Bruna Navarone Santos


O ENSINO DE HISTÓRIA PELOS TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS DO ATAQUE ATÔMICO EM HIROSHIMA


Introdução
O ensino sobre os acontecimentos traumáticos da Segunda Guerra Mundial, como o ataque atômico em Hiroshima e Nagasaki, pode utilizar como fonte os relatos de sobreviventes. Mediante as noções de testemunho, experiência e memória, revela-se o protagonismo desses sobreviventes em resistir às consequências do ataque. Essa resistência é construída a partir dos relatos de suas memórias sobre esses acontecimentos e as consequências nas suas vidas, de seus amigos e familiares.

A construção e registro dessas memórias são realizadas a partir da História Oral. Essa, mediante as entrevistas, pode identificar formas variadas de rememoração de um mesmo acontecimento histórico (CHARTIER, 1996, p. 216, apud RANZI, 2001). Essas fontes orais se baseiam em perspectivas individuais legitimadas como fontes, devido a seu valor informativo e/ ou seu valor simbólico, e incorpora ele­mentos como a subjetividade e o cotidiano (FERREIRA E MARIETA, 2015).

Os relatos dos sobreviventes podem comunicar uma memória sobre experiências co­letivas e representar uma visão de mundo. No ensino de História, o papel dessas memórias pode contribuir para partilhar com os estudantes as trajetórias individuais, eventos e processos históricos que às vezes não podem ser entendidos de outra forma. As memórias podem revelar histórias de lutas cotidianas que geralmente são encobertas pelos discursos oficiais (FERREIRA E MARIETA, 2015).

Neste trabalho, primeiramente, apresenta-se os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e as possíveis motivações que levaram ao ataque atômico em Hiroshima e Nagasaki. Na secção seguinte apresenta-se como o ensino de História pode utilizar a analise dos relatos de sujeitos que vivenciaram as consequências do ataque atômico para abordar a Segunda Guerra Mundial. Analisa-se, como exemplo, os relatos do médico nipo-americano e de uma mãe sobrevivente ao ataque atômico para mostrar como o ensino de História, a partir da contextualização dos testemunhos e memórias, possibilitam um ensino que resgate a historicidade dos fenômenos sociais e o protagonismo dos indivíduos que os constituem. Dessa forma, pode ensiná-los a problematizarem a compreensão dos fenômenos sociais, tendo em vista uma formação para desenvolverem um pensamento autônomo, crítico e reflexivo para desconstrução de seus modos de pensar e lidar com o meio onde estão inseridos e suas problemáticas (BRASIL, 2002).

Ataque atômico em Hiroshima e Nagasaki
Os Estados Unidos, em 1945, lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki, com o objetivo de coagir as autoridades políticas e militares do Japão a se renderem durante a Segunda Guerra Mundial. A declaração de guerra dos Estados Unidos contra o Japão ocorreu em 1941 após o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor. Inicialmente o Japão teve êxito em suas ações e conquistou vários territórios, derrotando as forças americanas, inglesas e francesas na Ásia. Contudo, na Batalha de Midway, a Marinha Imperial Japonesa foi prejudicada. Após esse acontecimento o Japão sofreu constantes derrotas e, em 1945, os recursos econômicos desse país estavam desfalcados devido ao prolongado investimento nos enfrentamentos destas guerras (SILVA, 2019).

Diante dessa situação de vulnerabilidade do Exército e Marinha Japonesa, os Estados Unidos e os Aliados (Inglaterra, França, Estados Unidos e, depois, União Soviética) decidiram invadir o território japonês. As dificuldades acarretadas pela resistência cultural japonesa indicavam que uma invasão poderia provocar a morte de muitos soldados americanos. Na Conferência de Potsdam, em 1945, constituíram-se os termos da rendição japonesa a partir da Declaração de Potsdam.  O documento reiterava a rendição sob as seguintes condições: a soberania japonesa deveria ser limitada a seu território anterior às conquistas de outros durante a Segunda Guerra; crimes de guerra seriam julgados; sua força militar seria desarmada e a ocupação americana continuaria em seu território. As autoridades japonesas recusaram esses termos e, em 1945, em contrapartida, Truman (1884-1972) enquanto presidente dos Estados Unidos ordenou que a bomba atômica fosse lançada em território japonês na cidade de Hiroshima (HICKMAN, 2018).

Muitas pessoas foram vaporizadas e carbonizadas com o calor da explosão da bomba e grandes incêndios se manifestaram por toda a cidade de Hiroshima. Parte da cúpula do governo japonês confiava que seu povo seria capaz de resistir e derrotar os Estados Unidos. Essa recusa japonesa fez com que os Estados Unidos lançassem sua segunda bomba nuclear na cidade de Nagasaki (SILVA, 2019).

Historiadores ortodoxos, em contrapartida, argumentam que esse bombardeamento atômico foi uma medida necessária para rematar os enfrentamentos de guerra com o Japão. O ataque nuclear teria prevenido a morte de milhares de soldados estadunidenses e civis japoneses, uma vez que um desembarque no Japão custaria de 500 mil a 1 milhão de vidas. Já os revisionistas sustentam que o ataque atômico foi uma demonstração de força para chantagear os soviéticos em função das tensões emergentes entre as duas potências. Nessa época, os japoneses já teriam indicado uma rendição, mas para os Estados Unidos seria mais vantajoso terminar a guerra com o Japão antes da entrada da União Soviética, tendo em vista impedir a divisão de áreas de influência na região. A partir dessa perspectiva, os bombardeios nucleares ao Japão são considerados como as primeiras declarações da Guerra Fria (MUNHOZ, 2015).

Também existem discrepâncias sobre estatísticas que representam as fatalidades. Enquanto o Projeto Manhattan registra 66 mil mortos, o governo de Hiroshima contabiliza cerca de 130 mil mortes imediatas e mais 10 mil até novembro de 1945. Em Nagasaki, as estatísticas do Projeto Manhattan computam 39 mil mortes simultâneas ao ataque atômico, enquanto essa cidade japonesa reconhece 73.884 mortes e 74.909 feridos (MUNHOZ, 2015). 

Muitos sobreviventes tiveram de conviver com a dor de queimaduras espalhadas pelo corpo, suas consequentes deformações físicas e traumas. O contato com a radiação matou muitos dos sobreviventes nos dias e anos seguintes ao ataque, enquanto outros conviviam com as doenças causadas pela radiação ou temiam pelo possível adoecimento no decorrer de suas vidas. Durante décadas, a população japonesa precisou lutar para que o governo japonês arcasse com os seus custos médicos (SILVA, 2019).

Na secção seguinte, apresenta-se as definições de testemunho, experiência e memória para posteriormente analisar os relatos de dois sujeitos relacionados a esse fato histórico da Segunda Guerra Mundial: um médico nipo-americano que lida e estuda as consequências do ataque atômico, entrevistando os sobreviventes, e uma mãe sobrevivente ao bombardeamento atômico em Hiroshima. Também, propõe-se que o ensino de História pode utilizar essa análise dos testemunhos e memórias para abordar a Segunda Guerra Mundial.

Testemunho, experiência e memória
Considera-se como papel fundamental da disciplina História ensinar aos alunos os processos históricos que explicam as transformações e mudanças dos fenômenos da sociedade que, no senso comum, são vistos como imutáveis.

Esse ensino pode ser realizado a partir da análise e problematização dos testemunhos e memórias de indivíduos que vivenciaram determinados acontecimentos históricos. Nesse caso, a partir das memórias de um médico nipo-americano diante das consequências do ataque atômico e a de uma mãe sobrevivente a esse na Segunda Guerra Mundial. Para analisá-los, entende-se como necessário compreender três noções correlatas nesse processo de narrativa: testemunho, experiência e memória.

Márcio Seligmann-Silva (2003) considera que a linguagem possibilita a transformação do acontecimento em experiência. O testemunho remete a dificuldade de falar sobre um evento traumático que se passou, a partir da possibilidade de falar sobre o mesmo. Entende-se que aquele que testemunha não pôde experienciar esse evento e, assim, a linguagem não dá conta de traduzi-lo. O testemunho de um evento traumático evidencia a relação conflituosa entre a linguagem e o real. Esse real representa o evento traumático vivido que deve ser entendido a partir da participação ativa dos sujeitos nesse processo histórico. A partir dos testemunhos, os sobreviventes estão engajados na tentativa de traduzir um evento não assimilado (SELIGMANN-SILVA, 2000). A partir dos testemunhos, o ensino de História pode resgatar tanto a historicidade dos fenômenos sociais como também o protagonismo dos indivíduos que os constituem, evidenciando que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de interesses e decisões socialmente construídos (BRASIL, 2002).

Michael Pollak (1992) entende-se a memória como um fenômeno construído pelos sujeitos, socialmente, e submetido a seleções, transformações e mudanças constantes. Os elementos constitutivos da memória individual e coletiva são os acontecimentos vividos pessoalmente e pelo grupo, ou pela coletividade, à qual a pessoa se sente pertencente. A memória também é constituída por pessoas, personagens e lugares. Pode-se dizer também que a memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade tanto individual e coletiva, pois ela é um fator importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si (POLLAK, 1992, p.202). A partir das memórias, o ensino de História pode propiciar os estudantes a situarem-se na sociedade para melhor compreendê-la, desenvolvendo a capacidade dos alunos em apreender o tempo enquanto um conjunto de vivências humanas que são sociais e culturais, mutáveis e constituintes do processo histórico (BRASIL, 2002).

Para utilização dos testemunhos e memórias no ensino de História, torna-se fundamental o desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpretação das fontes e testemunhos dos sujeitos históricos. Como também contextualizá-los ao ensinar sobre os diferentes agentes sociais envolvidos na produção dos testemunhos, os interesses explícitos ou implícitos nessa produção, e a especificidade das diferentes linguagens e contexto histórico pelos quais se expressam (BRASIL, 2002).

A seguir, analisa-se os testemunhos e memórias de dois sujeitos da história que vivenciaram as consequências do ataque atômico em Hiroshima. Esses foram registrados por James Yamazaki no livro “Children of the Atomic Bomb: An American Physician's Memoir of Nagasaki, Hiroshima, and the Marshall Islands”. O primeiro sujeito é o próprio James Yamazaki, um médico nipo-americano que relata sobre suas memórias em estudar as consequências do bombardeamento atômico na vida de crianças, como também em entrevistar os sobreviventes para saber de seus traumas físicos e psicológicos. O segundo sujeito, Kondo, é uma mãe que relata seu testemunho sobre os acontecimentos no momento em que foi atingida pela bomba atômica

As vivências do ataque atômico
James Yamazaki é descendente de japoneses e nascido nos Estados Unidos. Ele relata que, em 1949, foi convocado para trabalhar no Japão com a intenção de estudar os efeitos da radiação nuclear sobre as crianças. Como médico, trabalhando e estudando no Japão, pôde ouvir as histórias de sobreviventes de Hiroshima que foram afetados pelo bombardeamento atômico. Embora não tivesse evidencias estatisticamente significativas sobre os efeitos genéticos dessa radiação a longo-prazo, presenciou os traumas das vítimas que temiam quanto a como viver sob as consequências da radiação e o que poderia advir dos efeitos dessas (YAMAZAKI E FLEMING, 1995).

Depois do ataque atômico, em 1950, o médico também experimentou a hostilidade dos japoneses. Muitos sobreviventes com quem entrou em contato pensavam que os médicos norte-americanos estavam lá apenas para conseguir as informações que protegessem os Estados Unidos de um possível bombardeamento atômico. No entanto, Yamazaki estava interessado em encontrar os sobreviventes que pudessem ajudá-lo a descobrir lições médicas para tratar dos traumas físicos e psicológicos acarretados pelo contato com a radiação da bomba (YAMAZAKI E FLEMING, 1995).

Posteriormente, em 1989, Yamazaki retorna ao Japão para participar de um encontro de mães de crianças pica em Hiroshima. Pica significa luz e refere-se à luz ofuscante da bomba. Também é um termo eufêmico para se referir às crianças nascidas com deficiências por terem sido expostas no útero a radiação das bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki (YAMAZAKI E FLEMING, 1995).

No que diz respeito ao testemunho de uma dessas mães sobreviventes ao ataque, analisa-se o da sobrevivente Kondo. Como consequência a exposição da radiação, sua filha desenvolveu microcefalia e outras deficiências mentais. No dia do bombardeamento atômico em Hiroshima, Kondo estava trabalhando com sua irmã nessa região. Ela tinha 20 anos de idade e estava grávida de seu primeiro filho. Em certo momento, ela foi em direção a uma estreita vilela para lavar suas mãos. Como ela própria relatou a seguir:

“No momento em que me inclinei para a torneira, uma forte luz solar de verão envolveu e fez desaparecer toda aquela área. Eu instintivamente cobri meu rosto com as duas mãos. Então ouvi um barulho, ‘boom’. Eu levantei minha cabeça e olhei ao redor, mas não pude ver nada por causa de uma espessa nuvem de poeira. Eu, lentamente, encontrei o caminho para chegar onde minha irmã estava me chamando. A casa estava destruída. Apenas um pilar resistiu, onde minha irmã estava de pé.  De repente, notei que toda a área estava em chamas. As pessoas estavam gemendo de dor, pedindo por água ou para serem levadas para casa. [...] Eu ainda lembro de avistar vividamente essa terrível cena. Eu estava perplexa, perguntando-me como isto poderia ter acontecido na humanidade, e fiquei chocada, olhando toda a cidade a partir da colina durante todo o dia.  [...] O lugar onde nós estávamos era escuro, com pesadas nuvens pairando sobre nossas cabeças. Toda a cidade parecia o inferno na terra (YAMAZAKI E FLEMING, tradução nossa, 1995, p.132).”

Diante desse relato, considera-se que o testemunho como narração atesta a a impossibilidade de vocalizar o vivido, o real, como o verbal (SELIGMAN-SILVA, 2003). Isso é evidente quando Kondo tentou expressar o que ocorreu pelos termos “choque” e “... parecia o inferno na terra.” Esse testemunho nos remete ao que Seligmann-Silva (2003) diz quanto à percepção do caráter inimaginável do ocorrido. E, assim, esse real só pode ser representado pela própria imaginação.  Portanto, Kondo testemunhou um evento traumático que exige um relato na tentativa de atribuir algum significado possível.

Deve-se considerar que os relatos do médico e dessa sobrevivente não tratam só de um tempo passado, mas uma busca pela preservação e sua transmissão. É importante reiterar que os relatos das mães sobreviventes foram registrados após passar mais de 40 anos do bombardeamento atômico. Michael Pollak (1989) sugere que a sobrevivência de lembranças traumatizantes, durante dezenas de anos, é a resistência que uma sociedade civil exerce diante dos discursos oficiais, nesse caso, os que retratam os afetados pelo ataque atômico apenas como vítimas.

Considerações finais
O ensino a partir de temas históricos, como a Segunda Guerra Mundial, deve reconhecer a ação do indivíduo enquanto sujeito da história nas transformações do processo histórico. Essa ação deve ser apresentada como mobilizada pelos interesses dos sujeitos e determinada pela sociedade que também é produto do processo histórico. Portanto esse ensino deve abordar temas ligados ao cotidiano, ponderando nas singularidades dos acontecimentos as generalizações para a compreensão do processo histórico.

Dessa forma o ensino a partir dos testemunhos e as memórias pode possibilitar que os educandos desenvolvam competências e habilidades que lhes permitam apreender as durações temporais, nas quais os sujeitos desenvolveram ou desenvolvem suas ações para lidar e intervir nesses acontecimentos e suas consequências.

Referências bibliográficas
Bruna Navarone Santos é bacharel e licencianda em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Mestranda em Ensino em Biociências e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais (ensino médio). Parte IV: Ciências Humanas e suas Tecnologias. Brasília: Governo Federal, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf. Acesso em: 17/02/2019.

FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína. Usos e abusos da história oralRio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2015.

HICKMAN, Kennedy. World War II: Potsdam Conference. Disponível em: <https://www.thoughtco.com/potsdam-conference-overview-2361094>. Acesso em: 01 mar. 2019.


HUYSSEN, Andreas. Present pasts: Media, politics, amnesia. Public Culture, v. 12, n. 1, p. 21-38, 2000.

MUNHOZ, Sidney J. O pior dos fins: Bombardeios nucleares em Hiroshima e Nagasaki ainda geram vítimas e controvérsias. Necessidade ou crime de guerra?. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, ano 10, nº 116, p. 36-37, 2015.

POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992.

______. Memória, Esquecimento, Silêncio. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.

RANZI, Serlei Maria Fischer. Fontes orais, História e saber escolar. Educar em Revista, v. 17, n. 18, p. 29-42, 2001.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. A história como trauma. In: SELIGMANN-SILVA, Márcio; NESTROVSKI, Arthur (org.). Catástrofe e representação. São Paulo: Escuta, p. 73-98, 2000.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. Reflexões sobre a memória, a história e o esquecimento. In: SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). História, memória, literatura. O testemunho na era das catástrofes. Campinas: Ed. Unicamp, 2003.

SILVA, Daniel Neves. Bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki; Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/bombas-atomicas-hiroshima-nagasaki.htm>. Acesso em: 01 mar. 2019.

SOARES, Marco Antonio Neves. O ensino de História presente nos Parâmetros Curriculares do Ensino Médio (PCNEM): A construção do sujeito adequado. História & Ensino, v. 8, p. 29-44, 2002.

YAMAZAKI, James N.; FLEMING, Louis B. Children of the Atomic Bomb: An American Physician's Memoir of Nagasaki, Hiroshima, and the Marshall Islands. Duke University Press, 1995.



27 comentários:

  1. Bom dia Bruna, parabéns pelo trabalho e pela temática abordada. Você fala no texto sobre a importância de se trabalhar a memória como forma de conscientização a respeito do passado, de modo a evitarmos a reedição de tragédias humanitárias. Que atividades você sugeriria em sala de aula visando esse propósito?

    Cordialmente,

    Walace Ferreira.

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  2. Walace,

    Muito obrigada pela consideração!

    O professor, no ensino médio, pode fazer uma aula expositiva sobre os eventos da Segunda Guerra Mundial e contextualizá-los com os testemunhos dos afetados pela Guerra.
    Pode solicitar que cada aluno leia um desses e, depois, em grupos, acessem alguns jornais, revistas, tendo em vista identificarem quais semelhanças percebem entre o contexto dos testemunhos e dos acontecimentos registrados em jornais, revistas. Também seria interessante propor para os alunos apresentarem se e como o acesso aos testemunhos, seu contexto, influenciou sua percepção diante de acontecimentos do presente.

    Bruna Navarone Santos

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    1. Obrigado pela resposta, Bruna! Gostei das ideias, vou tentar aplicar em sala de aula.

      Um abraço,
      Walace Ferreira.

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  3. Saudações Bruna Navarone Santos.
    Primeiramente quero parabenizá-la pelo assunto abordado em seu trabalho. A questão que te faço é se você trabalhou com a ideia de interdisciplinariedade valendo-se dos relatos sobre o ataque atômico? Em caso afirmativo, poderia dar algumas sugestões? Penso em usar relatos já traduzidos no Brasil sobre japoneses que vivenciaram o lançamento da Bomba Atômica e o momento posterior de crise. Livros de memória pessoal. Fazer uso da coleção em Mangá - Gen Pés descalços, que aborda esta questão. Há também uma animação baseada nesse Mangá que retrata o ataque nuclear sobre o Japão. Atenciosamente, Fabian Filatow.

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    1. Prof. Fabian Filatow,

      Muito obrigada pela consideração!

      Com certeza pode abordar de forma interdisciplinar os relatos sobre o ataque atômico.

      O professor de História pode abordar os testemunhos junto com o professor de Sociologia. Por exemplo, quando o primeiro apresenta os processos históricos desse contexto da Segunda Guerra e os interesses políticos, econômicos, que os mobilizaram. Enquanto o professor de Sociologia pode explicar esses processos históricos a partir do conceito de cultura, desnaturalizando a noção de Guerra como consequência da natureza humana, por exemplo, ao explicar a conduta dos japoneses que se negavam à rendição como construída socialmente. Um livro que recomendo para uma possível explicação é o “O Crisântemo e a Espada” da antropóloga Ruth Benedict.

      A ideia de utilizar mangás e filmes que abordam esses processos históricos é ótima!

      Também pode utilizar as imagens para promover uma experiência estética, solicitando os alunos para observarem as imagens e comunicarem como se sentem em relação a elas e quais mensagens essa comunicam. Depois, pode motivá-los a desnaturalizarem as informações e visão de mundo que as imagens comunicam, apresentando outras imagens e diálogos que problematizam as anteriores.

      Atenciosamente,

      Bruna Navarone Santos

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    2. Prezada Bruna, agradeço pela resposta e pelas contribuições para pensarmos sobre a interdisciplinariedade. Desejo-lhe sucesso. Abraço.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. voce acredita que trabalhando esse assuntos os auxilia a formar uma conciencia social (formação de opinião) do fato ocorrido? Maria Clara Chiarelli

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    1. Maria Clara Chiarelli,

      Muito obrigada pela reflexão!

      Acredito que abordar os processos históricos a partir do protagonismo dos indivíduos que os constituem, evidenciando que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de interesses e decisões socialmente construídos, pode orientar os alunos a acessarem diferentes representações de um mesmo processo histórico.

      Acredito que esse ensino permite aos alunos se perguntarem sobre a fonte das informações que acessam, sobre os possíveis interesses envolvidos na construção dessas informações. Possibilitando estarem abertos a conhecer diferentes posicionamentos, sobre um mesmo fenômeno, para depois poderem formar suas opiniões e até mesmo problematizá-las.

      Atenciosamente,

      Bruna Navarone Santos

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  6. trabalhar com temas histócos é algo que de alguma forma pode auxiliar na criatividade da criança que pode ser estimulada por meio de seu interesse pelo conteúdo? Maria Clara Chiarelli

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Maria Clara Chiarelli,

      Muito obrigada pela reflexão!

      Considero que a forma como os fatos históricos são apresentados às crianças pode influenciar seu interesse em aprender os conteúdos da disciplina. Penso que para além dos testemunhos e memórias, utilizar as imagens que representam determinados fatos históricos e pedir para as crianças comunicarem suas impressões pode instigá-las a quererem saber sobre o contexto daquele fato, suas repercussões nos dias atuais e possíveis relações com as suas vivências...

      Atenciosamente,

      Bruna Navarone Santos

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  7. Bom dia! Parabéns pelo texto.
    Os conhecimentos obtidos sobre acontecimentos sangrentos do passado como exemplo A Segunda Guerra Mundial, advém de relatos e memórias de sobreviventes de tais acontecidos. Tendo essa afirmação como base, quais as importâncias dessas memórias no ensino da História?
    Márcia Alves De Matos

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  8. Para se chegar a um conhecimento minucioso e apurado sobre a Segunda Guerra Mundial, percorre-se dois caminhos, primeiramente apresenta-se os acontecimentos e possíveis motivos que desencadearam a Guerra. Em seguida, utiliza-se a análise dos relatos das vítimas que vivenciaram as consequências do ocorrido. Isso porque a linguagem não é suficiente para traduzir o imaginário do real. Segundo já se sabe, as palavras não conseguem expressar a essência do que alguém está querendo dizer de uma determinada experiência, ou assunto, por vários fatores internos e externos. Quais são alguns desses fatores?
    Márcia Alves De Matos

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  9. Bom dia! Favor desconsiderar as perguntas acima.
    Para se chegar a um conhecimento minucioso e apurado sobre a Segunda Guerra Mundial, percorre-se dois caminhos, primeiramente apresenta-se os acontecimentos e possíveis motivos que desencadearam a Guerra. Em seguida, utiliza-se a análise dos relatos das vítimas que vivenciaram as consequências do ocorrido. Isso porque a linguagem não é suficiente para traduzir o imaginário do real. Segundo já se sabe, as palavras não conseguem expressar a essência do que alguém está querendo dizer de uma determinada experiência, ou assunto, por vários fatores internos e externos. Quais são alguns desses fatores?
    Márcia Alves De Matos
    marciamatos1109@gmail.com

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Márcia Alves de Matos,

      Muito obrigada pela reflexão!

      Com base na minha experiência em análise das emoções, a partir da abordagem sociológica e antropológica (LE BRETON, 2009) considero que os indivíduos dominam variados meios de comunicação, tanto verbal e não verbal. Acredito que um desses fatores que podem impedir a comunicação da “essência” de qualquer acontecimento depende da própria interpretação do indivíduo, diante de um evento que o afeta moralmente. A interpretação de um mesmo acontecimento pode ter diferentes representações, pois essa interpretação é baseada em um repertório cultural que envolve diferentes relações sociais e valores culturais. Por exemplo, a interpretação de um mesmo acontecimento vivenciado por homens e mulheres pode variar em suas representações dependendo das relações de gênero caracterizadas naquela sociedade. Esse repertório que constitui às regras de acordo com às quais atribuímos definições ou significados às situações que comunicamos. Nesse caso, numa situação de luto, um homem pode comunicar a emoção de tristeza de forma a tentar inibir as lágrimas, pois socialmente espera-se que o homem não comunique dessa forma suas emoções. Já uma mulher, ao representar uma mesma situação de luto, poderá expressar deliberadamente as lágrimas.

      Atenciosamente,

      Bruna Navarone Santos

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    3. -> Continuação
      Nesse exemplo de diferentes representações sobre uma situação de luto, numa sociedade ocidental moderna, pode-se interpretar no senso comum que a mulher por ter chorado mais sofreu mais pela situação, em comparação com o homem que inibiu o choro. Como também pode-se representar de formas diferentes a mesma situação de luto evitando ou não outras expressões verbais e não verbais de tristeza, sofrimento, dependendo do gênero. Dessa forma, esses papéis de gênero podem influenciar que a pessoa não comunique o que está sentido diante do acontecimento, mas que comunique o que socialmente se espera dela de acordo com as expectativas de gênero.

      Atenciosamente,

      Bruna Navarone Santos

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  10. Os conhecimentos obtidos sobre acontecimentos sangrentos do passado como exemplo A Segunda Guerra Mundial, advém de relatos e memórias de sobreviventes de tais acontecidos. Tendo essa afirmação como base, quais as importâncias dessas memórias no ensino da História?
    Márcia Alves De Matos
    marciamatos1109@gmail.com

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    1. Márcia Alves de Matos,

      Muito obrigada pela reflexão!

      A importância dessas memórias no ensino de História diz respeito também a possibilidade de sensibilizar os alunos para os acontecimentos que são violações de Direitos Humanos. Para realizar essa sensibilização, sugiro propor aos alunos a leitura dos preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e buscarem identificar nesses testemunhos e memórias as violações desses preceitos.

      Atenciosamente,

      Bruna Navarone Santos

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  11. Olá, bom dia. Adorei seu aporte sobre a temática. Gostaria de saber se você teve oportunidade de observar a reação dos discentes ao verem os depoimentos e as memórias sobre ataque atômico em Hiroshima?
    As. Talyta Marjorie.

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    1. Talyta Marjorie,

      Muito obrigada pela consideração!

      Ainda não tive a oportunidade de apresentar os testemunhos e as memórias para os alunos, mas estou disposta a sugerir possíveis abordagens para apresentar!

      Atenciosamente, Bruna Navarone Santos

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    2. Talyta Marjorie,

      Meu e-mail para contato: bnavarone@gmail.com

      Atenciosamente, Bruna Navarone Santos

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  12. Primeiramente, parabéns! Seu trabalho está incrível!Mas qual seria a melhor forma de trabalhar esse assunto no 9° sendo que nos livros didáticos só falam de forma superficial e a algumas escolas (principalmentr as particulares) exigem o uso deles?

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  13. Primeiramente, parabéns! Seu trabalho está incrível!Mas qual seria a melhor forma de trabalhar esse assunto no 9° sendo que nos livros didáticos só falam de forma superficial e a algumas escolas (principalmente as particulares) exigem o uso deles?

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    1. Lucielli Moreira,

      Muito obrigada pela reflexão!

      Acredito que o professor pode construir seu próprio material, a partir desses testemunhos e memórias, e pedir para os alunos fazerem intervenções nesse livro, escrevendo e complementendo informações que o livro não está abordando.

      Atenciosamente,

      Bruna Navarone Santos

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  14. Ola!
    obrigado pelo texto!

    Gostaria de saber quais as possibilidades (se possível apenas duas) de se trabalhar em sala de aula, um relato de um sobrevivente do ataque de Hiroshima e/ou Nagasaki? Método, materiais, avaliação, etc.

    VICTOR LIMA CORRÊA

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