O ENSINO DE
HISTÓRIA PELOS TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS DO
ATAQUE ATÔMICO EM HIROSHIMA
Introdução
O ensino sobre os
acontecimentos traumáticos da Segunda Guerra Mundial, como o ataque atômico em
Hiroshima e Nagasaki, pode utilizar como fonte os relatos de sobreviventes. Mediante
as noções de testemunho, experiência e memória, revela-se o protagonismo desses
sobreviventes em resistir às consequências do ataque. Essa resistência é
construída a partir dos relatos de suas memórias sobre esses acontecimentos e
as consequências nas suas vidas, de seus amigos e familiares.
A construção e registro dessas memórias são realizadas a partir
da História Oral. Essa, mediante as entrevistas, pode identificar formas
variadas de rememoração de um mesmo acontecimento histórico (CHARTIER, 1996, p.
216, apud RANZI, 2001). Essas fontes
orais se baseiam em perspectivas individuais legitimadas como fontes, devido a seu
valor informativo e/ ou seu valor simbólico, e incorpora elementos como a
subjetividade e o cotidiano (FERREIRA E MARIETA, 2015).
Os relatos dos sobreviventes podem comunicar uma memória sobre experiências
coletivas e representar uma visão de mundo. No ensino de História, o papel dessas memórias pode contribuir
para partilhar com os estudantes as trajetórias
individuais, eventos e processos históricos que às vezes não podem ser
entendidos de outra forma. As memórias podem revelar histórias de lutas
cotidianas que geralmente são encobertas pelos discursos oficiais (FERREIRA E
MARIETA, 2015).
Neste trabalho, primeiramente,
apresenta-se os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e as possíveis
motivações que levaram ao ataque atômico em Hiroshima e Nagasaki. Na secção
seguinte apresenta-se como o ensino de História pode utilizar a analise dos
relatos de sujeitos que vivenciaram as consequências do ataque atômico para
abordar a Segunda Guerra Mundial. Analisa-se, como exemplo, os relatos do
médico nipo-americano e de uma mãe sobrevivente ao ataque atômico para mostrar
como o ensino de História, a partir da contextualização dos testemunhos e
memórias, possibilitam um ensino que resgate a historicidade dos
fenômenos sociais e o protagonismo dos indivíduos que os constituem. Dessa forma, pode ensiná-los a
problematizarem a compreensão dos fenômenos sociais, tendo em vista uma
formação para desenvolverem um pensamento autônomo, crítico e reflexivo para
desconstrução de seus modos de pensar e lidar com o meio onde estão inseridos e
suas problemáticas (BRASIL, 2002).
Ataque atômico em
Hiroshima e Nagasaki
Os Estados Unidos, em
1945, lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki,
com o objetivo de coagir as autoridades políticas e militares do Japão a se
renderem durante a Segunda Guerra Mundial. A declaração de guerra dos Estados Unidos contra o Japão ocorreu em 1941
após o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor. Inicialmente o Japão
teve êxito em suas ações e conquistou vários territórios, derrotando as forças
americanas, inglesas e francesas na Ásia. Contudo, na Batalha de Midway, a Marinha Imperial Japonesa foi
prejudicada. Após esse acontecimento o Japão sofreu constantes derrotas e, em
1945, os recursos econômicos desse país estavam desfalcados devido ao prolongado
investimento nos enfrentamentos destas guerras (SILVA, 2019).
Diante dessa situação de
vulnerabilidade do Exército e Marinha Japonesa, os Estados Unidos e os Aliados
(Inglaterra, França, Estados Unidos e, depois, União Soviética) decidiram
invadir o território japonês. As dificuldades acarretadas pela resistência
cultural japonesa indicavam que uma invasão poderia provocar a morte de muitos
soldados americanos. Na Conferência de Potsdam, em 1945, constituíram-se os termos da rendição
japonesa a partir da Declaração de Potsdam.
O documento reiterava a rendição sob as seguintes condições: a soberania
japonesa deveria ser limitada a seu território anterior às conquistas de outros
durante a Segunda Guerra; crimes de guerra seriam julgados; sua força militar
seria desarmada e a ocupação americana continuaria em seu território. As
autoridades japonesas recusaram esses termos e, em 1945, em contrapartida, Truman
(1884-1972) enquanto presidente dos Estados Unidos ordenou que a bomba atômica
fosse lançada em território japonês na cidade de Hiroshima (HICKMAN, 2018).
Muitas pessoas foram vaporizadas e
carbonizadas com o calor da explosão da bomba e grandes incêndios se
manifestaram por toda a cidade de Hiroshima. Parte da cúpula do governo japonês
confiava que seu povo seria capaz de resistir e derrotar os Estados Unidos.
Essa recusa japonesa fez com que os Estados Unidos lançassem sua segunda bomba
nuclear na cidade de Nagasaki (SILVA, 2019).
Historiadores
ortodoxos, em contrapartida, argumentam que esse bombardeamento atômico foi uma
medida necessária para rematar os enfrentamentos de guerra com o Japão. O
ataque nuclear teria prevenido a morte de milhares de soldados estadunidenses e
civis japoneses, uma vez que um desembarque no Japão custaria de 500 mil a 1
milhão de vidas. Já os revisionistas sustentam que o ataque atômico foi uma
demonstração de força para chantagear os soviéticos em função das tensões
emergentes entre as duas potências. Nessa época, os japoneses já teriam indicado
uma rendição, mas para os Estados Unidos seria mais vantajoso terminar a guerra
com o Japão antes da entrada da União Soviética, tendo em vista impedir a
divisão de áreas de influência na região. A partir dessa perspectiva, os
bombardeios nucleares ao Japão são considerados como as primeiras declarações
da Guerra Fria (MUNHOZ, 2015).
Também existem discrepâncias
sobre estatísticas que representam as fatalidades. Enquanto o Projeto Manhattan
registra 66 mil mortos, o governo de Hiroshima contabiliza cerca de 130 mil
mortes imediatas e mais 10 mil até novembro de 1945. Em Nagasaki, as
estatísticas do Projeto Manhattan computam 39 mil mortes simultâneas ao ataque
atômico, enquanto essa cidade japonesa reconhece 73.884 mortes e 74.909 feridos
(MUNHOZ, 2015).
Muitos sobreviventes tiveram de
conviver com a dor de queimaduras espalhadas pelo corpo, suas consequentes
deformações físicas e traumas. O contato com a radiação matou muitos dos
sobreviventes nos dias e anos seguintes ao ataque, enquanto outros conviviam
com as doenças causadas pela radiação ou temiam pelo possível adoecimento no
decorrer de suas vidas. Durante décadas, a população japonesa precisou lutar
para que o governo japonês arcasse com os seus custos médicos (SILVA, 2019).
Na secção seguinte, apresenta-se as
definições de testemunho, experiência e memória para posteriormente analisar os
relatos de dois sujeitos relacionados a esse fato histórico da Segunda Guerra
Mundial: um médico nipo-americano que lida e estuda as consequências do ataque
atômico, entrevistando os sobreviventes, e uma mãe sobrevivente ao
bombardeamento atômico em Hiroshima. Também, propõe-se que o ensino de História
pode utilizar essa análise dos testemunhos e memórias para abordar a Segunda
Guerra Mundial.
Testemunho,
experiência e memória
Considera-se como papel
fundamental da disciplina História ensinar aos alunos os processos históricos
que explicam as transformações e mudanças dos fenômenos da sociedade que, no
senso comum, são vistos como imutáveis.
Esse ensino pode ser realizado a partir da análise e
problematização dos testemunhos e memórias de indivíduos que vivenciaram
determinados acontecimentos históricos. Nesse caso, a partir das memórias de um
médico nipo-americano diante das consequências do ataque atômico e a de uma mãe
sobrevivente a esse na Segunda Guerra Mundial. Para analisá-los, entende-se como necessário compreender três
noções correlatas nesse processo de narrativa: testemunho, experiência e
memória.
Márcio Seligmann-Silva
(2003) considera que a linguagem possibilita a transformação do acontecimento
em experiência. O testemunho remete a dificuldade de falar sobre um evento
traumático que se passou, a partir da possibilidade de falar sobre o mesmo. Entende-se
que aquele que testemunha não pôde experienciar esse evento e, assim, a
linguagem não dá conta de traduzi-lo. O testemunho de um evento traumático evidencia
a relação conflituosa entre a linguagem e o real. Esse real representa o evento
traumático vivido que deve ser entendido a partir da participação ativa dos
sujeitos nesse processo histórico. A partir dos testemunhos, os sobreviventes estão
engajados na tentativa de traduzir um evento não assimilado (SELIGMANN-SILVA,
2000). A partir dos testemunhos, o ensino de História pode resgatar
tanto a historicidade dos fenômenos sociais como também o protagonismo dos
indivíduos que os constituem, evidenciando que certas mudanças ou continuidades
históricas decorrem de interesses e decisões socialmente construídos (BRASIL,
2002).
Michael Pollak (1992) entende-se a memória
como um fenômeno construído pelos sujeitos, socialmente, e submetido a seleções,
transformações e mudanças constantes. Os elementos constitutivos da memória
individual e coletiva são os acontecimentos vividos pessoalmente e pelo grupo,
ou pela coletividade, à qual a pessoa se sente pertencente. A memória também é
constituída por pessoas, personagens e lugares. Pode-se dizer também que a
memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade tanto individual
e coletiva, pois ela é um fator importante do sentimento de continuidade e de
coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si (POLLAK, 1992,
p.202). A partir das memórias, o ensino de História pode propiciar
os estudantes a situarem-se na sociedade para melhor compreendê-la,
desenvolvendo a capacidade dos alunos em apreender o tempo enquanto um conjunto
de vivências humanas que são sociais e culturais, mutáveis e constituintes do
processo histórico (BRASIL, 2002).
Para utilização dos testemunhos e memórias no ensino de História,
torna-se fundamental o desenvolvimento de competências ligadas à leitura,
análise, contextualização e interpretação das fontes e testemunhos dos sujeitos
históricos. Como também contextualizá-los ao ensinar sobre os diferentes
agentes sociais envolvidos na produção dos testemunhos, os interesses
explícitos ou implícitos nessa produção, e a especificidade das diferentes
linguagens e contexto histórico pelos quais se expressam (BRASIL, 2002).
A seguir,
analisa-se os testemunhos e memórias de dois sujeitos da história que
vivenciaram as consequências do ataque atômico em Hiroshima. Esses foram registrados por James Yamazaki no livro “Children of the Atomic Bomb: An American Physician's Memoir of Nagasaki,
Hiroshima, and the Marshall Islands”. O primeiro sujeito é o próprio James
Yamazaki, um médico nipo-americano que relata sobre suas memórias em estudar as
consequências do bombardeamento atômico na vida de crianças, como também em entrevistar
os sobreviventes para saber de seus traumas físicos e psicológicos. O segundo
sujeito, Kondo, é uma mãe que relata seu testemunho sobre os acontecimentos no
momento em que foi atingida pela bomba atômica
James Yamazaki é descendente de
japoneses e nascido nos Estados Unidos. Ele relata que, em 1949, foi convocado
para trabalhar no Japão com a intenção de estudar os efeitos da radiação nuclear
sobre as crianças. Como médico, trabalhando e estudando no Japão, pôde ouvir as
histórias de sobreviventes de Hiroshima que foram afetados pelo bombardeamento
atômico. Embora não tivesse evidencias estatisticamente significativas sobre os
efeitos genéticos dessa radiação a longo-prazo, presenciou os traumas das
vítimas que temiam quanto a como viver sob as consequências da radiação e o que
poderia advir dos efeitos dessas (YAMAZAKI E FLEMING, 1995).
Depois do ataque atômico, em 1950, o
médico também experimentou a hostilidade dos japoneses. Muitos sobreviventes
com quem entrou em contato pensavam que os médicos norte-americanos estavam lá
apenas para conseguir as informações que protegessem os Estados Unidos de um
possível bombardeamento atômico. No entanto, Yamazaki estava interessado em
encontrar os sobreviventes que pudessem ajudá-lo a descobrir lições médicas
para tratar dos traumas físicos e psicológicos acarretados pelo contato com a
radiação da bomba (YAMAZAKI E FLEMING, 1995).
Posteriormente, em 1989, Yamazaki retorna ao
Japão para participar de um encontro de mães de crianças pica em Hiroshima. Pica
significa luz e refere-se à luz ofuscante da bomba. Também é um termo eufêmico para
se referir às crianças nascidas com deficiências por terem sido expostas no
útero a radiação das bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki (YAMAZAKI E
FLEMING, 1995).
No que diz respeito ao testemunho de
uma dessas mães sobreviventes ao ataque, analisa-se o da sobrevivente Kondo.
Como consequência a exposição da radiação, sua filha desenvolveu microcefalia e
outras deficiências mentais. No dia do bombardeamento atômico em Hiroshima,
Kondo estava trabalhando com sua irmã nessa região. Ela tinha 20 anos de idade
e estava grávida de seu primeiro filho. Em certo momento, ela foi em direção a
uma estreita vilela para lavar suas mãos. Como ela própria relatou a seguir:
“No momento em que me inclinei para a
torneira, uma forte luz solar de verão envolveu e fez desaparecer toda aquela
área. Eu instintivamente cobri meu rosto com as duas mãos. Então ouvi um
barulho, ‘boom’. Eu levantei minha
cabeça e olhei ao redor, mas não pude ver nada por causa de uma espessa nuvem
de poeira. Eu, lentamente, encontrei o caminho para chegar onde minha irmã
estava me chamando. A casa estava destruída. Apenas um pilar resistiu, onde
minha irmã estava de pé. De repente,
notei que toda a área estava em chamas. As pessoas estavam gemendo de dor,
pedindo por água ou para serem levadas para casa. [...] Eu ainda lembro de
avistar vividamente essa terrível cena. Eu estava perplexa, perguntando-me como
isto poderia ter acontecido na humanidade, e fiquei chocada, olhando toda a
cidade a partir da colina durante todo o dia.
[...] O lugar onde nós estávamos era escuro, com pesadas nuvens pairando
sobre nossas cabeças. Toda a cidade parecia o inferno na terra (YAMAZAKI E
FLEMING, tradução nossa, 1995, p.132).”
Diante desse
relato, considera-se que o testemunho como narração atesta a a impossibilidade
de vocalizar o vivido, o real, como o verbal (SELIGMAN-SILVA, 2003). Isso é
evidente quando Kondo tentou expressar o que ocorreu pelos termos “choque” e
“... parecia o inferno na terra.” Esse testemunho nos remete ao que Seligmann-Silva
(2003) diz quanto à percepção do caráter inimaginável do ocorrido. E, assim,
esse real só pode ser representado pela própria imaginação. Portanto, Kondo testemunhou um evento
traumático que exige um relato na tentativa de atribuir algum significado
possível.
Deve-se considerar que os relatos do
médico e dessa sobrevivente não tratam só de um tempo passado, mas uma busca
pela preservação e sua transmissão. É importante
reiterar que os relatos das mães sobreviventes foram registrados após passar
mais de 40 anos do bombardeamento atômico. Michael Pollak (1989) sugere que a
sobrevivência de lembranças traumatizantes, durante dezenas de anos, é a resistência
que uma sociedade civil exerce diante dos discursos oficiais, nesse caso, os
que retratam os afetados pelo ataque atômico apenas como vítimas.
Considerações finais
O ensino a partir de temas históricos, como a Segunda Guerra Mundial,
deve reconhecer a ação do indivíduo enquanto sujeito da história nas
transformações do processo histórico. Essa ação deve ser apresentada como
mobilizada pelos interesses dos sujeitos e determinada pela sociedade que
também é produto do processo histórico. Portanto esse ensino deve abordar temas
ligados ao cotidiano, ponderando nas singularidades dos acontecimentos as
generalizações para a compreensão do processo histórico.
Dessa forma o ensino a partir dos testemunhos e as memórias pode
possibilitar que os educandos desenvolvam competências e habilidades que lhes
permitam apreender as durações temporais, nas quais os sujeitos desenvolveram
ou desenvolvem suas ações para lidar e intervir nesses acontecimentos e suas
consequências.
Referências bibliográficas
Bruna Navarone Santos é bacharel e
licencianda em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e
Mestranda em Ensino em Biociências e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz.
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nacionais (ensino médio). Parte IV: Ciências
Humanas e suas Tecnologias. Brasília: Governo Federal, 2002. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf. Acesso em: 17/02/2019.
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POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992.
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SOARES, Marco Antonio Neves. O ensino de
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YAMAZAKI,
James N.; FLEMING, Louis B. Children
of the Atomic Bomb: An American Physician's Memoir of Nagasaki, Hiroshima, and
the Marshall Islands. Duke University Press, 1995.
Bom dia Bruna, parabéns pelo trabalho e pela temática abordada. Você fala no texto sobre a importância de se trabalhar a memória como forma de conscientização a respeito do passado, de modo a evitarmos a reedição de tragédias humanitárias. Que atividades você sugeriria em sala de aula visando esse propósito?
ResponderExcluirCordialmente,
Walace Ferreira.
Walace,
ResponderExcluirMuito obrigada pela consideração!
O professor, no ensino médio, pode fazer uma aula expositiva sobre os eventos da Segunda Guerra Mundial e contextualizá-los com os testemunhos dos afetados pela Guerra.
Pode solicitar que cada aluno leia um desses e, depois, em grupos, acessem alguns jornais, revistas, tendo em vista identificarem quais semelhanças percebem entre o contexto dos testemunhos e dos acontecimentos registrados em jornais, revistas. Também seria interessante propor para os alunos apresentarem se e como o acesso aos testemunhos, seu contexto, influenciou sua percepção diante de acontecimentos do presente.
Bruna Navarone Santos
Obrigado pela resposta, Bruna! Gostei das ideias, vou tentar aplicar em sala de aula.
ExcluirUm abraço,
Walace Ferreira.
Saudações Bruna Navarone Santos.
ResponderExcluirPrimeiramente quero parabenizá-la pelo assunto abordado em seu trabalho. A questão que te faço é se você trabalhou com a ideia de interdisciplinariedade valendo-se dos relatos sobre o ataque atômico? Em caso afirmativo, poderia dar algumas sugestões? Penso em usar relatos já traduzidos no Brasil sobre japoneses que vivenciaram o lançamento da Bomba Atômica e o momento posterior de crise. Livros de memória pessoal. Fazer uso da coleção em Mangá - Gen Pés descalços, que aborda esta questão. Há também uma animação baseada nesse Mangá que retrata o ataque nuclear sobre o Japão. Atenciosamente, Fabian Filatow.
Prof. Fabian Filatow,
ExcluirMuito obrigada pela consideração!
Com certeza pode abordar de forma interdisciplinar os relatos sobre o ataque atômico.
O professor de História pode abordar os testemunhos junto com o professor de Sociologia. Por exemplo, quando o primeiro apresenta os processos históricos desse contexto da Segunda Guerra e os interesses políticos, econômicos, que os mobilizaram. Enquanto o professor de Sociologia pode explicar esses processos históricos a partir do conceito de cultura, desnaturalizando a noção de Guerra como consequência da natureza humana, por exemplo, ao explicar a conduta dos japoneses que se negavam à rendição como construída socialmente. Um livro que recomendo para uma possível explicação é o “O Crisântemo e a Espada” da antropóloga Ruth Benedict.
A ideia de utilizar mangás e filmes que abordam esses processos históricos é ótima!
Também pode utilizar as imagens para promover uma experiência estética, solicitando os alunos para observarem as imagens e comunicarem como se sentem em relação a elas e quais mensagens essa comunicam. Depois, pode motivá-los a desnaturalizarem as informações e visão de mundo que as imagens comunicam, apresentando outras imagens e diálogos que problematizam as anteriores.
Atenciosamente,
Bruna Navarone Santos
Prezada Bruna, agradeço pela resposta e pelas contribuições para pensarmos sobre a interdisciplinariedade. Desejo-lhe sucesso. Abraço.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirvoce acredita que trabalhando esse assuntos os auxilia a formar uma conciencia social (formação de opinião) do fato ocorrido? Maria Clara Chiarelli
ResponderExcluirMaria Clara Chiarelli,
ExcluirMuito obrigada pela reflexão!
Acredito que abordar os processos históricos a partir do protagonismo dos indivíduos que os constituem, evidenciando que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de interesses e decisões socialmente construídos, pode orientar os alunos a acessarem diferentes representações de um mesmo processo histórico.
Acredito que esse ensino permite aos alunos se perguntarem sobre a fonte das informações que acessam, sobre os possíveis interesses envolvidos na construção dessas informações. Possibilitando estarem abertos a conhecer diferentes posicionamentos, sobre um mesmo fenômeno, para depois poderem formar suas opiniões e até mesmo problematizá-las.
Atenciosamente,
Bruna Navarone Santos
trabalhar com temas histócos é algo que de alguma forma pode auxiliar na criatividade da criança que pode ser estimulada por meio de seu interesse pelo conteúdo? Maria Clara Chiarelli
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMaria Clara Chiarelli,
ExcluirMuito obrigada pela reflexão!
Considero que a forma como os fatos históricos são apresentados às crianças pode influenciar seu interesse em aprender os conteúdos da disciplina. Penso que para além dos testemunhos e memórias, utilizar as imagens que representam determinados fatos históricos e pedir para as crianças comunicarem suas impressões pode instigá-las a quererem saber sobre o contexto daquele fato, suas repercussões nos dias atuais e possíveis relações com as suas vivências...
Atenciosamente,
Bruna Navarone Santos
Bom dia! Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirOs conhecimentos obtidos sobre acontecimentos sangrentos do passado como exemplo A Segunda Guerra Mundial, advém de relatos e memórias de sobreviventes de tais acontecidos. Tendo essa afirmação como base, quais as importâncias dessas memórias no ensino da História?
Márcia Alves De Matos
Para se chegar a um conhecimento minucioso e apurado sobre a Segunda Guerra Mundial, percorre-se dois caminhos, primeiramente apresenta-se os acontecimentos e possíveis motivos que desencadearam a Guerra. Em seguida, utiliza-se a análise dos relatos das vítimas que vivenciaram as consequências do ocorrido. Isso porque a linguagem não é suficiente para traduzir o imaginário do real. Segundo já se sabe, as palavras não conseguem expressar a essência do que alguém está querendo dizer de uma determinada experiência, ou assunto, por vários fatores internos e externos. Quais são alguns desses fatores?
ResponderExcluirMárcia Alves De Matos
Bom dia! Favor desconsiderar as perguntas acima.
ResponderExcluirPara se chegar a um conhecimento minucioso e apurado sobre a Segunda Guerra Mundial, percorre-se dois caminhos, primeiramente apresenta-se os acontecimentos e possíveis motivos que desencadearam a Guerra. Em seguida, utiliza-se a análise dos relatos das vítimas que vivenciaram as consequências do ocorrido. Isso porque a linguagem não é suficiente para traduzir o imaginário do real. Segundo já se sabe, as palavras não conseguem expressar a essência do que alguém está querendo dizer de uma determinada experiência, ou assunto, por vários fatores internos e externos. Quais são alguns desses fatores?
Márcia Alves De Matos
marciamatos1109@gmail.com
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMárcia Alves de Matos,
ExcluirMuito obrigada pela reflexão!
Com base na minha experiência em análise das emoções, a partir da abordagem sociológica e antropológica (LE BRETON, 2009) considero que os indivíduos dominam variados meios de comunicação, tanto verbal e não verbal. Acredito que um desses fatores que podem impedir a comunicação da “essência” de qualquer acontecimento depende da própria interpretação do indivíduo, diante de um evento que o afeta moralmente. A interpretação de um mesmo acontecimento pode ter diferentes representações, pois essa interpretação é baseada em um repertório cultural que envolve diferentes relações sociais e valores culturais. Por exemplo, a interpretação de um mesmo acontecimento vivenciado por homens e mulheres pode variar em suas representações dependendo das relações de gênero caracterizadas naquela sociedade. Esse repertório que constitui às regras de acordo com às quais atribuímos definições ou significados às situações que comunicamos. Nesse caso, numa situação de luto, um homem pode comunicar a emoção de tristeza de forma a tentar inibir as lágrimas, pois socialmente espera-se que o homem não comunique dessa forma suas emoções. Já uma mulher, ao representar uma mesma situação de luto, poderá expressar deliberadamente as lágrimas.
Atenciosamente,
Bruna Navarone Santos
-> Continuação
ExcluirNesse exemplo de diferentes representações sobre uma situação de luto, numa sociedade ocidental moderna, pode-se interpretar no senso comum que a mulher por ter chorado mais sofreu mais pela situação, em comparação com o homem que inibiu o choro. Como também pode-se representar de formas diferentes a mesma situação de luto evitando ou não outras expressões verbais e não verbais de tristeza, sofrimento, dependendo do gênero. Dessa forma, esses papéis de gênero podem influenciar que a pessoa não comunique o que está sentido diante do acontecimento, mas que comunique o que socialmente se espera dela de acordo com as expectativas de gênero.
Atenciosamente,
Bruna Navarone Santos
Os conhecimentos obtidos sobre acontecimentos sangrentos do passado como exemplo A Segunda Guerra Mundial, advém de relatos e memórias de sobreviventes de tais acontecidos. Tendo essa afirmação como base, quais as importâncias dessas memórias no ensino da História?
ResponderExcluirMárcia Alves De Matos
marciamatos1109@gmail.com
Márcia Alves de Matos,
ExcluirMuito obrigada pela reflexão!
A importância dessas memórias no ensino de História diz respeito também a possibilidade de sensibilizar os alunos para os acontecimentos que são violações de Direitos Humanos. Para realizar essa sensibilização, sugiro propor aos alunos a leitura dos preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e buscarem identificar nesses testemunhos e memórias as violações desses preceitos.
Atenciosamente,
Bruna Navarone Santos
Olá, bom dia. Adorei seu aporte sobre a temática. Gostaria de saber se você teve oportunidade de observar a reação dos discentes ao verem os depoimentos e as memórias sobre ataque atômico em Hiroshima?
ResponderExcluirAs. Talyta Marjorie.
Talyta Marjorie,
ExcluirMuito obrigada pela consideração!
Ainda não tive a oportunidade de apresentar os testemunhos e as memórias para os alunos, mas estou disposta a sugerir possíveis abordagens para apresentar!
Atenciosamente, Bruna Navarone Santos
Talyta Marjorie,
ExcluirMeu e-mail para contato: bnavarone@gmail.com
Atenciosamente, Bruna Navarone Santos
Primeiramente, parabéns! Seu trabalho está incrível!Mas qual seria a melhor forma de trabalhar esse assunto no 9° sendo que nos livros didáticos só falam de forma superficial e a algumas escolas (principalmentr as particulares) exigem o uso deles?
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns! Seu trabalho está incrível!Mas qual seria a melhor forma de trabalhar esse assunto no 9° sendo que nos livros didáticos só falam de forma superficial e a algumas escolas (principalmente as particulares) exigem o uso deles?
ResponderExcluirLucielli Moreira,
ExcluirMuito obrigada pela reflexão!
Acredito que o professor pode construir seu próprio material, a partir desses testemunhos e memórias, e pedir para os alunos fazerem intervenções nesse livro, escrevendo e complementendo informações que o livro não está abordando.
Atenciosamente,
Bruna Navarone Santos
Ola!
ResponderExcluirobrigado pelo texto!
Gostaria de saber quais as possibilidades (se possível apenas duas) de se trabalhar em sala de aula, um relato de um sobrevivente do ataque de Hiroshima e/ou Nagasaki? Método, materiais, avaliação, etc.
VICTOR LIMA CORRÊA