ENSINO DE HISTÓRIA E DE GEOGRAFIA: DESAFIOS E
REFLEXÕES PARA A PRÁTICA DOCENTE INTERDISCIPLINAR
As áreas da História e da Geografia constituem-se
nas principais Ciências Humanas ensinadas na Educação Básica das escolas
brasileiras. Os conhecimentos abordados por elas constituem a base dos saberes
que crianças e jovens possuem sobre as relações que os homens estabeleceram com
o tempo e o espaço desde a organização da vida em sociedade. Assim, é de
fundamental importância problematizar esses saberes e questionar: afinal, o que
se ensina e o que se aprende em História e Geografia? Qual a relação entre
esses conhecimentos, os vindos dos referenciais teóricos das ciências de
referência, e os empíricos, experienciados por alunos e docentes no cotidiano
escolar?
Essas perguntas apresentam aspectos profundamente
complexos e polissêmicos, e não é pretensão desse trabalho esgotá-las. No
entanto, são questões fundamentais para que o processo de ensino-aprendizagem
nas áreas de História e Geografia se concretize de maneira eficaz e garanta a
construção dos conceitos fundantes dessas áreas.
Na estruturação atual da formação de professores no
Brasil, a docência nessas áreas é separada conforme o título adquirido na
graduação: assim, pedagogos trabalham História e Geografia, e também as demais
áreas de conhecimento, na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental – o que corresponde, atualmente, a alunos entre 4 e 10 anos,
aproximadamente – e licenciados em História e Geografia atuam com a docência
desses componentes curriculares, nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no
Ensino Médio, atendendo a alunos entre 11 e 17 anos, considerando a faixa
etária regular e sem distorções de idade/série, bastante comuns no contexto
educacional brasileiro.
Essa divisão na formação gera lacunas em todos os
profissionais, independente da formação: da mesma forma que docentes que atuam
nos Anos Finais e Ensino Médio pouco conhecem o processo de construção dos
conhecimentos nas crianças – a não ser, muitas vezes, por suas lembranças como
alunos –, licenciados em Pedagogia, que atuam nos Anos Iniciais, por vezes
sentem falta de uma base conceitual maior, e sentem-se inseguros ao trabalhar
temáticas nas áreas de História e Geografia.
Somado a isso, têm-se políticas educacionais que
privilegiam outras áreas de conhecimento, como Língua Portuguesa e Matemática,
através de avaliações externas, a despeito dessas avaliações exigirem
habilidades que podem ser trabalhadas também nas disciplinas das Ciências Humanas.
Como resolver esses impasses?
São justamente essas lacunas e os desafios por ela
gerados que inspiram esse texto. Enquanto que um pedagogo tem uma formação
mínima – ainda que por vezes insuficiente – para atuar com as duas áreas nos
Anos Iniciais, um professor formado em História ou Geografia habitualmente
trabalha a disciplina correlata nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no
Ensino Médio, mesmo que seus currículos de graduação ofereçam pouco ou nenhum
espaço para aprofundar os conhecimentos da “vizinha”.
Dessa forma, o objetivo geral desse texto é
problematizar o ensino de Geografia e de História de forma integrada e
interdisciplinar. Especificamente, objetiva-se refletir sobre algumas
possibilidades de trabalho, contribuindo para o debate sobre a qualidade do
ensino nessas áreas, sem perder os conhecimentos essenciais das ciências
histórica e geográfica.
Segundo dados do Ministério da Educação (MEC),
quase 50% dos professores não têm formação na matéria que ensinam (SALDAÑA,
2017). Esmiuçando as estatísticas, percebe-se que especialmente no Ensino Médio
essa realidade é mais premente. Informações do Censo Escolar 2015 apontam que
59% dos professores de Geografia e 60% dos de História desse nível de ensino
não tem formação na área em que atuam. Se olharmos para outras disciplinas da
área de Ciências Humanas os dados são ainda mais alarmantes: só 12% dos
docentes de Sociologia e 23% dos de Filosofia têm formação inicial em suas
áreas de conhecimento (SALDAÑA, 2017).
Observando o panorama histórico do ensino de
História e Geografia no Brasil, percebe-se que ambas tiveram trajetórias
semelhantes – ora isoladas, ora mescladas –, e vinculadas à formação da
nacionalidade e dos valores cívicos do país. Mas, no campo educacional, a
História e a Geografia dialogam mais com as ciências de referência do que entre
si. Urge, portanto, pensar as duas áreas de conhecimento em uma perspectiva
interdisciplinar. Mas o que propriamente isso significa?
O tempo interdisciplinaridade surgiu na Europa,
principalmente na França e na Itália, na década de 1960. A ideia influenciou
sutilmente a Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 5692/71), quando os governos
militares uniram a História e a Geografia em Estudos Sociais. Era, porém,
somente uma aglutinação de conteúdo, sem propósitos de compartilhamento de
conhecimentos de diferentes áreas. Ademais, a simples parceria entre
professores de diferentes disciplinas não “[...] abarca, ordena e totaliza a
realidade supostamente confusa do mundo científico” (JANTSCH, BIANCHETTI, 2008,
p. 12).
Para Ari Jantsch e Lucídio Bianchetti, ao
teorizarem sobre a interdisciplinaridade, salientam que o questionamento atual
não deve girar em torno de haver ou não parceria entre docentes, mas precisa
definir quando e em que condições a parceira é necessária para efetivar a
interdisciplinaridade. Os autores defendem que, na base do conceito, estão os
traços da criatividade e da diversidade e que, assim, é “[...] impensável a
interdisciplinaridade sem a base que as possibilita, ou seja, as disciplinas”
(JANTSCH, BIANCHETTI, 2008, p. 21).
Esse ponto de vista abre caminho para a conciliação
entre campos de conhecimento, de modo que um único professor, em sua
disciplina, possa deflagrar um processo interdisciplinar, rompendo com a falsa
ideia de que a interdisciplinaridade depende de um trabalho coletivo de
docentes.
Dessa forma, acredita-se que um professor, seja
formado em História ou Geografia, pode trabalhar em uma perspectiva
interdisciplinar, sem abandonar sua área de referência. Apresentam-se a seguir,
algumas reflexões que, longe de propor novas “receitas de bolo”, rígidas e às
vezes impossíveis de serem implementadas em determinados contextos, abordam
alguns critérios sugeridos para que a docência nas áreas de História e
Geografia possibilite a construção de propostas que permitam aprendizagens
interdisciplinares significativas, baseadas em um ensino plural e com
metodologias e fontes variadas.
·
Escape da maratona curricular:
“preciso dar conta de todo o conteúdo” é uma expressão muito usada por
professores, e de forma especial nas áreas de História e Geografia. É um
desafio imposto para escolas e professores dessas áreas de conhecimento superar
currículos muito extensos que possuem “um quilômetro de extensão e poucos
centímetros de profundidade”, segundo expressão de Bransford et al. (2007, p.
44). Ao propor uma abordagem que priorize aspectos qualitativos aos
quantitativos, não se está afirmando que existem saberes mais importantes do
que outros para serem abordados. Ao invés de pensar em uma hierarquia de
conhecimentos, é fundamental que o professor esteja apropriado dos planos de
ensino da instituição em que ele atua e que norteie seu trabalho a partir
desses documentos. Infelizmente, muitas vezes, esses planos estão
desatualizados, ou são muito genéricos, pouco contribuindo para a organização
do trabalho do docente. Nesse caso, é preciso estar ciente do que as
determinações legais indicam como conhecimentos primordiais para o trabalho nos
componentes curriculares das Ciências Humanas, para que as propostas de
trabalho estejam em consonância com o currículo “possível”, ou seja, as
habilidades e competências desejadas aos alunos a partir do contexto em que
estão inseridos;
·
Não caia na tentação das datas comemorativas: já é tradição a realização de inúmeras atividades ao longo do ano
letivo, acompanhando o calendário das datas comemorativas. O professor mais
fiel a isso tem o seu currículo dominado, especialmente no Ensino Fundamental,
por um cronograma extenso de ações a serem implementadas em curtos períodos. O
problema desse tipo de proposta é a aderência a uma abordagem estereotipada de
diversos temas: assim, só se fala do índio em 19 de abril, do negro na semana
da Consciência Negra, o folclore é assunto para o mês de agosto, as estações do
ano são fixas e imutáveis e só começam na data do calendário. Essas
artificialidades pouco problematizam aspectos sociais e naturais, além de
tenderem a repetições ano após ano. É fundamental que o professor eleja algumas
datas significativas, e a partir dela, construa propostas que ampliem a visão
de determinado tema. Por exemplo, os alunos podem pesquisar as características
naturais da sua região – variações de temperaturas, volume de chuvas, estado de
conservação da vegetação – e estabelecer relações com as representações
tradicionais das estações do ano, e assim perceber como a ação humana interfere
na paisagem natural no espaço em que vivem. Ou pesquisar a origem de
determinado feriado, como a Independência ou da Proclamação da República,
buscando entender seus significados históricos no passado e no presente;
·
Conheça seus alunos: é fundamental
que o professor saiba quem são os alunos com os quais interage diariamente. Não
se trata apenas de compreender as teorias de desenvolvimento humano e as de
aprendizagem para auxiliar relação em sala de aula ou inteirar-se de elementos
da cultura juvenil e do contexto social que moldam o que pensam e como agem os
estudantes. Implica o que Fernando Seffner diz ser uma das tarefas fundamentais
de uma aula de História – e também de Geografia: “[...] possibilitar que o
aluno se interrogue sobre sua própria historicidade, inserida aí sua estrutura
familiar, a sociedade ao qual pertence, o país, o estado, etc. (SEFFNER, 2013,
p. 59-60). Dessa forma, o professor deve ter um olhar sensível para a realidade
que seus alunos, para que possa auxiliar da construção da identidade
histórico-cultural desses sujeitos, e que assim seja possível também
instrumentalizá-los para que formulem e construam seus próprios projetos de vida.
Ignorar esse universo prejudica a ação do professor, ao construir conhecimentos
sem aplicabilidade, desconectando os saberes dessas áreas de conhecimento com o
mundo real dos alunos;
·
Olhe para a identidade, mas também para a diferença: os constantes questionamentos teóricos e metodológicos que as Ciências
Humanas debateram nas últimas décadas, sobretudo buscando superar o
eurocentrismo, tem tornado as aulas de História e de Geografia espaços para
discussão e reflexão sobre identidade, visando atender as demandas trazidas por
variados movimentos sociais que apregoam o direito à manifestação da
diversidade, como indígenas, quilombolas, mulheres, população LGBT, entre
outros. Essas lutas, apesar de legítimas, contribuem para uma aprendizagem
focada na busca pela identidade, ou seja, os laços que ligam os estudantes ao
tema. Pereira e Marques (2011) defendem
a necessidade de uma “narrativa do estranhamento”, ou seja, um exercício de
aprendizagem com o diferente, em que a novidade e a surpresa estejam presentes.
Assim, ao estudar os aborígenes da Polinésia, por exemplo, não se precisa
incessantemente buscar semelhanças entre esses povos e nossos padrões de
comportamento. “A experiência alheia e distante pode muito bem ensinar a olhar
para si mesmo e, sobretudo, olhar para o outro sem valorar, sem referir a um
conceito do presente ou de uma cultura determinada” (PEREIRA, MARQUES, 2011, p.
8). Esse exercício de alteridade é fundamental para a construção de
aprendizagens nas aulas de História e de Geografia que fujam de estereótipos e
generalizações;
· Fique ligado: já é chavão afirmar que o professor deve estar atualizado das questões
específicas à docência e sua área de conhecimento. Porém, é preciso que ele
também esteja atento ao que acontece no mundo. Isso vai além do Jornal Nacional
e dos demais noticiários tradicionais. A forma de se informar mudou
radicalmente. Boa parte dos alunos do século XXI são digitais, e se informam
basicamente através de redes sociais, acessadas através de seus smartphones.
Diante dessa nova realidade, os professores não podem permanecer analógicos,
mesmo que o avanço tecnológico ocorre de maneira desigual em diferentes
contextos. Estamos sujeitos a todo o tipo de informação que circula nas timelines, para o bem ou para o mal.
Considerando que muitas pessoas não possuem outra fonte para confrontar
determinado fato, é fundamental que a discussão sobre notícias falsas – as fakenews – ocorra nas salas de aula e
estas sejam utilizadas como iscas para pesquisas mais aprofundadas e melhor embasadas.
Além disso, é importante também que o professor apresente aos alunos outras
fontes de conhecimento, para que eles possam ter acesso a visões diversificadas
e a partir delas construam suas próprias opiniões, escapando das “bolhas
sociais”;
· Saia da escola: já é consenso também que a prática educativa deva ocorrer para além dos
muros da escola. No entanto, há obstáculos a serem ultrapassados. Duarte Jr.
(2001), ao refletir sobre os significados dos atos de caminhar e morar nas
sociedades contemporâneas, alerta que as cidades negam os movimentos livres aos
habitantes, devido a sua organização pensada em fins utilitaristas – sair para
trabalhar ou estudar, fazer compras, pagar contas. “O exercício do passeio por
ruas, jardins e praças do lugar onde se mora funciona como um processo de
identificação entre o homem e seu ambiente vital” (DUARTE Jr, 2001, p. 81).
Dessa forma, é fundamental que o professor realize com seus alunos passeios que
promovam a construção de identidades para o reconhecimento de aspectos
materializados no espaço geográfico e que permitam conhecer e valorizar a
história de suas comunidades. Entretanto, exercícios de caminhada fora da
escola tem se tornado cada vez mais difíceis em grandes cidades, devido às
condições dos espaços urbanos que afastam as pessoas das ruas – seja por
calçadas mal conservadas, a poluição do ar ou os altos índices de violência –
que preferem transitar por shopping
centers, mais limpos e seguros. Ao mesmo tempo, em comunidades vulneráveis,
todos estão mais próximos da rua, mas muitas vezes não conseguem visualizar
nesse espaço aspectos positivos, já que nos noticiários eles nunca aparecem.
Por que não inverter? Fotografar “cantinhos bonitos”, espaços importantes, e
valorizá-los? Outra situação, em regiões periféricas há um distanciamento entre
essas comunidades e as áreas centrais dos municípios. Conhecer esses lugares e
seus espaços, seja uma praça, a Prefeitura, uma fábrica importante, também
significa construir o sentimento de pertença. É um passo para que os alunos
possam entender o significado de espaço público como algo que também pode ser
deles. Assim, o conhecimento dos espaços locais é elemento fundamental para a
construção de aprendizagens sólidas, em articulação com as práticas
desenvolvidas dentro de sala de aula;
· Pesquise com o
aluno: a pesquisa como princípio educativo também é
frequentemente reiterada nas pautas pedagógicas. No entanto, o que pode
contribuir para que ela promova efetivamente aprendizagens significativas é a
postura e o envolvimento do professor nessa proposta. Hernández e Ventura
(1998), ao proporem a organização do currículo por projetos de trabalho, expõem
a necessidade do docente alterar a forma como constrói seu planejamento,
abrindo espaço para uma participação ativa dos alunos nesse processo, num
exercício de mediação pedagógica e aprendizagem colaborativa em grupo. Nas
áreas da História e da Geografia, há inúmeras formas de possibilitar pesquisas
que envolvam ativamente os alunos. Sugere-se que as temáticas referentes à
história local e ao patrimônio cultural do espaço em que está inserida a
comunidade escolar sejam abordadas nessas propostas, visto que constituem
fontes que muitas vezes somente a pesquisa de campo fornece. A realização de
entrevistas permite o surgimento e a divulgação de narrativas desconhecidas,
subjugadas pelo tempo, e que adquirem protagonismo quando iluminadas por
questionamentos vindos da curiosidade dos alunos. Da mesma forma, essas
investigações permitem ações de intervenção no meio sociocultural, ao questionarem,
por exemplo, os motivos da pouca valorização do patrimônio histórico de uma
construção ou da conservação do meio ambiente em determinado local;
·
Cada cabeça, uma sentença: considerando
que todas as indicações supracitadas sugerem a ampliação das metodologias de
trabalho em sala de aula e a compreensão da pluralidade das formas de ensinar e
aprender, fica o dilema: como avaliar os alunos diante de um cenário tão
complexo? Gil e Almeida (2012) sugerem que o professor privilegie atividades de
pesquisa com seus alunos, e que tenha clareza das competências e habilidades
que as atividades realizadas permitem desenvolver. A partir desse
discernimento, e considerando a faixa etária dos estudantes, é possível
questionar: “Que hipóteses o aluno consegue formular a partir das temáticas
estudadas? Ele consegue progredir além dos conhecimentos prévios? Desenvolveu
autonomia para buscar fontes de pesquisa?” (GIL; ALMEIDA, 2012, p. 119). Essas
respostas somente são possíveis se o docente manter o hábito de fazer registros
frequentes das práticas em sala de aula em um diário de campo, atentando para
as singularidades de cada discente, e também possibilite que esse instrumento
metodológico seja utilizado pelo aluno na realização de uma escrita mais livre,
e menos engessada em perguntas e respostas prontas.
Considerações
finais
Um longo caminho foi percorrido pelos profissionais
das áreas de História e Geografia, na luta pela inserção e manutenção dessas
áreas nos currículos escolares. Da mesma forma, caminhos e olhares sobre
conceitos e versões foram se alterando ao longo do tempo, constituindo, nessas
áreas, propostas que privilegiem a construção da cidadania, a valorização do
patrimônio cultural e ambiental e a diversidade, sem esquecer de tornar
concretos seus temas fundantes: espaço e tempo, e suas relações. Nesse sentido,
as aproximações, o diálogo e propostas interdisciplinares entre a História e a
Geografia sempre serão bem-vindas, mas mantendo as especificidades e os campos
de atuação de cada uma.
Nessa caminhada, chegamos agora até a homologação
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que ressalta
que a necessidade de adequação dos currículos ao documento nos próximos anos.
Há muito trabalho pela frente: repensar currículos, rever práticas, estabelecer
diálogos e engajar todos os membros das comunidades escolares. Geografia e
História permanecem como disciplinas das Ciências Humanas no Ensino
Fundamental, mas no Ensino Médio estão diluídas na área, junto dos
conhecimentos de Sociologia e Filosofia. Urge, portanto, pensar na
interdisciplinaridade já na formação dos futuros docentes, e em práticas que
favoreçam essa perspectiva.
Assim, retomando o problema inicial, é possível que
um professor de História ensine efetivamente Geografia, e vice-versa, desde que
esteja comprometido com uma abordagem interdisciplinar e reflexiva. Isso não
significa eliminar a formação básica em uma das áreas ou simplesmente
unificá-las em um único curso. O exercício interdisciplinar pressupõe
problematizar saberes, metodologias e aprendizagens presentes na formação e no
ensino de História e de Geografia, e alavancá-los para patamares em que seja
possível efetivar os objetivos, as competências e as habilidades necessárias
para uma aprendizagem adequada desses componentes curriculares e que a devida
importância das Ciências Humanas seja ressaltada, tanto na escola quanto nas
demais instâncias sociais.
Referências:
Carlos Eduardo Ströher
é licenciado em História, especialista em Ensino de História e Geografia,
mestre e doutorando em Educação. Atua como professor de História e Geografia na
educação básica.
BRANSFORD, John; BROWN, Ann; COCKING, RodneyR. (Org.). Como as pessoas aprendem: cérebro,
mente, experiência e escola. São Paulo: Senac São Paulo, 2007.
BRASIL. BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf.
Acesso em 6 jan. 2019.
DUARTE Jr, João Francisco. O
sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Curitiba: Criar Edições,
2001.
GIL, Carmem Zeli de Vargas; ALMEIDA, Dóris
Bittencourt. Práticas pedagógicas em
História: espaço, tempo e corporeidade. Erechim: Edelbra, 2012.
HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A
Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. 5a. Ed., Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
JANTSCH, Ari; BIANCHETTI, Lucídio. (orgs). Interdisciplinaridade para além da
filosofia do sujeito. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
PEREIRA, Nilton Mullet; MARQUES, Diego Souza.
Narrativa do estranhamento: ensino de história entre a identidade e diferença.
Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011.
Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1307971840_ARQUIVO_Narrativadoestranhamentotextofinal.pdf. Acesso
em 11 jan. 2019.
SEFFNER, Fernando. Aprendizagens significativas em História: critérios
de construção para atividades em sala de aula. In: GIACOMONI, Marcelo Paniz;
PEREIRA, Nilton Mullet (orgs). Jogos e
ensino de História. Porto Alegre: Evangraf, 2013.
SALDAÑA, Paulo. Quase 50% dos professores não têm formação na matéria
que ensinam. Folha de S. Paulo.
Educação. 23/01/2017. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/01/1852259-quase-50-dos-professores-nao-tem-formacao-na-materia-que-ensinam.shtml. Acesso em 15 jan. 2019.
Boa noite!
ResponderExcluirPrimeiramente, como graduanda em História pela UFRRJ, gostaria de agradecer a visibilidade para a questão interdisciplinar entre geografia e história, assim como, parabenizar pelo excelente texto. Minha questão tem teor futurístico, como educadora em formação, gostaria de saber se as novas abordagens para o universo dentro da sala de aula (como os tópicos listados no texto) em alguma medida desconstruirião a visão engessada de disciplinas recreativas ou sem funcionalidade prática, que muitas das vezes história e geografia carregam.
NATHALIA ALCANTARA CAMARGO PEREIRA
Olá, Nathalia! Agradeço tua contribuição. Acredito primeiramente que a História e a Geografia, assim como as demais Ciências Sociais, não podem ficar disputando hierarquia dentro da área. Esse tipo de rivalidade enfraquece a todos. Sabemos que os tempos atuais tem sido difíceis para a nossa área, considerada doutrinadora. Além disso, a própria estrutura curricular cria uma forma de hierarquia, ao dar mais tempo de aula para disciplinas como Português e Matemática, o que contribui para essa ideia de que História e Geografia são menos importantes. Acredito que nossa tarefa é árdua, mas é preciso que tenhamos um postura de valorizarmos nossos conhecimentos e contextualizarmos sempre com a realidade, para que não pareçam sem importância ou mera decoreba. Isso passa também por práticas diferenciadas, com metodologias variadas e atenção às culturas juvenis, para que nossa área não caia no ostracismo.
ResponderExcluirOlá, Carlos. Seu texto é muito enriquecedor, parabéns!
ResponderExcluirA princípio, gostaria de fazer um apontamento relacionado na interdisciplinaridade entre os saberes de História e Geografia, assim como outros afins. O professor José D'Aassunção Barros, um autor brasileiro importante dentro desta pesquisa, não sei se você já teve contato com algum material dele, de modo ampliado que ele proporciona enxergar a História enquanto ciência e capaz de dialogar, fazer cruzamentos, e até mesmo um diálogo intradisciplinar, mostra como a História e Geografia se encontram nas noções do "tempo" e, de forma organizada, refletindo na noção de "espaço, região e território".
Nesse sentido, o autor enfatiza o "espaço", como conceito muito utilizado em Geografia, numa perspectiva extensiva, que se encontra no "espaço imaginário, espaço social e espaço literário", por exemplo.
Como você enxerga essa abordagem em um horizonte disciplinar, de sala de aula, além da oportunidade de fazer enlaces extra-escolar?
Forte abraço!
Ass: FLÁVIO PEREIRA BASTOS