Pedro Aurélio dos Santos Luiz


IDEIAS HISTÓRICAS SOBRE A RELAÇÃO FUTEBOL E POLÍTICA NO BRASIL [2019]: UMA PROPOSTA DE PESQUISA EM HISTÓRIA E ENSINO


Investigar os usos, funções e formas que o conhecimento histórico assume na sociedade é papel do historiador, visto que através desse conhecimento é possível enxergar as estruturas que compõe as mais complexas relações sociais e compreender o comportamento humano.

Não é de hoje que no Brasil percebemos uma relação próxima entre práticas culturais e as tomadas de decisões políticas, onde só é possível evidenciar essa proximidade através do estudo do conhecimento histórico que circula na sociedade em geral, não apenas aquela voltada aos especialistas. Exemplificando, vemos cada vez mais ícones esportivos se tornarem representantes políticos, grandes eventos se apropriarem de marketing partidário, ou mesmo arquibancadas se tornarem movimentos sociais organizados.

Esse fenômeno social pode ser apropriado por pesquisas de variados campos de estudo da História como a Didática da História, a História Política, a História Pública, até mesmo a História por meio do Futebol.

Logo, o projeto em questão busca compreender um aspecto característico que marca a História recente do Brasil, a relação entre Política e Futebol, contudo, através do olhar do aluno de Ensino Médio.

A proposta é perceber de que forma a História contribui para o entendimento da relação Futebol e Política em alunos de Ensino Médio. Essa relação está presente no conhecimento histórico dos alunos? Futebol tem alguma relação com a Política no Brasil? De que maneira essa relação auxilia na formação do conhecimento histórico? Faz sentido aproximar uma prática cultural tão popular no Brasil com a História Política brasileira? De que maneira essa relação é evidenciada pelos jovens estudantes brasileiros?

Para tanto, acredita-se que seja necessária uma articulação entre estudos de autores de várias áreas da História, como as já mencionadas acima, para solucionar essa especulação.

Primeiramente, a contribuição de Jörn Rüsen para o estudo da Didática da História, onde o autor entende a história relacionada à vida prática das pessoas, não apenas dentro da escola, mas também fora dela. No caso, a Didática da História se preocupa com as formas de elaboração da consciência histórica, o saber histórico que circula na sociedade e dentro da escola a forma que a disciplina de História é apreendida, o que se apreende e o deveria ser apreendido, até onde há cientificidade nas narrativas históricas.

A História Política que René Rémond propõe voltada a interlocução dos aspectos políticos com os mais variados campos do saber também retém a atenção em se trabalhar com a investigação proposta neste projeto pois dinamiza a historiografia política e fundamenta uma possível relação entre o futebol e as tomadas de decisões políticas.

Em pesquisas sobre narrativas históricas circulantes na sociedade é importante compreender de que maneira o conhecimento histórico é apropriado pela sociedade e quais seus mecanismos de propagação, desta forma, a História Pública é uma área de atenção na articulação da temática aqui proposta. Obras como ‘Introdução à História Pública’ [2011] de Almeida e Rovai e ‘História Pública no Brasil [2016] de Mauad, Almeida e Santhiago trazem uma discussão recente do compartilhamento da história como conhecimento científico com os mais variados públicos e de modo inter-relacional, transdisciplinar.

Além disso, mesmo que não seja o objetivo principal do projeto realizar uma historiografia política do Brasil ou uma História do Futebol no Brasil, estudos históricos que entendem a história do Brasil através do Futebol vão auxiliar na compreensão das narrativas históricas de alunos sobre a relação política e futebol. Alguns estudos que trabalham com essa perspectiva são: ‘A dança dos deuses’ [2007] de Hilário Franco Júnior, ‘Memória Social dos esportes: futebol e política’ [2006] de Silva e Santos, ‘O negro no futebol brasileiro’ [2003] de Mário Filho, entre outros.

Norteado por tais análises, o problema aqui proposto é compreender as ideias históricas dos alunos de Ensino Médio sobre a relação Política e Futebol no Brasil, articulando variadas noções históricas, como de permanências e mudanças, noções de fontes e evidências, interpretação, narrativa, além de ideias substantivas, conceitos históricos gerais, como ditadura, revolução, ideias de espaço/tempo, histórias nacionais, etc.

Tem-se o entendimento a piori de que a relação entre Política e Futebol no Brasil compõe um problema de orientação da vida prática dos sujeitos que pertencem ao contexto brasileiro a partir do século XX. A fundamentação para tal é a de que um esporte que surge como prática da elite se torna atividade popular de cunho identitário e que passa ser representativo na ascensão social de estratos marginalizados demonstra que algumas características históricas possibilitaram que esse fenômeno ocorresse numa sociedade tão complexa como na história do Brasil recente.

A História, segundo Rüsen [2010], através de competências da consciência histórica, busca resolver problemas práticos de orientação. Unindo a tese de que o Futebol é fator que pode condicionar ações políticas da sociedade brasileira com a perspectiva de que a História questiona e instiga compreensão racional e científica das ações humanas, justifica-se a escolha da temática na análise de narrativas de um grupo de jovens estudantes brasileiros para compreender se este fenômeno tem algum sentido no cotidiano desses jovens e em que dimensão isso ocorre. Além de percebermos de que maneira se articulam as ideias históricas em alunos de Ensino Médio, que nível científico compõe as narrativas desses jovens, que noções históricas são utilizadas na fundamentação de argumento racional para os problemas de vida prática.

A pesquisa já fora aplicada em caráter inicial na dissertação de mestrado, e busca neste momento aprofundar as questões aqui apresentadas visto que o primeiro estudo instigou inúmeras especulações referentes a relação Política e Futebol na História do Brasil sobre olhares de estudantes de Ensino Médio. Percebeu-se que os alunos utilizaram ideias históricas complexas para articularem problemas do cotidiano, sendo que fundamentaram suas narrativas em saberes especializados que estão presentes em variadas mídias, contudo, a presença de narrativas fragmentadas e simples também alertou para alguns problemas de compreensão histórica que fazem parte da História Pública.

Sendo assim, a relevância de uma pesquisa mais abrangente e que analise uma amostragem diferente se dá na perspectiva de que o tema e a metodologia ainda possuem uma gama considerável de exploração, visto que pode proporcionar avanços nas pesquisas em Didática da História, Educação Histórica, História Pública, entre outras áreas.

A pesquisa tem como objetivo principal analisar de que maneira as ideias históricas de alunos de Ensino Médio tratam a relação entre Futebol e Política no Brasil e se esta relação tem sentido em suas vidas práticas.

Como objetivos específicos buscaremos compreender:

1)          Que noções históricas são articuladas na fundamentação racional dos alunos diante de carências de orientação do cotidiano?
2)          A História está relacionada à vida prática?
3)          A História é entendida pelos alunos como conhecimento científico?
4)          Existe alguma relação histórica entre Futebol e Política no Brasil?
5)          É viável entender a História do Brasil através do Futebol de acordo com os alunos pesquisados?

DESCRIÇÃO DAS FONTES, METODOLOGIA E REFERENCIAL TEÓRICO
Acredita-se que a proposta de pesquisa se enquadra melhor numa dinâmica qualitativa, sendo que não haverá preocupação com um número exorbitante na amostragem, pois pode haver defasagem na análise minuciosa das narrativas colhidas durante a aplicação dos variados instrumentos de coleta de dados. Pensa-se, dessa forma, na utilização do método de pesquisa conhecido como ‘Grounded Theory’, inspirado principalmente nos escritos de Kathy Charmaz [2009].

‘Grounded Theory’ ou Teoria Fundamentada é um método de pesquisa que surge nos EUA na década de 1960 com Glaser e Strauss e propõe análises qualitativas em estudos em ciências sociais. O método surge em decorrência do conflito com preceitos positivistas que estavam em alta e busca dinamizar o modo de interpretação das realidades sociais pesquisadas no período.

A Teoria Fundamentada passou por reformulações com o decorrer dos anos, surgindo algumas correntes específicas de acordo com os trabalhos publicados, principalmente diante do conflito metodológico adotado por seus expoentes. É quando se diferenciam seus métodos de abordagem em ‘Grounded Theory’ clássica [Glaser], ‘GT full conceptual description’ [Strauss e Corbin] e ‘GT construtivista’ [Charmaz]. Basicamente, as divergências entre essas correntes é a rigidez das categorias que surgem no decorrer da pesquisa e a abrangência da pergunta principal, onde a vertente clássica faz críticas a reformulação proposta por Strauss e Corbin devido a descaracterização do poder analítico do pesquisador.

Posteriormente com a popularização da GT no meio acadêmico outros autores puderam reelaborar os pressupostos adotados em seu surgimento. Desta forma, Kathy Charmaz publica ‘A construção da Teoria Fundamentada’ [2009], quando dá início ao que chamamos de Teoria Fundamentada construtivista, que dá certo relativismo ao conhecimento. Construtivista devido ao reconhecimento que a produção do conhecimento ocorre de maneira recíproca entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa, levando em consideração a dimensão do significado.

Com isso, entendendo a vertente construtivista mais apropriada à pesquisa, alguns pontos devem ser esclarecidos sobre o método: a) não existe uma pergunta de pesquisa a priori; b) os dados são [co]construídos, construção simultânea entre pesquisador e pesquisados, através de variadas técnicas [questionários, entrevista semi-estruturadas, análise textual, Grupo Focal, etc.]; c) existe uma categoria principal que se articula às demais categorias que vão surgindo no decorrer da pesquisa.

Em síntese, a GT propõe a aplicação de técnica de recolhimento de dados que quando analisados construirão categorias específicas que demandarão a aplicação de novos procedimentos que apresentarão novos memorandos e assim sucessivamente até obter dados que atendam a categoria principal e que possibilite o entendimento de uma realidade social.

Como fonte para a compreensão do problema apresentado neste projeto utilizar-se-ão narrativas de estudantes de Ensino Médio da rede pública e/ou privada. A construção dessas fontes será viabilizada pela aplicação de procedimentos específicos que serão propostos em sala de aula, onde a cronologia de aplicação surgirá de acordo com a demanda de memorandos construídos.

Logo, algumas técnicas são possíveis e já reconhecidas por outros trabalhos acadêmicos, a exemplo da submissão de questionários escritos, que podem identificar conhecimentos prévios como visto no trabalho de Isabel Barca [2007], ou mesmo a organização de Grupo Focal que percebe na interlocução das narrativas dos sujeitos pesquisados uma alternativa para construção de dados [GATTI, 2005]. Além da execução de algumas atividades que instiguem o estudante a analisar os questionamentos do pesquisador, como análises de fontes documentais como jornais, redes sociais, mídias eletrônicas, livros, e o enfrentamento destas fontes, a exposição de filmes sobre o tema, entre inúmeras outras atividades que podem proporcionar ao aluno pesquisado base para a fundamentação das questões apresentadas.

Narrativas de jovens estudantes é matéria-prima para pesquisas em Ensino de História, em específico no campo de pesquisa em Didática da História e na especialidade de análise Educação Histórica.

Acredita-se na utilização simultânea da Didática da História e da Educação Histórica porque as percebemos como complementares, mesmo que em alguns pontos elas se distanciem.

Por Didática da História entendemos um campo de pesquisa do papel da História na opinião pública, analisando qual e como os saberes históricos circulam na sociedade. Essa função didática se compromete com a introdução de saberes históricos científicos para as explicações de mundo a partir da investigação das ideias dos sujeitos, pois identifica carências de orientação e projeta um raciocínio histórico como norte reflexivo. Bergmann [1989/90] ainda complementa dizendo que ideias históricas estão intimamente presentes na compreensão do comportamento humano, pois os sujeitos agem de acordo com as respostas que dão aos problemas do cotidiano, de maneira que resgatam experiências passadas e que refletem em ações futuras. O engajamento da Didática da História se volta à cultura histórica, ao pensamento histórico, à consciência histórica, não apenas dentro da escola.

Para aprimorar a análise para dentro do universo escolar, acredita-se que o uso das pesquisas em Educação Histórica apresenta grande valia. A Educação Histórica é uma especialidade de análise do vasto campo de pesquisa em Ensino de História, onde direciona seu foco para o ensino e aprendizagem histórica no ambiente escolar. A problemática da Educação História se volta a como os alunos aprendem história e para que serve tal aprendizado, partindo dos conhecimentos históricos que os mesmos carregam, se distanciando de uma aprendizagem transpositiva que outrora fora pensada [RAMOS, 2013].

Para Peter Lee [2006], um dos expoentes da Educação Histórica, a especialidade tem como objetivo a “literacia histórica”, termo que remete a um “letramento histórico”, um modo específico de “ler o mundo” a partir da História. Para tanto, o autor esclarece alguns conceitos históricos específicos que possibilitam a compreensão das narrativas históricas dos sujeitos. Lee entende que conceitos substantivos são ideias históricas gerais, normalmente tratados como conteúdo disciplinar, ditadura, imperialismo, revolução, etc. Por conceitos de segunda ordem são aqueles relativos à cognição histórica, como noções de interpretação histórica, noção de evidência, mudanças e permanências, entre outras ideias referentes à natureza do conhecimento histórico.

Embora percebamos muitas proximidades entre a Didática da História e a Educação Histórica que auxiliarão no desenvolvimento da tese aqui proposta, é importante descrever que em alguns aspectos elas se diferenciam. Primeiramente suas matrizes teóricas, a Didática da História vem de uma corrente de filósofos da História alemã [Rüsen, Begmann, Pandel], já a Educação Histórica surge de pesquisas em ensino e aprendizagem histórica de vertente inglesa [Lee]. Outro ponto é que a Didática da História não tem foco apenas na aprendizagem histórica dentro da escola, a Educação Histórica sim, mesmo que leve em consideração saberes históricos trazidos de outros ambientes. A Educação Histórica também tem interesse na progressão do conhecimento histórico, pois parte da premissa de um “letramento histórico”, logo se volta também à currículos escolares, ao processo de aprendizagem dentro da escola e também à uma potencialização da cognição histórica por parte de alunos e professores.

Nesta pesquisa acreditamos que a interlocução de ambas [Didática da História e Educação Histórica] pode enriquecer o poder analítico das narrativas pois viabiliza o entendimento das ideias dos alunos em múltiplos ambientes, ancorado em pressupostos que reconhecem uma autonomia do aprendizado histórico pautado em saberes especializados e não-científicos, sendo que a reflexão proposta da relação entre história, política e futebol abrange gamas diversas de construção do conhecimento histórico, essa dinâmica é composta por saberes escolar, científico e público.

Pautaremos a tese em algumas áreas específicas do estudo da História que viabilizem a compreensão das ideias históricas de alunos do Ensino Médio sobre a relação Política e Futebol no Brasil contemporâneo. A pesquisa se enquadra na linha de estudo sobre o Ensino de História, com foco em narrativas históricas de jovens estudantes tendo como premissa a relação entre uma prática cultural popular [Futebol] e ações políticas.

Em Ensino de História, voltaremos nossos olhares às pesquisas em Didática da História e Educação Histórica. Em Didática da História algumas obras devem compor o arcabouço teórico da pesquisa, principalmente os escritos de Jörn Rüsen como sua trilogia ‘Teoria da História: Razão Histórica, Reconstrução do Passado e História Viva’ [coleção traduzida para o português pelo professor Estevão de Rezende Martins, publicada em 2010]. Tais livros descrevem toda a fundamentação teórica utilizada por Rüsen para entender o processo de construção do conhecimento histórico científico e sua pretensão de racionalidade relacionando-a a vida prática humana. Outras obras de Rüsen como ‘Teoria da História: uma teoria da história como ciência’ [2015] e ‘Jörn Rüsen e o Ensino de História’ [textos de Rüsen compilados em uma obra de Schmidt, Barca e Martins no ano de 2011] também compõe esse referencial teórico para a compreensão das operações mentais que traduzem o conhecimento histórico como indissociável da vida prática e dotada de racionalidade científica, além de seus usos e funções dentro e fora da escola.

Sobre Educação Histórica, os textos de Peter Lee explicitam os conceitos históricos capazes de analisar as narrativas coletadas durante a pesquisa, fazendo uma fundamentação acerca da compreensão do termo ‘literacia histórica’ e da importância do ensino e aprendizagem histórica [‘Em direção a um conceito de literacia histórica’, 2006; ‘Por que aprender História?’, 2011].

Pesquisadores portugueses e brasileiros também complementam tais pressupostos e trazem uma gama a mais de experiências na aplicação de tais fundamentos da Didática da História e da Educação Histórica como no caso, ‘História e Vida: o encontro epistemológico entre Didática da História e Educação Histórica’ [ALVES, 2013], ‘Perspectivas em Educação Histórica [BARCA, 2001], Literacia e Consciência Histórica’ [BARCA, 2006], ‘Educação Histórica: uma nova área de investigação’ [BARCA, 2005], ‘Para uma definição de Didática da História’ [CARDOSO, 2008],  ‘A didática da história para Jörn Rüsen: uma ampliação do campo de pesquisa’ [CERRI, 2005], ‘Educação Histórica: uma articulação orgânica entre investigação e ação’ [RAMOS, 2013], ‘O parafuso da didática da história: objeto de pesquisa e o campo de investigação de uma didática da história ampliada’ [SADDI, 2012],  ‘Educação Histórica: a constituição de um campo de pesquisa’ [GERMINARI, 2011], entre outras obras.

Para a fundamentação teórica sobre a relação Política e Futebol, historiadores políticos da corrente chamada Nova História Política auxiliarão na busca pela dinamização dos estudos históricos sobre política na história do tempo presente, de tal maneira, Por uma História Política [RÉMOND, 2003] e Por uma História do Político [ROSANVALLON, 2010], discorrem sobre a conceituação do campo do político e da política, além de analisarem essa reformulação das pesquisas na área, promovendo uma discussão sobre opinião pública, eleições, ideias políticas, com um viés transdisciplinar, recorrendo à Ciência Política, Antropologia, Sociologia e afins.

Sobre a história do Brasil por meio do futebol, há uma bibliografia especializada que pode fornecer material essencial para promover a relação desta prática esportiva com a política brasileira trazendo fontes documentais e relatos orais que enriqueceram a discussão. ‘A Dança dos Deuses’ [FRANCO JR, 2005], ‘Futebol e populismo: O esporte das multidões e a política das massas’ [SCHLATTER, 2009], ‘Memória Social dos esportes’ [SILVA e SANTOS, 2006], entre outras obras descrevem momentos específicos da História do Brasil que puderam explicitar que maneira a prática do futebol pôde condicionar o comportamento social, desde questões raciais, de gênero, formação de movimentos sociais, influências econômicas e uso político.

Uma interface adequada para o entendimento da dinâmica do futebol para com a sociedade brasileira pode ser melhor compreendida através das pesquisas em História Pública. Por História Pública entendemos uma valorização da História para além da academia, uma democratização do conhecimento histórico. Não que promova uma relativização da ciência da História ou seu descrédito, mas que busque “[...] reflexões sobre a atuação do profissional capaz de estimular a consciência histórica para um público amplo, não acadêmico” [ALMEIDA e ROVAI, 2011, p. 7]. “[...] pensamos e falamos historicamente, e esse é o modo pelo qual nos posicionamos na cultura” [ALBIERI, 2011, p. 28], é o modo pelo qual o futebol pode ir do apoio à oposição a regimes políticos, quando uma ação política deixa de fazer sentido, quando o pensar historicamente passa a questionar mecanismos de dominação.

REFERÊNCIAS
Pedro Aurélio dos Santos Luiz é mestre em História Social pela Universidade Estadual de Londrina
ALBIERI, S. História pública e consciência histórica. In: ALMEIDA, J. R.; ROVAI, M. G. O. (org.). Introdução à História Pública. São Paulo: Letra e Voz, 2011.
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2 comentários:

  1. Futebol e política andam juntos há muito tempo, e não só no Brasil. De fato não é muito percebido isso nos alunos do ensino médio que observam o esporte apenas no seu entretenimento. Você acredita que o professor de Educação Física ou de Sociologia poderia contribuir apontando suas visões sobre essa perspectiva? Por que os Livros Didáticos omitem essa questão? Existe preconceito na Academia com relação aos estudos sobre futebol por ser esporte popular (e com isso não se desenvolve pesquisas nesse sentido)?

    Rodrigo de Souza Pain e Walace Ferreira.

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  2. Olá,
    Pesquisadores em Educação Física e Sociologia têm sim MUITO a acrescentar ao debate, visto que a maior produção científica sobre futebol se encontra na área da Educação Física (Giglio e Spaggiari, 2010).
    Os livros didáticos por muitas vezes não veem o potencial nas fontes sobre futebol para se trabalhar história, contudo, isso não é determinante, acredito que seja apenas uma questão de tempo para isso acontecer. Porém, livros didáticos na disciplina em Educação Física por vezes se utilizam da História por meio do futebol (http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/edfisica.pdf).
    Sobre preconceito na Academia, nunca experienciei tal fator. Pelo contrário, o interesse normalmente é grande, ainda mais na crescente que se encontram as pesquisas sobre culturas populares e História Pública.

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