Introdução
Com o advento da Nova
História Cultural e o alargamento das fontes, o historiador pode pensar a
história a partir de diversas perspectivas que resultam em novas
possibilidades. Em nossos dias, a história vista pelo âmbito da Nova História
Cultural se torna plural, dialogando com a interdisciplinaridade e se
utilizando de uma diversidade de fontes que antes
não poderiam ser
trabalhadas.
As fontes que antes
deveriam ter unicamente caráter oficial se abrem em um leque de possibilidades.
Possibilidades estas que podem refletir a história por diversos âmbitos, como,
por exemplo, debruçando-se simplesmente a partir do som. Afinal, para muitos
historiadores o som que uma cidade traz em seu cotidiano pode falar um pouco da
sua história, já que os sons em nosso dia-a-dia são marcas constantes. No
entanto, muitos sons que faziam parte das cidades, em nosso cotidiano são
apenas lembranças.
A música dos
alto-falantes em praças e ruas das cidades, os sons dos sinos das igrejas, que
sempre há mesma hora soavam em alto e bom som, como também a canção da Ave Maria Sertaneja, entoada às 18 horas
todos os dias da semana em forma de agradecimento e oração nas rádios da
cidade. Sons tão presentes no cotidiano da cidade, como a gritaria nas feiras
entre aqueles que queriam vender e os que se propunham a comprar, o apito das
fábricas de tecidos, como também o barulho das máquinas trabalhando, e o som
ensurdecedor do trem ao passar pelos trilhos são documentos que estão guardados
na memória coletiva da população dessas cidades, e em nossos dias o historiador
pode rumar para tais possibilidades de trabalho como fontes da história.
O som sempre esteve
presente no mundo e na história. É inegável que o cotidiano nos trouxe sons que
a cada dia deixam rastros da história da sociedade em nossas vidas. Segundo
Moraes (2000):
“Sons e ruídos estão
impregnados no nosso cotidiano de tal forma que, na maioria das vezes, não
tomamos consciência deles. Eles nos acompanham diariamente, como uma autêntica
trilha sonora de nossas vidas, manifestando-se sem distinção nas experiências
individuais ou coletivas.” (MORAES, 2000, p. 204)
Um som que está
presente na vida de todas as pessoas e que pouco a pouco ganha seu espaço na
história, seria a música. A combinação de harmonias e ritmos formam o que conhecemos
como música, uma das artes mais antigas que a humanidade já conheceu e que está
todos os dias presente em nosso cotidiano (MORAES, 1983).
No entanto a música no
formato de canção pode ainda ter uma série de elementos que lhe formam. Para
Villaça (1999), a canção
é o:
“Complexo conjunto
composto pelos elementos musicais por excelência: harmonia, ritmo, melodia,
arranjo, instrumentação – e por uma série de outros elementos que compõem sua
forma: a interpretação e os signos visuais que formam a imagem do intérprete, a
performance envolvida, os efeitos timbrísticos e os recursos sonoros utilizados
na gravação [...] a estes elementos acrescenta-se à letra da canção e toda a
sua complexidade estrutural, à medida que qualquer signo linguístico, associado
a um determinado signo musical, ganha outra conotação semântica, que extrapola
o universo de compreensão da linguagem literária.” (VILLAÇA, 1999, p. 330)
Seja na arte ou no
amor, seja na tristeza ou na alegria, a música está presente em nosso
cotidiano. Ela atravessa nosso dia a dia sem nos darmos conta de sua
importância. Da infância e juventude, até aquelas que tocaram em momentos
importantes de nossa vida, a música permeia nossa vivência.
A memória e a música
conseguem caminhar em concordância, pois, aguçam sentimentos que já estavam
esquecidos. Ao tocar, estas memórias revivem-se com uma mistura de saudade e
afeição. Marcam amigos, amores, família, trabalho, dificuldades e felicidades
e, quando reproduzidas, as memórias dessas pessoas com saudosismo retornam em
imagens e nostalgia.
A música também nos
mostra algumas porções que remetem a história. Torna-se importante fonte
histórica em face do seu caráter memorialístico, representativo de uma época.
No Brasil, temos como principal exemplo, as músicas compostas no período de
ditadura militar, que, serviam como forma de resistência àquele período e
denunciavam o silêncio e as torturas que pessoas contra o regime sofriam. Nesta
perspectiva, a música também pode ser entendida na sociedade como uma nova fonte
histórica.
Suportes
musicais para a pesquisa historiográfica
Em diversas músicas
podemos encontrar narrativas de outras épocas que podem ser valiosas aos
estudos históricos. Mais importante que saber disso, é fazer sua análise, o
que, de fato, é imprescindível para a apropriação de detalhes que contam um
pouco da história. Contudo, nem sempre o historiador condicionou-se com a utilização da música como fonte. Isto
se dava principalmente pelo discurso historiográfico que não aceitava a
utilização de fontes que não vinham de caráter oficial.
Na pesquisa histórica,
as fontes musicais ganham crescente espaço e do ponto de vista metodológico são
consideradas pelos historiadores como objetos e fontes primárias novas e
desafiadoras. Contudo, no estudo da canção, os historiadores de ofício chegaram
atrasados, já que a área de Letras e de Ciências Sociais já haviam descoberto e
consagrado à canção a algumas abordagens, antes de os historiadores utilizarem
a música como fonte (NAPOLITANO, 2008).
Segundo, Blomberg
(2011):
“Assume-se que houve
pouco contacto dos historiadores com a música no Brasil. Atualmente corroboram
para esta visão, uma análise quantitativa de artigos em periódicos e de teses e
dissertações. Esta situação parece não ser privilégio do Brasil, segundo a
autora Miriam Chimenés, o quadro se repete em seu país, a França” (BLOMBERG,
2011, p. 422).
Este trabalho iniciado
nos anos 1970 pelos Estudos Literários e pelas Ciências Sociais da análise da
canção de certa forma influenciou os historiadores. O estudo literário dá
destaque ao parâmetro poético da canção, ou seja, a letra como foco principal
da análise, e no estudo das Ciências Sociais são enfatizados os atores sociais
envolvidos na criação, produção e consumo da música (NAPOLITANO, 2008).
De acordo com Baia
(2011):
“Até 1981, foram
realizados cerca de vinte pesquisas na pós-graduação nos Estados de São Paulo e
Rio de Janeiro que podemos considerar fundadores de um campo de estudos
acadêmicos [...] De uma maneira geral, três questões estiveram mais presentes,
como problemas para as pesquisas do período, explícitos ou de forma latente: a)
as questões envolvendo a letra das canções, suas relações com a poesia
literária e suas intenções com o texto musical; b) as relações da produção
musical com a indústria e o mercado; c) as relações entre a música popular e a
questão étnica no Brasil.” (BAIA, 2011, p. 68)
Hoje os historiadores
focam suas reflexões principalmente em três suportes da música com métodos e
objetivos diferentes: A Musicologia
histórica; a Etnomusicologia e a Música Popular.
A Musicologia histórica concentra-se no estudo da vida e obra dos
compositores, como também das formas eruditas, segundo Baia (2011):
“O termo
“musicologia”, que denomina (ou deveria denominar) a disciplina de estudos
científicos da música, contém uma ambiguidade. Ele é, por vezes, empregado no
sentido de um amplo campo interdisciplinar de estudos da música, enquanto texto
e contexto, no qual os músicos seriam os especialistas nas questões relativas
ao material sonoro propriamente dito. Por outro lado, a Musicologia como disciplina
acadêmica acabou historicamente associada, ao menos até por volta dos anos
1980, a apenas um dos seus ramos originais, a Musicologia Histórica” (BAIA,
2011, p. 205).
A Etnomusicologia enfoca o estudo das formas e manifestações musicais
dos grupos comunitários, de caráter socialmente integrador ou ritualístico,
cuja prática musical não está voltada essencialmente à industrialização e ao
consumo de massa (NAPOLITANO, 2008).
Para Baia (2011):
“É unanimemente aceito
que a primeira vez que o termo Etnomusicologia apareceu impresso foi em 1950 no
subtítulo do livro de Jaap Kunst Musicologia, rebatizado nas edições
posteriores como ‘Ethnomusicology’,
mas Merriem faz a ressalva de que a palavra já estava em uso corrente entre os
pesquisadores no momento. Em 1955, foi fundada nos Estados Unidos, como
sucessora da American Society for
Comparative Musicology que teve curta existência nos anos 1930, a Society for Ethnomusicology –SEM, que
viria a ser uma poderosa e influente instituição. O termo Etnomusicologia foi
aceito quase imediatamente” (BAIA, 2011, p.207).
Se na Musicologia se
trabalha com a análise de partituras, com a evolução dos instrumentos musicais
e com a documentação escrita feita pelos compositores e críticos, na
Etnomusicologia se enfatiza o “trabalho de campo”, no qual o pesquisador faz o
papel do etnógrafo, produzindo uma determinada documentação a partir dos
agentes de uma determinada perfomance musical, podendo obter vários suportes,
como vídeos, fitas, entre vários outros que, com o passar dos anos, pode se
constituir em corpus documental a ser utilizado por historiadores da cultura e
da música, que irão se debruçar sobre o material etnográfico transformado em
fonte histórica (NAPOLITANO, 2008).
O terceiro suporte de
reflexão seria a da Música Popular,
que é produzida pela indústria fonográfica e audiovisual e que tem colocado as
fontes de maneira diferente. Até meados dos anos 1970 a música era composta e
produzida para ser ouvida e dançada, sendo o fonograma, assim, o principal
suporte da produção musical urbana. A partir dos anos 1980, da ascensão dos
vídeo-clipes e da participação dos cantores em apresentações em programas
televisivos passou-se a produzir a música cada vez mais para ser vista, muitas
vezes subordinada ao império da imagem, embora a dança continue sendo um
elemento fundamental da experiência sociomusical (apesar de o filme-música
também fazer isso, mas em menor escala entre as décadas de 1930 a 1950). Desse
modo, o historiador já pode deslumbrar um futuro que representaria a integração
dos suportes sonoros e audiovisuais, principalmente devido à internet
(NAPOLITANO, 2008).
Todavia, o fonograma é
o corpus documental do pesquisador em Música Popular do século XX, e entre o
início da década de 1900 e a década de 1990 o fonograma impresso em diversos
discos de formatos diferentes constitui um patrimônio documental muito pouco
explorado. Segundo Napolitano (2008):
“A rigor, não existe
um levantamento completo desse material, ou seja, aquele trabalho inicial dos
historiadores e arquivistas que é o estabelecimento das fontes. Para o caso dos
78 RPM, que foram produzidos de 1902 a 1964, existe um catálogo geral
organizado com apoio oficial, no início dos anos 1980, mas a conservação desse
riquíssimo acervo documental deveu-se mais aos colecionadores particulares do
que aos órgãos oficiais da cultura. Para o formato LP (o popular “vinil”) ou
compactos (duplos e simples), não existe sequer um levantamento amplo dos
lançamentos realizados pelas gravadoras entre 1951 e 1990, período conhecido
como “Era do LP”. Muitas matrizes foram perdidas ou destruídas pelas próprias
empresas e mais uma vez o acervo particular dos colecionadores é o tesouro a
ser descoberto, mapeado e estudado pelos historiadores.” (NAPOLITANO, 2008, p.
256-257).
Portanto, fica
evidente que o historiador tem uma gama de objetos e métodos diferentes para
sua pesquisa sobre música, mas ainda muitos encontram algumas dificuldades em
relação ao diálogo entre música e história. Afinal, segundo Baia (2011), apenas
na década de 1980, temos o primeiro estudo acadêmico no meio historiográfico
sobre a música popular, por exemplo:
“O primeiro estudo
acadêmico realizado na pós-graduação na área de História sobre música popular
urbana no Brasil foi defendida em 1980. Teriam que passar mais seis anos para
que a área produzisse outro trabalho de pós-graduação com tema relacionado à
música popular. No período que vai de 1980 a 1999 foram encontrados 35
trabalhos, sendo 27 dissertações de mestrado, 6 teses de doutorado e 2 de livre
docência [...] realizados na área de História em São Paulo e no Rio de Janeiro,
que são fundadores de uma historiografia acadêmica desenvolvida em programas de
pós-graduação em História” (BAIA, 2011, p. 91).
Algumas dificuldades
encontradas entre os historiadores para desenvolver tais estudos relacionados à
música, segundo Napolitano (2008), seriam a de não ter uma formação em música,
na análise da linguagem musical, escrita em partitura ou registrada em
fonograma. Segundo Moraes (2000), o historiador deve superar essas
dificuldades:
“Um dos obstáculos
gerais colocados às investigações no campo da música é a dificuldade em
circunscrevê-la como uma “disciplina” voltada claramente para a produção do conhecimento
[...] Certamente esse é um problema sério, não o único, mas que deve ser
superado. Essa dificuldade não pode ser impeditiva para o historiador
interessado nos assuntos relacionados à cultura popular, como não foram, por
exemplo, as línguas desconhecidas, as representações religiosas, mitos e
histórias e os códigos pictóricos. Na realidade, essas linguagens não fazem
parte de fato do universo direto e imediato do historiador, mas nenhuma delas
impediu que esses materiais fossem utilizados como fonte histórica para
desvendar e mapear zonas obscuras da história. Deste modo, mesmo não sendo
músico ou musicólogo com formação apropriada e especifica, o historiador pode
compreender aspectos gerais da linguagem musical e criar seus próprios
critérios, balizas e limites na manipulação da documentação (como ocorrem, por
exemplo, com a linguagem cinematográfica, iconográfica e até no tratamento da
documentação mais comum).” (MORAES, 2000, p. 209-210)
Dessa maneira, os
historiadores de ofício teriam de enfrentar tais dificuldades de questões
teórico-metodológicas para conseguir fazer o diálogo entre história e música de
forma proveitosa.
Considerações
finais
A música pode ser
trabalhada como fonte história a partir de diversas perspectivas. O diálogo
entre história e música consegue: mostrar a temporalidade em que tal música foi
composta, o que estava acontecendo no entorno do compositor e também demonstrar
seu caráter memorialístico representando uma época, entre uma variedade de
outros questionamentos que podemos nos debruçar a fazer.
Contudo, tal qual
percebemos, muitas possibilidades podem ser pensadas e repensadas, destinando
uma gama de discussão histórica que foi possibilidade a partir do advento da
Nova História Cultural. O Brasil tem uma cultura enorme que pode ser discutida
a partir de várias fontes de pesquisa diferentes. O que importa é trazer à
baila temas diversos e sempre pensar nas novas possibilidades que eles podem
nos trazer. Desta feita, esperamos que outras pesquisas possam surgir a partir
dessa temática, utilizando essa ponte tão profícua entre Música e História e
relacionando-as quem sabe, ao cotidiano e às práticas socioculturais. A
reflexão por meio da harmonia, do ritmo e até mesmo do gênero musical
escolhido, como o samba, por exemplo, para se trabalhar a música é outro meio
efetivo de pensar sobre a história.
Para Costa (2010) a
análise musical:
“Pode nos fornecer
dados com preferências do público, sobre formar e gêneros mais em voga, sobre
classe social que a sustenta e sobre fontes de importação, além de outros
fatores. É de suma importância pensarmos que o documento musical apresenta um
caráter polissêmico, onde perduram vários códigos que podem ser decifrados.”
(COSTA, 2010, p. 112)
Assim, a partir da
história cultural, da interdisciplinaridade e principalmente do alargamento das
fontes temos a possibilidade de transformar um objeto de entretenimento e até
mesmo de manifestação artística em fonte de pesquisa de aspectos de vivência
cotidiana, de seus produtores e ouvintes. Para o historiador a música não tem
apenas o objetivo de lazer, de entretenimento, não é apenas a trilha sonora do
seu romance, ou aquela música que acompanha sua solidão, mas a música fala e
nos conta muito sobre cotidiano e história e justamente por isso é fonte
histórica.
Referências
Glauber Paiva da Silva é Doutorando
em História pelo programa de Pós-Graduação da Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE) e Mestre em História pela mesma instituição. Possui
graduação em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e participa
do Núcleo de Pesquisa e Extensão em História Local (NUPEHL) da Universidade
Estadual da Paraíba como pesquisador vinculado a outras instituições na linha
de pesquisa: Espaço, Cultura e Sociabilidades. Atualmente desenvolve pesquisa
na área de História Cultural, com ênfase em Festas, Lazer, Espaços, Identidade
e Cultura Nordestina. Este artigo é um fragmento da minha dissertação de
mestrado intitulada “Práticas e representações nordestinas na musicografia de
Jackson do Pandeiro (1953-1981)”.
BAIA, Silvano Fernandes. A historiografia da música popular
no Brasil (1971-1999). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011.
BLOMBERG, Carla. Histórias da música no Brasil e
musicologia: uma leitura preliminar. Projeto História N° 43. Música e Artes.
Dezembro, 2011.
COSTA, Manuela Areias. Música e História: as Interfaces das
Práticas de Bandas de Música. Caminhos da História. Vassouras, 2010.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História e música: canção
popular e conhecimento histórico. Revista Brasileira de História N°39. São
Paulo, 2000.
MORAES, J. Jota de. O que é música. Editora brasiliense. São
Paulo, 1983.
NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: A história depois
do papel. In: Fontes Históricas. PINSKY, Carla Bassanezi. Editora Contexto. São
Paulo, 2008.
VILLAÇA, Mariana. Propostas metodológicas para a abordagem
da canção popular como documento histórico. II Simpósio Latino-Americano de
Musicologia. Fundação Cultural de Curitiba, 1999.
Olá, boa tarde gostaria de saber se é possível o historiador desenvolver a pesquisa sobre a musicologia histórica nos tempos modernos para dialogar relacionada a área historia com a música ?
ResponderExcluirJoão Vitor Dias Oliveira
Boa noite, João Vitor.
ExcluirÉ possível sim utilizar a musicologia histórica em nossa contemporaneidade. Creio que seja uma área ainda não tão abordada por historiadores, mas, que de certa forma, aos poucos está ganhando visibilidade. Agora é necessário cuidado com relação a temporalidade que se vai trabalhar nessa perspectiva, e um certo conhecimento na área musical.
Obrigado pela pergunta.
Glauber Paiva da Silva.
ResponderExcluirBoa noite Glaber! Gostei da sua comunicação é um tem a muito pertinente. A música está associada com o momento histórico em períodos de banalização cultural temos temas com teor apelativo, épocas de exceção música de protesto. A música produzida no período colonial no Brasil era destinada a uma elite. Em sala de aula o importante é o diálogo que possível entre a música e momento em que ela foi produzida.
Cumprimentos ao autor!
ResponderExcluirTexto brilhante! Congratulações. Indago-o pela leitura esclarecedora se a música (a letra sobretudo) pode ser usada como fonte histórica para o ensino de história, ou ao menos como material para desenvolvimento de aulas de história social/cultural; compreendendo que como o texto coloca a música tem toda uma circunstância nela inserida e nela aplicada intencionalmente.
Douglas Felipe Gonçalves de Almeida.
Agradeço as palavras, Douglas.
ExcluirA utilização da letra da música é a maneira mais utilizada por professores em sala de aula, pelo simples motivo de que pode-se fazer diversas reflexões a partir dela, desde o contexto histórico em que a letra da música foi escrita até mesmo ao que o autor queria demonstrar com tal letra. Então ela pode sim ser trabalhada para o ensino de história, principalmente quando pensamos uma em uma história cultural.
Agradeço pela pergunta.
Glauber paiva da Silva.
Olá bom dia, a que se deve ao fato da musica como fonte histórica ainda ser tão pouco utilizado entre os historiadores no advento da Nova História Cultural, seriam principalmente pelas dificuldades que você cita no texto, ou você acha que se deve também ao fato de outros tipos de fontes serem mais consolidadas entre os historiadores?
ResponderExcluirObrigado desde ja
Gilberto Carlos Rosalino
Obrigado pela pergunta, Gilberto.
ExcluirBom, temos que entender que o alargamento das fontes para os historiadores acontece apenas no inicio do século XX por meio dos Annales. Antes os historiadores tinham a premissa de trabalhar apenas com fontes oficiais, isso por compreenderem que essa tais fontes lhe proporcionariam uma história factual. Apenas no inicio do século XX esse panorama começa a mudar e vemos alguns historiadores utilizarem timidamente a música. No Brasil temos o exemplo de Gilberto Freyre, mas ainda havia muita resistência a isso. Se na Europa ainda havia, imagina no Brasil que tais discussões só chegaram depois? Por tal motivo a música como fonte historiográfica só adquiri simpatizantes no Brasil por volta da década de 80 e 90. Evidentemente que por conta disso no Brasil vemos outras fontes bem mais consolidadas, como por exemplo, os jornais. Entretanto, aos poucos a música está ganhando uma base, pela crescente das pesquisas de Pós-Graduação.
Espero que tenha conseguido responder a pergunta, e novamente obrigado pela questão.
Glauber Paiva da Silva.
Olá Glauber, parabéns pelo texto.
ResponderExcluirEu estudo a relação entre as poesias homéricas e o nascimento da história. Eu gostaria de saber qual sua visão sobre as contribuições da música contemporânea para o fazer historiográfico?
Carolina Lima Costa
Obrigado pela pergunta, Caroline.
ExcluirDe antemão temos que delimitar o que seria música contemporânea. Seria a música que está tocando em nossas rádios ou internet? Em nossa década? Em nosso século? A partir disso é necessário levantar dados que nos ajudem a compreender de onde vem essas músicas, qual o estilo música, quais as letras abordadas, entres diversos questionamento. Após tudo isso conseguiremos sim observar contribuições para uma pesquisa historiográfica, acredito que principalmente da premissa cultural, para se refletir quais as motivações para tal música contemporânea está em foco na sociedade.
Não sei se consegui te responder claramente, mas espero que sim. Obrigado pela pergunta.
Glauber Paiva da Silva.
Parabéns pelo artigo, Glauber. As potencialidades da canção como fonte histórica são inquestionáveis, e é sempre bom refletirmos a criticamente a respeito de nossas fontes como historiadores. Uma questão trabalhada pelo NAPOLITANO, e reapresentada em seu artigo é bastante relevante, a questão do estabelecimento das fontes quando trata-se de Música Popular, de eventariar os discos produzidos pela Indústria, que é uma questão limite. Pensando nisso, gostaria de perguntar se vc considera importante como fonte o uso de artista que produziram fora da grande Indústria Cultural, gravando por selos e gravadoras pequenas, no subterrâneo, no "underground ", fora do "maintream", os meios alternativos, também possam constituir uma importante fonte para o estudo do passado?
ResponderExcluirFrander de Oliveira Pires.
Obrigado pela pergunta, Frander.
ExcluirÉ algo muito pertinente pensarmos esse tipo de música popular fora da indústria cultural. O papel do historiador, parafraseando Ginzburg, é investigar, ser de fato um detetive em busca dos fios e dos rastros, e observar nichos que fluem de um locus micro e não apenas macro. Sobretudo para pensarmos um campo que não foi consagrado pela indústria cultural e que também é importante para o período histórico em que está inserido. Cabe ao historiador pesquisar não apenas uma verdete de fonte (mesmo sendo mais fácil) mas tentar o dialogo com o maior número de fontes possíveis, já que, nessa perspectivas, tais gravadoras pequenas podem também demonstrar mesmo sendo feitas no mesmo período, uma escrita diferente em suas letras de músicas em comparativo das outras feitas pela indústria cultural. E esse é apenas um dos motivos do porque tais fontes também são importantes para a pesquisa historiográfica.
Glauber Paiva da Silva.