Alcimara Aparecida Föetsch


O CEMITÉRIO E SUA POTENCIALIDADE PEDAGÓGICA – RECURSO, FERRAMENTA E CAMPO DE ESTUDO


“[...] aeternam dona eis [...]”, ou seja, “dai-lhes o repouso eterno”, trecho da Liturgia Católica do Ofício dos Mortos (Miranda, 1999, p. 81), abre nossa reflexão centrada nos desassossegos, inconformidades, aflições e fantasias associadas ao desaparecimento do ser vivo em função da morte e as repercussões/ressonâncias edificadas na paisagem e perpetuadas na memória. Dentre as múltiplas perspectivas, delimitamos, neste diálogo, a necrópole enquanto recurso, ferramenta e campo de estudo explorando sua potencialidade pedagógica, um aceno ao que Pegaia (1967) batiza de estudo geográfico do cemitério.

Espaço-reduto da atividade fim da morte (Bittar, 2018) atende pelas alcunhas de campo-santo, ossuário, morada dos mortos, necrópole, espaço do enterro e inumação, ­­­­­dormitório e lugar do repouso eterno, este último enquanto eufemismo titulado para suavizar a incompreensível e inaceitável situação de desaparecimento do mundo natural.

As necrópoles, referências históricas e museus a céu aberto, se qualificam geograficamente enquanto campo de representação simbólica, significação e sociabilidades e, dessa forma, constituem objeto de investigação interdisciplinar se caracterizando, ademais, como organizações bibliotecárias que podem ser exploradas com intenções cívico-educativas (Catroga, 2001). Isso porque:

“[...] un cementerio es un complejo de obras de arte, significaciones, simbolismos, coreografías, estrategias, misterios, prácticas y seres humanos que de consuno y sin saberlo actúan creando un mundo espectacular más digno de admiración y de asombro que de temor”. (Grisales, 2017, p. 83).

Sublinhamos o caráter espetacular e teatral da necrópole para além do assombro e do temor que sua perspectiva pode inicialmente conjurar, é o que Grisales (2017) designa como “discreto encanto”. Acreditamos, desse modo, que os cemitérios podem inflamar profícuos diálogos interdisciplinares em especial nas Ciências Humanas a partir da História, da Geografia, da Arqueologia, da Arte, da Antropologia, da Política e da Economia, sobretudo, porque suas ferramentas analíticas são tensionadoras, ou seja, permitem ocupar-se e problematizar os modos de sentir, pensar e viver das sociedades (Bastianello, 2010). São espaços de lembranças vivas, locais onde se projetam valores, estruturas ideológicas e socioeconômicas (Bellomo, 2000), discursos produzidos e alimentados pelas razões e emoções do outro, dos que nunca morreram.

Enquanto potencialidade instrutiva, pesquisas e visitações guiadas aos cemitérios com fins pedagógicos subsidiam, de maneira ímpar, o (re)conhecimento do patrimônio cultural. É promissor recurso e considerável ferramenta didático-pedagógica, sobretudo por prover a possibilidade de se pesquisar em campo. Nos convida a refletir sobre as distintas formas de encarar a morte, o ritual e a espacialidade, perpassando pela proibição do enterramento ad sanctos (ou extra-muros, para Rodrigues, 1997), pelo discurso médico-higienista e pela Educação Patrimonial.

Perceber, investigar, decodificar e correlacionar os históricos sistemas religiosos e práticas diversas que, ao longo do tempo e no espaço, construíram e reconstruíram a territorialidade da morte é tarefa provocadora, visto que a paisagem contemporânea dos cemitérios é fruto da sobreposição de várias camadas de representações construídas (Cymbalista, 2002, p. 21). Espelho da sociedade, o cemitério evidencia o que Reis (1999) chama de ‘hierarquização das sepulturas’, provando que a morte igualitária é direito somente no discurso. De que forma ignorar tais inquietações em nossas práticas educativas?

É possível, em um roteiro sugestivo e convidativo, perceber o processo formativo dos cenários do passamento, a sobreposição e distinção de suas camadas de representação e estratificação. A teatralidade da morte se evidencia na ritualização do luto, na heroização do morto, na linguagem das celebrações e das práticas performativas. São repositórios do “fazer recordar” e acionam o papel difusor de referência e recordação oportunizando o direito à memória e a imortalização do falecido, demarcam enraizamento territorial. Isso, ao mesmo tempo em que encobertam mortos anônimos, os não reivindicados (representados na efígie da “anima sola”), estampam o abandono, calam almas solitárias e perpetuam o esquecimento.

Há também que se considerar, nesta proposição pedagógica, a turistificação do cemitério, as peregrinações a seus atributos, aos mortos santificados, sua categorização enquanto mercadoria e sua reciclagem simbólica atendendo aos que procuram por heróis, celebridades, santidades. Neste viés, ponderamos a patrimonialização da necrópole que, ao transcender sua função utilitária, sendo, portanto, um bem cultural, é repositório de identidade, pertença e espaço privilegiado de referência ancestral e icônica.

O envolvimento pedagógico possibilita, ademais, a formação de agentes multiplicadores que, ao explorar a realidade, partem para propagar perspectivas, difundir percepções, irradiar conhecimento. O cemitério, pode, destarte, se configurar como espaço educacional, arquitetando a definição de temas geradores e norteadores, problematizando questões em múltiplas áreas do conhecimento. Neste sentido, Bellomo (2000), ao analisar a arte, a sociedade e a ideologia em cemitérios do Rio Grande do Sul, sugere seis promissoras possibilidades: fonte histórica para preservação da memória familiar e coletiva; fonte de estudo das simbologias das crenças religiosas; forma de expressão do gosto artístico; forma de expressão da ideologia política; forma de preservação do patrimônio histórico; e, fonte de preservação das identidades étnicas. Condizendo, é o que Rigo (2010) ao discutir o cemitério enquanto fonte de inspiração cênica, propõe sob a alcunha de “Pedagogia Cemiterial”, ou seja, um roteiro a ser considerado quando da utilização do cemitério como recurso pedagógico.

Lugar de testemunho histórico e de lembrança, que “no es simplemente un depósito de restos humanos” (Guerrero, 2011, p. 204) é espaço de vivência e comunicação, onde se pode explorar: o estilo construtivo e as edificações (mini-igrejas, jardins, mausoléus, jazigos, capelas, covas rasas); as origens históricas e sociais (evolução dos lugares, elementos étnicos, genealogia, ideologias políticas, representações de poder, sincretismos, personagens icônicos); as manifestações artísticas da/para morte (arte tumularia artesanal, homenagens pictóricas, o fazer dos marmoristas, altares oratórios, adornos, iconografias, primorosos epitáfios, recordatórios, relicários); as oferendas e ex-votos (fotografias, santos de devoção, signos religiosos, objetos pessoais, mensagens bíblicas, hagiografias, instrumentos do ofício em vida, flores, coroas); e, a reprodução do ordenamento estrutural citadino (arruamentos, numeração de registro e identificação, placas informativas e decorativas, quadras, corretores, setorizações, frontispícios, instalações sanitárias).

Camara Cascudo (1971) com sua incontestável sentença: “Morre-se em qualquer parte do Mundo, sob a condição preliminar de estar-se vivo” (p. 93) nos atiça com o inatacável argumento de que se morre tanto em Pequim, quanto em Quixeramobim – e que bordão lídimo. E assim, concluímos: por que não usufruir, pedagogicamente, dessa teia infindável e melindrosa da morte? São, de fato histórias de “toda uma série de artimanhas, de mascaramentos, de evitações, mas também de criações de imaginário coletivo em relação a uma passagem obrigatória em toda existência humana” (Vovelle, 2004, p. 59), bem cultural e espaço privilegiado a serviço do pedagógico, à disposição da prática educativa.


Referências
Alcimara Aparecida Föetsch é pós-doutora em Geografia pela Universidade Federal do Ceará – UFC e professora adjunta do Colegiado de Geografia da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, Campus União da Vitória.

BASTIANELLO, E. M. T. Os monumentos funerários do Cemitério da Santa Casa de Caridade de Bagé e seus significados culturais: memória pública, étnica e artefactual – 1858 -1950. Dissertação (Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural) Universidade Federal de Pelotas. Instituto de Ciências Humanas. Programa de Pós-graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural, Pelotas, RS, 2010.

BELLOMO, H. R. Cemitérios do Rio Grande do Sul: arte, sociedade, ideologia. 2. ed. rev. ampl. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.

BITTAR, W. S. M. Da morte, dos velórios e de cemitérios no Brasil. In: Paisagens Híbridas. [S.l.], v. 1, n. 1, p. 178 a 205, out. 2018. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/ph/article/view/22039>. Acesso em: 24 jan. 2019.

CAMARA CASCUDO, L. da. Tradição, Ciência do Povo. Pesquisa na Cultura Popular do Brasil. Editora Perspectiva: São Paulo, 1971. (Coleção Debates – Etnografia).

CATROGA, F. Memória, história e historiografia. Coimbra: Quarteto, 2001.

CYMBALISTA, R. Cidades dos vivos. Arquitetura e atitudes perante a morte nos cemitérios do estado de São Paulo. São Paulo: Annablume, 2002.

GRISALES, G. El discreto encanto de los cementerios. Mundo Amazónico, 8(2), 2017. (p. 71-84). Disponível em: http://dx.doi.org/10.15446/ma.v8n2.64711, acesso em 16/12/2018.

GUERRERO, E. L. El Cementerio Central de Neiva (Huila): escenario de activación, reinterpretación y disputa de múltiples memorias. In: Universitas Humanística. n.72, julio-diciembre de 2011. (p. 189-210).

MIRANDA, E. E. de. Agora e na hora: ritos de passagem à eternidade. 2ª ed. Edições Loyola: São Paulo, 1999.

PEGAIA, U. A. Estudo geográfico dos cemitérios de São Paulo. Boletim Paulista de Geografia. nº 44. Outubro de 1967. (p. 103 - 120).

REIS, J. J. A morte é uma festa: rituais fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

RIGO, K. F. Pedagogia Cemiterial.  In: Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Piracicaba-SP. Anais. IV Encontro da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, 2010.

RODRIGUES, C. Lugares dos mortos na cidade dos vivos. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal da Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1997.

VOVELLE, M. Ideologias e Mentalidades. São Paulo: brasiliense, 2ª ed. 2004.


47 comentários:

  1. Parabéns pelo texto.
    O cemitério pode ser explorado interdiciplinamente,porém achei sua escrita muito presa ao teórico. Gostaria de saber alguma experiência na prática. Como se portou os alunos? As expressões dos mesmos e se foi feito algum trabalho em sala antes e depois da experiência de campo?
    Sueli Eva kwasniewski

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    1. Alcimara A. Föetsch9 de abril de 2019 às 04:57

      Bom dia Sueli,
      grata pelo comentário e contribuição.
      A proposta do texto foi teórica tendo em vista a necessidade da construção de uma leitura conceitual e, em função do tamanho restrito do formato do evento não foi possível incluir os exemplos práticos. Não realizei ainda nenhuma visita guiada ou atividade de campo nos cemitérios maiores, mas trabalho com os "cemitérios de anjinhos" de São João Maria, na região do Contestado, Sul do Brasil. Nestes, já fizemos algumas incursões com alunos, sobretudo orientandos de Iniciação Científica e Trabalhos de Conclusão de Curso. Os campos santos são muito convidativos às memórias e emoções, de fato, cada aluno expressa sua sensibilidade de diferentes formas e isso é resultante das distintas formas de vivenciar o luto, tão presente em nossa vida desde cedo. Como pesquiso cemitérios de crianças, o pesar é ainda maior, doloroso ver na prática a expressão material (sepulturas) dos que nasceram para não viver ou morreram cedo demais. A multiplicidade dos olhares enriquece muito nossa pesquisa, sempre acreditei que fosse primordial uma aula antes para especificar o que faríamos nos cemitérios, entretanto, isso direciona o olhar dos alunos. Vale também levá-los sem repassar nossas impressões antecipadamente e só depois trocar informações e percepções - é uma riqueza que só.
      Grande abraço,
      Alcimara A. Föetsch

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  2. Aproveito a oportunidade para felicitar e elogiar à escolha do objeto de pesquisa, em particular, as necrópoles, não em sentido restrito à uma em particular, porém em sentido universal, englobando na escrita acadêmica tal definição substantiva. Ao perceber tais interesses e sobretudo conhecer as potencialidades do objeto em questão, é necessário porém, alguns questionamentos. Em Belém do Pará, cidade do norte do Brasil, existe um dos cemitérios mais antigos do Brasil, o cemitério da Soledade, construido em meio à frondosas mangueiras que cerceiam os muros do cemitério, carrega além de uma incrível história sobre uma necrópole criada para sepultar vítimas da epidemia de febre amarela no século XIX; diversas obras de arte, como é o caso do jazigo do General Hilário Maximiliano, herói paraense da guerra do Paraguai, tendo atuado em diversas frentes e sendo figura importante na memória da guerra e na história paraense e tendo seu jazigo construido por Allegretti professor do Instituto de Belas Artes romano. Como não poderia deixar de ser notado por um grande profissional da área de história, possuo registros de uma visitação guiada deste cemitério pelo mestre e professor Eduardo Miranda, onde foi realizada uma visita guiada, levou à diversas considerações didático pedagógicas feitas acerca do processo para o corpo docente, já para os discentes a experiência levou à produção de uma exposição de fotografias, sob a tutela do professor, tendo sido de excelente receptividade, haja visto que a pesquisa se inseriu em um contexto maior, possibilitando um modelo de aula com fruição em outro nível de compreensão, aproximando o aluno da história. A pergunta que faço, é em relação à regionalização deste objeto, perguntando a respeito da realização de tal pesquisa em um possível espaço geográfico, se realizada na prática, em qual necrópole foi aplicado o estudo de campo e com qual perspectiva este estudo foi recebido?

    Luis Sérgio Bentes Lopes

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    1. Alcimara A. Föetsch9 de abril de 2019 às 04:48

      Bom dia Luis Sérgio,
      imensamente feliz e grata por sua contribuição e seus exemplos! A riqueza de detalhes e informações em sua escrita me permitiu até imaginar essa visita. Interessante também o encaminhamento metodológico a partir das fotografias. O texto que apresentei é resultante de reflexões posteriores ao meu pós-doutorado junto à Universidade Federal do Ceará. A pesquisa em fase inicial propunha analisar a sacralização da natureza e a simbologia da morte nos "cemitérios de anjos" de São João Maria, na região do Contestado, Sul do Brasil. Religiosidade popular e espaços sagrados eram minha perspectiva de análise, porém, os cemitérios acabaram surgindo enquanto elemento identitário agregador. E, a partir daí, comecei a ler mais sobre o assunto e como sou professora do Curso de Licenciatura em Geografia da Unespar, refleti um pouco sobre seu potencial didático-pedagógico. Ainda não realizei visitas guiadas aos cemitérios maiores, apenas aos meus cemitérios de anjinhos que são pequenos lugares de memória. Entretanto, aqui na região de União da Vitória, no Paraná, temos ótimos exemplos de necrópoles que revelam histórias e memórias dignas de trabalhos de campo.
      Profundamente grata por sua contribuição.
      Grande abraço,
      Alcimara A. Föetsch

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  3. Artigo e referências excelentes, parabéns.
    Hoje muitos cemitérios são considerados museus a céu aberto, com representações simbólicas, que perpetua a história da elite, como é o caso do Cemitério da Consolação em São Paulo.
    A minha pergunta é: Como podemos desconstruir essas representações mostrando o interesse e intenções dessa elite? Como podemos observar o desenvolvimento de uma cidade a partir dos cemitérios?
    Como surgiu o seu interesse em ter esse tema como objeto de pesquisa?

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    1. Alcimara A. Föetsch9 de abril de 2019 às 04:39

      Bom dia Gabriela,
      muito grata pelo comentário e pelas contribuições.
      Comecei a pensar os cemitérios, enquanto objetos de análise, a partir de uma pesquisa sobre São João Maria, na região do Contestado, quando trabalhei com os "cemitérios de anjos", ou de criancinhas. Aí, percebi o potencial dos campos santos como recurso pedagógico. Obrigada pelo exemplo do Cemitério da Consolação, vou procurar informações, sempre é bom contar com um repertório de casos semelhantes. De fato, os cemitérios explicitam material e imaterialmente a história da elite e acredito que esta desconstrução é difícil visto que a sociedade se construiu assim, com discursos hegemônicos - a necrópole só testemunha e atesta isso. Percorrendo o cemitério é possível sim perceber o desenvolvimento da cidade, os túmulos mais antigos, a localização deles, o estilo construtivo, as áreas periféricas e demais representações. Acredito que esse seja justamente o maior potencial enquanto ferramenta educativa, o de comprovar as diferenças e desigualdades sociais.
      Forte abraço,
      Alcimara A. Foetsch

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    2. Acabei não deixando meu nome completo na pergunta.
      Deixa aqui.
      Gabriela Maciel Ceccon

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  4. As necrópoles são objetos de análise pertinentes, haja vista que seus aspectos arquitetônicos revelam e preservam traços culturais e identitários de um povo e uma região através das expressões simbólicas contidas no conjunto de túmulos e estatuárias, os quais enfatizam características históricas, artísticas, religiosas e econômicas da sociedade em que estão inseridos.
    Contudo, a concepção das necrópoles enquanto museus a céu aberto ainda é restrita aos historiadores e pesquisadores dos estudos cemiteriais. Conforme argumento Rigo (2012), a dificuldade em difundir a temática nas escolas explica-se por esta se tratar de um tema “pesado”, tanto para os alunos, quanto para seus núcleos familiares, os quais relutam em aceitá-lo. Assim, quais seriam os cuidados metodológicos que os docentes interessados na temática devem considerar para elaborar uma aula e/ou projeto com visitação guiada ao cemitério?

    Parabéns pela contribuição e reflexões suscitadas.

    Taís Cristina Melero.

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    1. Alcimara A. Föetsch9 de abril de 2019 às 04:32

      Bom dia Taís,
      obrigada por seu comentário e contribuições.
      Como disse, os campos santos, enquanto objetos de análise, são pertinentes. Difundir a temática na escola (sobretudo na Educação Básica) é, de fato, tarefa provocadora. Porém, penso que somos bombardeados diariamente com informações e situações que nos desafiam a trabalhar, didaticamente, com os sentimentos e emoções. A necrópole representa essa complexidade. Nossas atitudes, ações e sentimentos frente a morte e o morrer são distintas, mas fluídas para alguns, mais problemáticas para outros - assim como vários outros assuntos e experiências. Nosso público escolar (alunos) heterogêneo e diverso exige uma série de cuidados no preparo desta e de qualquer outra aula ou visitação. Falar sobre religiosidade, por exemplo, em sala de aula, é tarefa complexa. Acredito que, como qualquer atividade extra-classe, todos os cuidados metodológicos devem ser tomados, adequados, logicamente ao perfil e idade da turma. Entretanto, talvez uma das maiores contribuições seja a de apresentar a necrópole justamente como museu, espaço pedagógico, onde se aprende Cultura, identidade, arquitetura, arte, religiosidade, economia, política, como você mesma destaca no comentário. Precisamos, de fato, nesta proposição, estar dispostos ao desafio de um novo "recurso metodológico".
      Grande abraço,
      Alcimara A. Föetsch

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    2. Desculpe por me intrometer, mas achei pertinente, já que também trabalho com essa temática há algum tempo, com alunos a partir do sexto Ano (e com outros interessados também), no Cemitério Municipal de União da Vitória, Estado do Paraná. Antes de uma visita a um "Campo Santo" deve-se preparar os alunos para o que vão ver e o o respeito que devem ter, já que poderemos encontrar durante as visitas, velórios ou visitantes de túmulos de entes que já se foram. Nessa hora, ainda em sala, é perceptível a resistência por parte de alguns alunos, seja por medo, ou pela imagem que o cemitério passa, acho que daí ser considerado um tema "pesado", mas quando percebe-se que o espaço cemiterial é apenas uma reprodução (ou continuação) do "mundo dos vivos", os olhares passam a ser direcionados por outra perspectiva e ao voltar o tema em sala de aula, o resultado é bem satisfatório em debates e avaliações. Na edição de 2016 deste Simpósio, escrevi um texto sobre o assunto, no qual segue o link para quem se interessar. http://simpohis2016.blogspot.com/p/a-vida-encontrando-morte-historia-da_26.html

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    3. Alcimara A. Föetsch10 de abril de 2019 às 04:53

      Bom dia, Tide querido!
      Grata demais por sua contribuição. Não é intromissão alguma, o diálogo construtivo é muito importante. Acredito que como qualquer outra temática, a morte, o morrer e a espacialidade do cemitério exige, quando de um trabalho de campo, uma preparação prévia que considere, sobretudo, a idade do público participante. Por serem temáticas "pesadas", ou seja, provocadoras, estimulantes e sensíveis, devemos mesmo considerar os imprevistos e reações. Porém, penso que não devemos dispensar esses assuntos e ferramentas didáticas, são valiosos meios de perceber nossas ações no mundo e depois dele...
      Grande abraço, vou ler seu texto!
      Conversamos melhor pessoalmente e agendamos uma visita.

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  5. Olá! Excelente escolha de objeto! Texto muito interessante. Cheguei uma vez a trabalhar brevemente a questão dos cemitérios numa aula num curso de pós-graduação em Humanidades, foi proveitoso, apesar de ter ainda sim sentido algum nível de resistência. Minha pergunta é, para a autora o desenvolvimento desse viés pedagógico que se presentificado nas representações, nos aspectos materiais, enfim, na constituição do cemitério, poderia ser aproveitado em qualquer nível e modalidade de ensino? Além de evidentes adequações de linguagem e abordagem , haveria alguma sugestão de especificidade em função de distintos públicos?

    Parabéns pelo texto.

    Kenia Gusmão Medeiros.

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    1. Alcimara A. Föetsch9 de abril de 2019 às 04:22

      Bom dia, Kenia!
      Muito obrigada por seu comentário e contribuição!
      Com certeza, há sim resistência. Luto, assombro e morte são temas que mobilizam o imaginário e, apesar de permearem nosso cotidiano, são sentidos e percebidos de formas distintas. Que interessante sua experiência, em um curso de Humanidades, acredito ter sido muito proveitosa mesmo. Talvez, justamente o assombro, o temor e a curiosidade sejam os maiores motivadores e instigadores de um trabalho junto ao cemitério, é possível sim, aproveitar disso em vários níveis e modalidades de ensino. Entretanto, acredito que a partir dos anos finais do Ensino Fundamental, no Médio e Superior (acadêmicos) se possa explorar com mais objetividade e concretude as possibilidades tanto materiais quanto intangíveis dos campos-santos. Crianças tendem a sentir mais medo e até achar graça, diversão. Sugiro que procure o trabalho (informações) da Clarissa Grassi, no cemitério municipal de Curitiba, ela possui visitas guiadas, inclusive noturnas, para atender a diversos públicos. Há alguns dias, programou uma visita com referência ao dia da Mulher, passando pelos túmulos das personalidades femininas sepultadas lá, super interessante (existem outros roteiros). Ressalto que criatividade e conhecimento histórico são fundamentais nesse tipo de trabalho.
      Grande abraço,
      Alcimara A. Foetsch

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  6. Olá, primeiramente excelente trabalho, gostaria de saber qual seria a idade/ turma ou ano das crianças ou adolescentes que participaram do projeto, e além disso se pretende trabalhar a questão do sujeito-objeto, uma vez, que como trabalha Pecheux, tem no corpo em discurso uma uma ligação legitimada pelo sujeito identificado com o presente. Novamente parabéns pelo incrível trabalho, importantíssimo no contexto atual onde certamente devemos repensar e ampliar conceitos de espaços de memoria e principalmente com estes devem ser incluídos no ensino de história.

    Jorge Luis de Souza Barbosa

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    1. Alcimara A. Foetsch9 de abril de 2019 às 04:18

      Bom dia, Kenia!
      Muito obrigada por seu comentário e contribuição!
      Com certeza, há sim resistência. Luto, assombro e morte são temas que mobilizam o imaginário e, apesar de permearem nosso cotidiano, são sentidos e percebidos de formas distintas. Que interessante sua experiência, em um curso de Humanidades, acredito ter sido muito proveitosa mesmo. Talvez, justamente o assombro, o temor e a curiosidade sejam os maiores motivadores e instigadores de um trabalho junto ao cemitério, é possível sim, aproveitar disso em vários níveis e modalidades de ensino. Entretanto, acredito que a partir dos anos finais do Ensino Fundamental, no Médio e Superior (acadêmicos) se possa explorar com mais objetividade e concretude as possibilidades tanto materiais quanto intangíveis dos campos-santos. Crianças tendem a sentir mais medo e até achar graça, diversão. Sugiro que procure o trabalho (informações) da Clarissa Grassi, no cemitério municipal de Curitiba, ela possui visitas guiadas, inclusive noturnas, para atender a diversos públicos. Há alguns dias, programou uma visita com referência ao dia da Mulher, passando pelos túmulos das personalidades femininas sepultadas lá, super interessante (existem outros roteiros). Ressalto que criatividade e conhecimento histórico são fundamentais nesse tipo de trabalho.
      Grande abraço,
      Alcimara A. Foetsch

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    2. Alcimara A. Foetsch9 de abril de 2019 às 04:20

      Bom dia, Jorge Luis!
      Grata pelo comentário e pela contribuição. Não se trata ainda de um projeto efetivo, mas de reflexões teóricas oriundas da minha pesquisa de campo com os "cemitérios de anjos" de São João Maria, na região Sul do Brasil. Senti necessidade de aprofundar o diálogo teórico e relacionar com as questões pedagógicas visto que sou professora do Curso de Licenciatura em Geografia. Acredito que, salvas as devidas proporções e abordagens, um trabalho de campo nos cemitérios pode ser atrativo e convidativo para qualquer idade (desde novos, somos confrontados com o sentimento de luto, perda e ausência). Não conheço a discussão sobre sujeito-objeto nesta perspectiva que você apontou, se puder especificar e/ou indicar uma referência, agradeço muito. De fato, os lugares de memória precisam ser constantemente revisitados e chamados à nossa prática, sem eles, corremos o risco de perder nossas referências e identidades. Forte abraço.
      Alcimara A. Foetsch

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  7. Bom dia, Jorge Luis!
    Grata pelo comentário e pela contribuição. Não se trata ainda de um projeto efetivo, mas de reflexões teóricas oriundas da minha pesquisa de campo com os "cemitérios de anjos" de São João Maria, na região Sul do Brasil. Senti necessidade de aprofundar o diálogo teórico e relacionar com as questões pedagógicas visto que sou professora do Curso de Licenciatura em Geografia. Acredito que, salvas as devidas proporções e abordagens, um trabalho de campo nos cemitérios pode ser atrativo e convidativo para qualquer idade (desde novos, somos confrontados com o sentimento de luto, perda e ausência). Não conheço a discussão sobre sujeito-objeto nesta perspectiva que você apontou, se puder especificar e/ou indicar uma referência, agradeço muito. De fato, os lugares de memória precisam ser constantemente revisitados e chamados à nossa prática, sem eles, corremos o risco de perder nossas referências e identidades. Forte abraço.

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  8. Pietro Ferrari da Costa9 de abril de 2019 às 10:23

    Gostaria de parabenizar pelo texto objetivo e elucidativo. Percebo que na nossa cultura, o cemitério é visto como um lugar que traz angústia e sensações negativas no indivíduo, no entanto, muito diferentemente, pude perceber no Cemitério Père-Lachaise, em Paris, que essa questão mórbida não é tratada pelos visitantes com desprezo, mas com fascínio. Na sua opinião, essa questão cultural pode atrapalhar na inserção do cemitério como objeto de estudo, aplicado em práticas pedagógicas? Se sim, qual seria a solução para incentivar esse tipo de recurso pedagógico?

    Pietro Ferrari da Costa

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    1. Alcimara A. Föetsch10 de abril de 2019 às 04:59

      Bom dia Pietro,
      grata pelas contribuições!
      Com certeza, muito difícil resistir aos nossos "pré-conceitos" e deixar de lado as questões culturais que nos moldam. Tanto é, que percebemos, mesmo na academia, uma clara relutância por parte de alguns professores e alunos quando do trato deste tema. Inseri-lo nas práticas pedagógicas então, mais complicado ainda, não é tarefa aceita por qualquer um. Penso que não há uma solução específica, esta escolha deve servir aos que se sentem confortáveis, caso contrário, será mais um recurso didático que, além de não auxiliar, atrapalha... nossa sociedade ocidental encara as questões relacionadas à morte com muito receio e distância, sendo assim, estudar seus lugares (campos santos) e inseri-los na escola/universidade ainda é trabalho completo.
      Grande abraço,
      Alcimara A. Föetsch

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  9. Boa tarde, sou estudante do último ano do curso de história, ano passado tive uma matéria chamada "história das religiões" em uma das aulas fizemos uma visita ao cemitério de Maringá, e pude observar que cada tumulo conta sua história e conta também algum tipo de ritual como por exemplo: velas, cartas, comidas, entre outras coisas deixadas pelos familiares. A partir disso é possível afirmar que o cemitério se relaciona com outros espaços em uma organização que permite o dialogo com a sociedade?
    Geovana Rissato Garcia

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    1. Alcimara A. Föetsch10 de abril de 2019 às 05:02

      Geovana, bom dia!
      Obrigada pelo exemplo e contribuição.
      Sim, o cemitério se relaciona diretamente com a sociedade (é espelho), pensado, produzido e edificado por ela. E, dessa forma, revela muito sobre suas particularidades. Como escrevi no texto, fala mais sobre os vivos do que sobre os que já se foram, mas as oferendas, ex-votos e rituais nos ajudam a contar a história/memórias em muitas escalas e perspectivas. Imagino que sua experiência deva ter sido muito interessante, em especial, por estar vinculada à uma disciplina tão provocadora. São muitos os exemplos pelo Brasil e pelo mundo que comprovam a relação direta dos que permanecem nesse mundo com aqueles que já se foram.
      Grata, forte e carinhoso abraço.
      Alcimara A. Föetsch

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  10. Boa tarde! Quero parabenizar pelo trabalho, excelente discussão, que nos faz pensar os vários elementos que podemos trabalhar a partir dos cemitérios, como a história de um povo, as relações sociais, a economia, a religião, a arte, a política. Partindo disso, minhas indagações são a respeito dos costumes, como é possível a partir dos cemitérios pensarmos a cultura e a identidade de um povo, e como podemos perceber a partir dos cemitérios a resignificação dos costumes da sociedade ao longo dos anos?
    Ass: Ana Cristina Rodrigues Furtado

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    1. Alcimara A. Föetsch10 de abril de 2019 às 05:14

      Bom dia, Ana,
      obrigada pela contribuição e por sua questão, muito interessante e provocadora. Acredito que não basta selecionarmos qualquer cemitério para a pesquisa ou o trabalho de campo, é necessário um conhecimento prévio alicerçado em informações históricas bem fundamentadas. Caso contrário, sua utilização enquanto recurso pedagógico será comprometida. Cito como exemplo os cemitérios utilizados pela genealogia para construção de históricos familiares, muito contam e auxiliam nas questões culturais e identitárias. As necrópoles antigas evidenciam na paisagem (materialidade) e nas memórias/rituais (aspectos intangíveis) ressignificações ao longo do tempo, basta um olhar detalhado e apurado para perceber desde os estilos construtivos aos ex-votos. É com certeza uma viagem!
      Grande abraço,
      Alcimara A. Föetsch

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  11. Alcimara, seu texto foi o primeiro que li aqui no simpósio.
    Me chamou muito a atenção o título e foi muito prazeroso ler seu o trabalho.
    Ele nos chama a um olhar diferenciado para esse lugar que nos remete à tristezas, angústias e medos.
    Perceber o cemitério em diferentes perspectivas: geográfica, geracional, religiosa, e/ou arquitetônica, por exemplo, é maravilhoso.
    Agora, penso que é difícil para o educador e educandos assumirem os cemitérios como espaços pedagógicos, já que muitos os tem como lugares sombrios.
    Na sua experiência de visitas pedagógicas ao cemitérios, houve/há resistências ?

    Abraço

    Eliane de Mesquita Sabino dos Reis

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    1. Alcimara A. Föetsch10 de abril de 2019 às 05:19

      Eliane, querida! Bom dia!
      Feliz em saber que meu texto te despertou curiosidades e inquietações!
      É realmente um espaço diferenciado, porém, privilegiado. Talvez, justamente por despertar esses sentimentos tão bem pontuados em sua fala. Isso deriva do nosso jeito ocidental de conviver e resistir à morte, sempre rodeada de sofrimento, angústia e sensação de perda - o luto é vivenciado de distintas formas. Certamente, não é todo educador que aprecia a agradabilidade do cemitério enquanto recurso pedagógico e isso deve sim ser respeitado - não almejamos criar desconfortos. Trabalho com cemitérios de anjos, ou seja, cemitérios de criancinhas, e a despedida infantil é muito mais dolorosa, são os que nasceram para não viver. Há sim resistência, há tristeza, porém, esses sentimentos tem contribuído para despertar a curiosidade acerca de quais relações sócioespaciais contribuíram para as mortes prematuras - e isso é fantasticamente positivo. Lógico que muitos alunos/acadêmicos são mais sensíveis, para alguns é difícil por conta de perdas recentes ou traumas. Mas vale a pena tentar... é instigador!
      Grata pelo diálogo, forte e carinhoso abraço.
      Alcimara A. Föetsch

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  12. Cumprimentos a autora!
    O texto é uma aula. Na completude dos escritos, compreendendo a relevância desse espaço, indago: como tornar o espaço local e campo de estudos? A dúvida é, pois, sendo o cemitério ambiente tão marcado por lendas, medos e fantasias; que usá-lo gera estranheza e até posições contra essa exploração. O que se tem de método, de possiblidades que fazem dessa atividade legítima e enriquecedora.
    Douglas Felipe Gonçalves de Almeida.

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  13. Boa tarde Alcimara, parabéns pelo trabalho e por compartilhar conosco. Moro em uma cidadezinha bem pequena, menos de 4 mil habitantes(Lidianópolis-PR), onde as religiões pautadas no cristianismo são majoritárias. Neste sentido a morte não é assunto para uma discussão pedagógica ainda. Não que concorde com isso. Aliás o cemitério fica do lado da escola, muito oportuno para a realização de aulas e pensar o assunto do ponto de vista histórico, filosófico, sociológico, geográfico e artístico. Sempre que caminho por ele faço tais leituras e me pego pensando o quanto seria interessante trazer para a escola, para as aulas a temática. Contudo, um questionamento: Você fala em um dos comentários que preparar antes em sala poderia induzir o olhar do aluno ou interferir. Mas levá-los ao cemitério ou a qualquer outro espaço fora da escola requer uma problematização e proposta antes. Concorda? Como pensar isso pedagogicamente? Isto também pensando no seu próprio questionamento de "por que não usufruir, pedagogicamente, dessa teia infindável e melindrosa da morte?"

    Profª Simone A Quiezi

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  14. Boa noite. Seu texto trouxe apontamentos interessantes a respeito do cemitério como recurso pedagógico. Nunca tinha tido essa visão de que um espeço, a grosso modo, que serve para deposito de restos mortais humanos, fosse espaço de toda uma construção simbólica e ritualística em seu espaço.

    Minha pergunta é: em suas pesquisas, quais as outras áreas do saber você percebeu que também buscam o cemitério como possibilidade de estudo ou ensino e aprendizagem? (Exceto historiadores). Ou quais outras áreas escrevem sobre o assunto?

    Como tive muitas aulas em cemitérios no curso de História, acabei tendo mais uma visão histórica e social a respeito dos cemitérios como espaço de aprendizagem. Gostaria que você pudesse sugerir quais são as possibilidades dentro da geografia em utilizar o cemitério como possibilidade de ensino.
    Obrigada.

    Neidi Natalia Skakum

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  15. Muito relevante a reflexão a cerca da utilização do cemitério ou afins como meios de pesquisa de campo. Penso que dentro do ensino de História poderia ser um meio interessante para se trabalhar história da cidade, sem dúvidas instigaria muito os alunos!
    Parabéns pelo trabalho!

    Greiciane Farias da Silva

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  16. Gabriele Gois de Jesus10 de abril de 2019 às 16:40

    Olá, eu gostei muito do trabalho e confesso que nunca tinha ouvido falar e nem muito menos pensado no cemitério como ferramenta pedagogica.
    o que eu gostaria de saber é se, há um roteiro, ou algo do tipo, disponivel para ajudar a utilizar esse recurso/ferramenta na sala de aula ou como campo de estudo/pesquisa mesmo?
    Grata.
    Gabriele Gois de Jesus

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  17. Me interesso muito pela temática da escrita a qual você se propôs a fazer e, seguindo o viés teórico do texto, gostaria de entender melhor de que forma os escritos de Bellomo nos permite pensar e estudar as formas de expressão da ideologia política presentes em cemitérios ao fazer uma possível propagação do ensino relacionado a esse assunto?

    Augusto Agostini Tonelli

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  18. Parabéns pelo excelente trabalho. Gostaria de perguntar de que forma o cemitério pode ser trabalhado pensando na relação passado/presente, tendo em vista o mundo globalizado e quais cuidados o professor enquanto mediador deve ser ter ao trabalhar tais questões?
    Taynara Zulato Rosa

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  19. Trabalho com o estágio em uma comunidade pequena no norte de Minas Gerais. O local surgiu com o garimpo e possui em seu interior um cemitério que era local de enterro de escravos. O chamado "cemitério de escravos" era constantemente utilizado como campinho de futebol e local de brincadeira pelos jovens, que não possuiam informações acerca da importância da conservação do local. Após a observação destes problemas, foi feito um trabalho de conscientização na localidade, que visava alertar a comunidade para a necessidade de preservar o local. Após a intervenção, ode-se perceber que o local tornou-se mais respeitado, recebeu limpeza, placas de identificação e tornou-se um ponto de turismo. Os alunos receberam lições de história local, conhecendo o surgimento de sua localidade, e também foi pretexto pra trabalhar a mineração e as desigualdades que ela trouxe e que ainda persistem no local. A utilização de cemitérios como ferramentas pedagógicas é válida, desde que sejam traçados os objetivos e que se trabalhe com os alunos a necessidade de tal abordagem.Agradeço sua colaboração e, gostaria e saber se você acredita que há um roteiro, uma forma de abordar o cemitério, sem perder a importância histórica e relacionando ao cotidiano dos alunos?

    Agradeço!

    Gerfeson Carvalho dos Santos

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  20. Bom dia Alcimara, parabéns pelo texto, você nos trouxe debates muito pertinentes. As questões relacionadas ao patrimônio, fontes históricas e identidades culturais presentes nesses espaços de memória enquanto aporte pedagógico me chamaram atenção, e você os trouxe de maneira didática. No Brasil, a imagem do cemitério enquanto um lugar que suscita o medo e mitos pode ser considerada uma tradição inventada? Se sim, quando esse caráter passou a vigorar? Seu tema e artigo são interessantíssimos, muito obrigada.
    Cristina Santos Lucio

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  21. Simplesmente sublime a proposta, Alcimara. Lembro-me de quando li, em um livro que agora não me recordo o nome, de que a História é a "ciência dos mortos". A sua proposta, ao que me parece, suscita justamente essa perspectiva. Mas algo me provoca inquietação ainda: como apresentar essa perspectiva sem criar, inequivocamente, um distanciamento entre a realidade presente dos alunos com um passado "morto"? Como construir esse meio de ligação sem que os alunos dispersem do fio condutor do raciocínio?
    Felipe Monteiro Pereira de Araújo

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  22. Alcimara, tudo bem?
    Como posso usar o cemitério na sala de aula. Você tem alguma sugestão?

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  23. O texto é incrível e é uma grande contribuição para aqueles que querem pensar esses lugares como objecto de estudos e análise. Fiquei interessado nas sugestões bibliográficas e vou aprofundar essas leituras. O seu trabalho do mestrado está disponível online? Foi a partir dele que você ampliou para essa reflexão?

    JOSÉ ANCHIETA BEZERRA DE MELO

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  24. JOÃO GUILHERME DA TRINDADE CURADO11 de abril de 2019 às 17:54

    Parabéns, o texto é muito instigador e abriu inúmeras possibilidades de pensar sobre Goiás a partir do referencial apresentado no artigo. É bastante inquietante poder pensar a história por meio dos registros escritos e visuais de cemitérios. Gostaria de saber um pouco mais de como chegou a esta relação super-interessante entre o cemitério e a pedagogia?

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  25. Olá, Alcimara, tudo bem?
    Primeiramente gostaria de lhe parabenizar pelo texto e dizer que o achei muito instigante. Sou graduando em história - licenciatura e de certo modo já havia me ocorrido de futuramente levar meus futuros alunos para conhecer cemitérios históricos, o túmulo de Alvares de Azevedo e o da Marquesa de Santos (Domitila, "a amante de Dom Pedro I), mas me sobreveio uma pequena dúvida que embora simples, talvez muitos tenham se perguntado:
    "Nesta ida e utilização do cemitério enquanto local de estudo e aprendizado, tal ida seria bem vinda em uma ida com alunos de ensino médio, por exemplo, pois sabemos que ainda se existe um certo tabu, fora o fato de que ir com um grande número de pessoas não seria algo muito bom. Ou deveríamos nos reter apenas à pesquisas na universidade ou idas com grupos menores de alunos da graduação e ainda assim que já tivessem uma maturidade?"

    Muito obrigado pela atenção!
    Parabéns pelo texto!
    Forte abraço!

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  26. Boa noite, ótima foi a abordagem a fim de trabalhar com um patrimonio tão importante e tão cheio de histórias, mitos e lembraças, como o cemitério.
    Além de proporcionar visitas guiadas a população, quais são as outras maneiras de explorar mais e apresentar ao público as biografias, arquitetura, geologia, simbologia e arte, a partir dos túmulos, assim como trabalhar com a questão social presente na sociedade?
    Julia Costa Martins

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  27. Alcimara, voce afirma que o cemitério enquanto objeto de estudo da História "sugere seis promissoras possibilidades: fonte histórica para preservação da memória familiar e coletiva; fonte de estudo das simbologias das crenças religiosas; forma de expressão do gosto artístico; forma de expressão da ideologia política; forma de preservação do patrimônio histórico; e, fonte de preservação das identidades étnicas".

    Tendo em vista essas possibilidades, quais as limitações que um cemitério cristão apresenta e quais os desafios que um cemitério que não seja cristão traz para o pesquisador?

    Parabéns pelo texto e obrigado pela oportunidade de diálogo.

    Pedro Emílio Paradelo.

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  28. olá! excelente trabalho! muito interessante o tema proposto. gostaria de saber o que te motivou na escolha do tema?

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  29. João Felipe Pereira11 de abril de 2019 às 20:02

    Parabéns pelo excelente trabalho, muito rico de informações.
    O cemitério igualmente foi colocado na pesquisa é um local excepcional de riqueza de cultura material, que nos ajuda a pensar na história do lugar e dos sujeitos históricos que ali estão.
    Na sua visão, com o avanço a cada vez maior das cidades estes espaços estão sendo atingidos diretamente, sem falar na cultura de cremação que está presente entre a postulação. O que você acha que pode ocorrer com esses espaços? Podemos perder essa cultura material e essa história trazida pelos cemitérios? O que isso pode atingir diretamente no conhecimento e educação dos jovens?
    Atenciosamente;
    João Felipe Pereira

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  30. Parabéns pelo trabalho, Alcimara!
    Gostaria de saber se dentro desta abordagem pedagógica incrível sobre cemitérios, associando ao "tabu" existente nas questões da morte, do morto e de seus detalhes artísticos, iconográficos e escritos, é cauteloso integrar a psicologia ao se tratar desta fonte de memória em sala de aula para alunos do ensino médio? O trato da morte como condição natural, tal como é, deve ser eufemizado ou normalizado?

    Thamyres de Jesus Rodrigues Nascimento

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