escola por parte dos alunos a partir de fatores relevantes como a necessidade do trabalho, drogas e violência sexual familiar, problemas com quais tive contato indireto dentro da escola (REGO, 1999).

Existe uma consciência por parte da escola das dificuldades e mazelas dos seus alunos, e na medida do que se pode auxiliar junto aos corpos responsáveis, isto é feito. Mas nem sempre se mostra uma medida efetiva, na convivência com demais funcionários fiquei a par de situações bem complicadas, senti falta de um psicólogo para os alunos e seus pais, professores e demais funcionários. O acesso ao conhecimento não depende apenas da frequência escolar, são indivíduos que se complementam e juntos constroem um saber, a partir das dificuldades vivenciadas no âmbito escolar e familiar. O que vai de encontro com o papel do outro na construção desse conhecimento.

O que me surpreendeu ao fim da aplicação das aulas do meu estágio, foi a utilização do material de apoio para a prova. Com o modelo de trabalho com consulta e provas individuais sem consulta realizei atividades com o 6º ano do Ensino Fundamental na mesma escola. Eles se saíram muito bem, e problematizaram algumas questões com maior facilidade. O que mostra que a forma com que os professores moldam o modelo pedagógico acostuma os seus alunos a um modelo de aprendizado, eles já estavam acostumados a esse ritmo segundo o professor. E ao transpor tais métodos como eu fiz com o 3º ano, constatei dificuldades no momento da avaliação. Eles esperavam conteúdos esmiuçados no quadro e cobranças a cerca do que estava ali e somente. Quando eu esperava ver reflexões sobre o que discutimos oralmente durante as aulas e que deveriam estar anotadas no caderno.

Segundo Pedro Demo (2009) um problema a ser discutido é o instrucionismo, a reprodução da matéria sem reflexão, o que me deparei na correção das provas. A ausência de escolha e autonomia revela uma mecanização do aluno priorizando a conclusão e não o caminho trilhado que traz reflexão. Pensando o mundo moderno como se apresenta, em demandas profissionais e de exigências inovadoras, aquele que preparamos para o mercado de trabalho deve ser capaz e refletir e socializar em termos intelectuais e práticos. Uma parcela do compromisso com essa formação é dos professores, no entanto a descoberta das necessidades carece da conciliação entre a escola, alunos, professores e novamente família e sociedade.

A construção de sentido histórico propõe a elaboração de habilidades e competências para o mundo de trabalho e relações sociais, ou seja, de nada adianta uma mecanização da reprodução de conteúdos históricos e embasamentos teóricos se não colaborarem para o autoconhecimento e para dar continuidade ao aprendizado ao longo da vida.
A educação deve auxiliar na formulação de novas hipóteses, na tomada de decisões ou mesmo a trilhar novos caminhos. De modo que como docentes focamos no desenvolvimento humano pessoal coletivamente, o que acarretará em longo prazo mudanças, e em curto prazo afeta nosso círculo de convívio através de nossas escolhas. A construção da identidade e percepção de liberdade é que dá ao aluno a autonomia e capacidade reflexiva (MORAES, 1997. P. 209).

No confronto predominantemente negativo com as avaliações, percebi o que já tinha sido alertada que não alcançamos a totalidade dos alunos, e isso é um fato. Nem posso dizer ao certo, pelos meios como realizei a prova se aqueles que foram bem refletem a expressão da verdade ou da cópia aleatória de informações contidas nas provas alheias.
De acordo com Luckesi (2011), este método moderno consciente e automático “colar” é justificado a partir do resultado satisfatório que proporciona. Se o professor não vê e não sabe, então o meio está válido para atingir o objetivo. Ele justifica esse método a partir da reflexão de Karl Marx quando trata de explicar a mais-valia no sistema capitalista, daquele excedente lucrativo na ausência pagamento justo pelo produzido “equivale a parte não paga do trabalho...” (LUCKESI, 2011. p.412).

Mas não posso justificar somente deste modo, como o costume daquela sala em específico revela o sistema de sabotagem do conhecimento. Essa é uma das teorias que permeiam os porquês das fissuras na educação. Luckesi de igual maneira sugere a falha profissional e física estrutural pelos meios e instrumentos que utilizamos, nem todos os planejamentos saíram como previamente pensados, este é o ponto. A prática dos componentes curriculares não é a obra prima que pintamos no plano de aula.

Deste modo, o autor sugere algo que tomei por disciplina particular e irei aplicar novamente. Pois aprendemos com os erros e levamos a intenção do acerto para o cotidiano, iremos novamente trilhar ensinando outros indivíduos. É a educação da “ética saudável”, aquela que vai ajudar o aluno a tornar-se um indivíduo melhor, não enganar a si e aos outros. Isso deve ocorrer sem repreender, do contrário levaria o aluno a exercer um mecanismo de defesa. É necessário que o aluno aprenda o conteúdo, mas de extrema importância que quando isso não ocorrer o professor saiba através do reflexo da avaliação, e modifique a metodologia de acordo com as necessidades e limitações, alcançando um resultado que beneficie os discentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aproximação do estudante com a prática da docência é um período de adaptação e reconhecimento. É conhecer sobre si e sobre o local em que estaremos durante boa parte de nossas vidas ensinando. É um grande desafio que testa nossas habilidades e competências. Em toda a sua complexidade, revela-se que somos indivíduos em eterna formação o que exige constante inovação, portanto um compromisso particular do professor por ele mesmo e pelos seus alunos.

Nenhum dos percalços do ensino que escolhi para delinear meus pensamentos neste trabalho podem levar o professor a desmotivar, mas sim sugerir oportunidades de criação utilizando velhos métodos e adaptando os novos a realidade da sala de aula. Ser capaz de compreender e modificar as práticas quando elas não alcançam os seus objetivos, é aperfeiçoar os meios que escolhemos para lecionar e torná-los melhores. Quem pensa que a receita está dada, se engana. A posição que o professor ocupa é um campo minado e constantemente bombardeado, o preparo é e deve ser constante, portanto essa análise é para pensar a educação não apenas em seu conteúdo. Vamos para a sala com muito para contar e mostrar. Mas quando? Com que recursos? Para quê e a quem? São perguntas que teremos que nos fazer todos os dias.

REFERÊNCIAS
Libiane Karina Orth é acadêmica do Curso de Licenciatura em História na Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR Campus de União da Vitória.

DEMO, Pedro. Aprendizagens e Novas Tecnologias. Revista Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Educação Física – ISSN 2175-8093 – Vol. 1, n. 1, p.53-75, Agosto/2009

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem: componente do ato pedagógico. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.

MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. 9ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1997

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: Uma perspectiva Histórico-Cultural da Educação. Petrópolis: Editora Vozes,1999.

RÜSEN, Jörn. Razão histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. 1ª reimpressão. Brasília: Editora UNB, 2010.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora. BARCA, Isabel. SILVA, Gomes da. PEGORARO, Vaneska. Aprendizagem Histórica: Catálogo Seletivo de Teses e Dissertações Brasileiras e Portuguesas. Curitiba: W.A. Editores, 2018. Pg. 09-14.


13 comentários:

  1. Parabéns pelo belo texto e pela experiência docente, pois o que você passou na referida escola, irá passar muitas outras vezes, já que o maior desafio dos professores na atualidade é ensinar para quem não quer aprender. Na sua opinião, onde você errou e o que deveria ter feito que não fez e o que fez, que não deveria ter feito?

    Aristides Leo Pardo

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    1. Aristides muito grata pelo comentário.
      Com a diminuição das aulas de história, conteúdos mais complexos que dependem de revisão de conceitos e provocam alunos para o debate demandam planos de aula mais extensos. Errei exatamente em utilizar a aula expositiva como método inicial juntamente com passar a matéria densa no quadro. As aulas foram ótimas no sentido dinâmico e participativo, porém vencer o conteúdo tornou-se uma dificuldade.
      Neste sentido, te respondendo... Com pouco tempo em sala de aula o livro didático é essencial, ele poupa em certa medida esse tempo em que o professor poderá sanar as dúvidas dos alunos baseadas já em leituras solicitadas. Em um cotidiano que ultrapassa a minha primeira experiência, esquematizar o tempo de produtividade do professor na sala de aula onde se faz necessária a aula expositiva e produtiva (pensando o aluno como produtor do seu conhecimento nas atividades avaliativas) hoje com tantos cortes é necessário.
      Quanto aos alunos que se fazem apenas presentes, destes acredito que uma maior provocação nas aulas poderia estimula-los a pesquisar para responder e participar. Mas isso demanda conhecê-los, e tive muito pouco tempo. O estagio supervisionado é um mundo novo, um laboratório, é maravilhoso pra quem se descobre nele.

      Agradeço seu interesse, espero ter correspondido a altura.

      Att.

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  2. Talvez seja uma boa pensar na perspectiva de uma avaliação mais formativa, de acompanhamento dos discentes, e a partir daí saber estimular, perceber as dificuldades, e assim construir junto o conhecimento.


    Rodrigo de Souza Pain e Walace Ferreira.

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    1. Rodrigo e Walace
      Obrigada pela sugestão.

      Esse artigo foi baseado em um estágio supervisionado, e apenas neste curto período de 8 aulas com a turma muitos questionamentos surgem como este que propôs pensando em sanar dificuldades. E sim, é exatamente isso que o corpo pedagógico juntamente com o interesse dos discentes em construir um diálogo que
      possa problematizar as necessidades dos docentes é que o espaço escolar realiza o seu papel de inclusão e educação.
      Cada aluno deve ser avaliado de acordo com suas necessidades, e frente a discussões de erros e acertos construímos juntos meios de aperfeiçoamento do nosso trabalho

      Muito grata.
      Att.

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  3. Olá, ótimo texto!
    Minha pergunta refere-se a polarização política que encontramos no nosso país nos dias atuais e seus desdobramentos dentro do ambiente escolar. Como voce acha que os educadores precisam agir frente a esse cenário político? Que posicionamentos devemos ter quando somos questionados sobre nossas aptidões políticas?
    Grande abraço!

    Aquilles Trindade

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  4. Aquilles, agradeço a pergunta.

    A polarização infelizmente é uma consequência do desconhecimento da história brasileira, como se tivéssemos duas escolhas, uma ruim e outra boa dependendo sempre da ótica oposta e da melhor campanha eleitoral.
    Em meio a esse empasse, a educação é sucateada e seus índices baixam, as expectativas diminuem e surgem de lá e de cá supostos cortes e privatizações. A educação é a base da formação do futuro do país, nao precisamos apenas de mãos para trabalhar mas de pensadores, historiadores, políticos conscientes, seres pensantes que estruturem o conhecimento com base na historiografia e não no que ouvem em discursos e na TV.
    Sobre aptidões,conhece um pouco sobre política aquele que lê as várias versões da antiguidade à ontem, e se propõem a discuti-las. O lado do professor, Aquilles está sempre naquele que fortalece a educação e os direitos humanos. Somos julgados por isso? Acho digno até.

    Agradeço amigo, abraços.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Muito bacana seu texto! Me surpreendi com o seu olhar de empatia perante esses alunos com dificuldades, pois muitas vezes os professores no seu dia a dia estão muitas vezes focados em tentar fazer com que os alunos vençam os conteúdos da grade curricular e acabam que não conseguem perceber que o cotidiano ao redor do seu aluno é diferente pra cada um e que cada pessoa naquela sala tem um ritmo, acaba querendo que todos os alunos o acompanhem, no seu caso alunos cansados por que trabalhavam no contra turno e que muitas vezes dependem desse trabalho pra ajudar as despesas familiares, e pro aluno que muitas vezes tenta mais não consegue seguir esse ritmo deve ser gratificante ter um(a) professor(a) que o veja, compreenda e entenda suas limitações. Parabéns!
    Débora do Rocio Pacheco da Silva

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  7. Débora Pacheco, obrigada pelo seu comentário.

    Exatamente, esses fatores externos da vida dos alunos que frequentemente abalam seu processo de aprendizagem, juntamente com as exigências internas frente a ausência de recurso e tempo hábil para execução e leitura desmotivam os discentes. O trabalho se faz necessário em muitos casos no complemento da renda familiar, e passa a significar economicamente muitas vezes a própria base do seu sustento, ou seja, a prioridade entre a formação e qualificação a longo prazo frente a mecanização remunerada imediata, por mais que pequena, vem resultar na sobrevivência e prevalece, isso é normal.
    Estamos então diante do trabalho que é constante nas escolas e passa despercebido à sociedade... O professor busca todos os dias convencer o aluno da importância de estar ali para sua constituição como cidadão e preparo para um futuro diferente das curtas expectativas a que eles estão condicionados a pensar.

    Att.

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  8. Olá Libiane, muito bom seu texto, nos deparamos muito com casos em que os alunos não estão interessados nos conteúdos da aula. Sobre a pergunta, você acha que esse desinteresse por refletir sobre o conteúdo é algo que ocorre porque? Por professores anteriores não terem estimulado isso? Você acha que é possível conseguir esse estimulo novamente nos alunos? De que forma?

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    1. Obrigada Ligia pela pergunta.

      Acredito que esse desinteresse é no geral pelo estudo e os métodos do ensino, aliados as dificuldade específicas dos alunos dessa comunidade. Como citei, muitos trabalham e estudam, e ao chegar no ambiente escolar cansados se não houver estímulo dinâmico e prevalecer a educação bancária esse cenário tende a piorar.
      Muitas vezes a crítica externa, essa mesma que faço aqui, está distante do cotidiano exaustivo e constantes tentativas do professor de estimular mudanças.
      De outro modo, é só fazendo essa crítica que percebemos nossos erros e auxiliamos nossos companheiros de trabalho a revigorar as aulas com inovações e fortificar novas idéias, estimular uns aos outros.
      Gostaria realmente que os alunos fizessem essa leitura produzida aqui por acadêmicos,que muito próximos do lugar onde eles estão agora vêem oportunidades perdidas, enquanto os alunos poderiam rever seus objetivos. Essa conscientização facilitaria muito.

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  9. Parabéns, Libiane! Ótimo texto, me fez refletir também sobre a minha experiência de estágio, a carreira dos docentes, assim como as realidades que enfrentamos em sala.
    Gostaria que você, por favor, falasse um pouco mais sobre a recepção do jornal como fonte por parte dos alunos.

    Obrigada!

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  10. Obrigada pela pergunta Anna

    Os alunos foram bem receptivos em relação ao material. Inicialmente chama a atenção de qualquer leitor os anúncios de venda, a forma da escrita, as manifestações populares e principalmente a linha política condutora do jornal. Afinal a intenção era debater a historiografia e as notícias e isso foi conduzido principalmente na atividade de apresentação. Os alunos levaram esse material para ter mais contato e baseados nele produziram o seu próprio jornal... A atividade teve uma resposta positiva, portanto indico a utilização pois torna-se se um objeto de estudo diferente, e tudo aquilo que sai da rotina tira o aluno da zona de conforto.

    Att.

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