Aruanã Antonio dos Passos e Willian Roberto Vicentini


EDUCAÇÃO E IDEOLOGIA: PARA REPENSAR A ESCOLA PÚBLICA HOJE




Diante dos desafios da educação no mundo contemporâneo, a questão da ideologia reassumiu um dos centros no debate que vai da dimensão política da educação à ética profissional e a inserção de docentes e dos alunos nesses desafios. No caso da realidade brasileira esse debate se torna premente as intervenções que procuram se apropriar dos espaços educacionais como parte de uma luta contra poderes e contrapoderes que, por vezes, em nada se relacionam com processos de ensino-aprendizagem. Assim, procuramos neste trabalho retomar o conceito de ideologia e propor uma breve reflexão sobre as relações de ideologia na escola pública.

Dentre os autores que nos ajudam a compreender o conceito de ideologia se encontra Michael Löwy, que nos apresenta a obra Ideologias e Ciências Social, em que traz em um de seus capítulos, o conceito de ideologia, em que o mesmo (2006, p. 10) discute o debate inicial sobre o tema, citando que, “é difícil encontrar na ciência social um conceito tão complexo, tão cheio de significados, quanto o conceito de ideologia. Nele se dá uma acumulação fantástica de contradições, de paradoxos, de arbitrariedades, de ambiguidades, de equívocos e de mal entendidos, o que torna extremamente difícil encontrar o seu caminho nesse labirinto”.

Em seguida na obra, Löwy vem a propor uma conclusão provisória sobre tal conceito, apresentando elementos centrais para a discussão, inicialmente com Destutt de Tracy e a relação com a zoologia, Napoleão com o uso do termo para se referir a um mundo especulativo. Apresenta Marx, que trabalha a ideia de que “ideologia é um conceito pejorativo, um conceito crítico que implica ilusão, ou se refere a consciência deformada da realidade que se dá através da ideologia dominante.” (p.12) Temos contato ainda com Lênin, o qual, nos apresenta duas ideologias, uma burguesa e outra proletária, e aplica ideologia como doutrina sobre a realidade social. Para fechar esta primeira exposição de ideias, a obra apresenta Karl Manheim, o qual distingue os conceitos de ideologia e de utopia. Cita que para ele, “ideologia é o conjunto de concepções, ideias e representações, teorias, que se orientam para a estabilização, ou legitimação, ou reprodução, da ordem estabelecida.” (p. 12).
Sabe-se que ao seguir a obra, é proposto se usar visões sociais de mundo, e não um conceito de ideologia total, englobando, ideologia e utopia. A iniciativa do autor deste artigo é inicialmente situar o leitor neste sentido, em que serão expostas várias ideias e buscar-se-á trabalhar com o conceito que mais cabe para o tema, uma relação de Ideologia com a Escola Pública. Sabe-se que com o decorrer do tempo, ideologia foi tendo outros significados ou sentidos, mas não teve sua essência alterada em sua definição ou sentido, a de se afastar da questão das ideias e do conhecimento. Acredita-se que o conhecimento se realize tendo as ideias como fator principal, consequentemente, deverá se buscar uma ciência voltada para as ideias.

Verifica-se que o termo ideologia tem uma grande importância e é muito utilizado como categoria de análise nas pesquisas em Ciências Sociais, estando atrelado com relação à utilização do método na construção do conhecimento na área das Ciências Sociais e Humanas. É sabido que a Escola Pública atua como um suporte social dentro da realidade social da sociedade que a cerca, comunidade escolar em geral, os alunos e os docentes, em que se envolvem e se relacionam em um cotidiano de ideias com suas visões de mundo, seus valores, concepções e ideias, seguindo ideologias diferentes e vivenciando realidades diferentes em busca de uma transformação desta realidade social.

A IDEOLOGIA NA RELAÇÃO COM A ESCOLA PÚBLICA

Sabe-se que a escola pública é um “organismo vivo”, uma instituição que faz parte e é considerada um elemento da sociedade local. Muitos de seus componentes querem fazer parte desta, já outros estão inseridos não por vontade própria, mas por um dever com sua família, no caso de alguns alunos. De outro lado se encontram os docentes, que tem como profissão o labutar na escola e por opção, a pública (muitos ainda mantém vínculo com a escola privada), com sua visão de mundo, buscando trazer o conhecimento aos alunos e fazer da melhor forma o seu papel.

Não existe um consenso a respeito das diversas reformas educacionais no Brasil, especialmente porque, muitas vezes, estas são impostas “de cima para baixo”, sem uma discussão ampla com as partes interessadas. Uma reforma nacional, mas que se volta para os Estados e Municípios, em que resulta em alterações das práticas pedagógicas e da organização escolar, mas que vai muito a “contramão” das reais necessidades de alunos e docentes.   Sabe-se a importância que a educação tem como elemento fundamental no desenvolvimento social e econômico de uma sociedade, especialmente em países como o Brasil, que se busca firmar enquanto nação em desenvolvimento para o mundo.

Uma das ideias principais do tema deste, é que a inserção do aluno na escola o leve a um novo caminhar em sua vida, que ao adquirir conhecimentos, este consiga uma ascensão pessoal e futuramente profissional, ou seja, a formação do trabalhador, que busca a escola como meio de uma mudança de vida para todos. Para tal, Saviani (2010, p. 429) escreve que, “nessas novas condições, reforçou-se a importância da educação escolar na formação desses trabalhadores (…)”. Mas o que é a Escola Pública? Sabe-se que tal definição é complexa, mas se busca em Carvalho (1989, p. 21) um significado, em que este escreve;

“para apreendermos o significado social da escola hoje e como a divisão do trabalho aí se expressa, faz-se necessário situá-la no processo de reprodução das relações sociais, em especial na forma que este assume no capitalismo monopolista. Impõe-se preliminarmente captar o movimento no qual e através do qual se engendram e se renovam as relações que peculiarizam a formação social capitalista a formação social capitalista, partindo assim de um primeiro nível de reflexão, de maior abrangência e abstração, para em seguida fixar a atenção na escola, apreendendo-a na sua significação histórica”.

Sabe-se que na escola podemos observar que esta serviu e serve para alimentar a ideologia das classes dominantes, mas muito representa ainda um importante espaço para a troca, para a sociabilidade, um local para a convivência coletiva, em que muitos de nossos jovens a tem como única opção fora do seu lar. Apesar deste processo de busca, a escola pública é alvo de medidas, ideias e imposições governamentais (Estado), em que os envolvidos no processo educacional não opinam, são obrigados a cumprir, apenas as recebem e a executam, ideias vindas de uma forma impositiva, que em muito não atendem as necessidades e anseios dos envolvidos no processo, até desfazendo o caráter social da escola. Pode-se apontar que esta ação, seja uma maneira deste Estado mostrar força, assim pressionando aqueles que fazem parte do processo educacional, atuando assim em cima dos grupos sociais subordinados.

Dentro deste contexto, acredita-se que a escola se relacione com a chamada superestrutura de Marx, em que esta se caracteriza como fruto de estratégias daqueles grupos que são dominantes, existindo assim uma afirmação e consequentemente a continuação de seu domínio, que em Löwy (2006, p. 105), cita que “segundo essas observações, as visões de mundo, as ideologias, a superestrutura, não configuram ideias isoladas mas um conjunto orgânico. São sobretudo uma maneira de pensar”.

Dentro deste contexto, se crê que o caminhar dos profissionais desta escola assim como seus alunos, deva ser única, procurando buscar em conjunto tal ação, baseados em seus direitos constitucionais e na união de todos, fazendo com que o Estado reconheça a força de todos os envolvidos neste processo. A escola como conhecemos é fruto do processo de modernização social, vem do processo de industrialização, da modernização das cidades, do crescimento do capitalismo e do consumismo, fatores que se apresentam nos dias atuais e não podem deixar de ser debatidos. Assim, pode-se citar Marx, (o representante maior do materialismo histórico), o qual entende que a ideologia é um fenômeno histórico-social decorrente do modo de produção econômico. Marx e Engels afirmam que vivemos sob a pressão da ideologia dominante, que é sempre a ideologia das classes dominantes. Löwy (2006, p. 15) afirma que: “para Marx, aplicando o método dialético, todos os fenômenos econômicos ou sociais, todas as chamadas leis da economia e da sociedade, são produto da ação humana e, portanto, podem ser transformados por essa ação”.

Busca-se finalizar este tópico, observando que a escola é um lugar onde estão presentes uma gama de diferentes pessoas, entre estes, os docentes e discentes, com seus desejos, vontades e ideologias, convivendo juntos no mesmo espaço, em que se realizam diversos papéis, devendo prevalecer a troca, o respeito e o conhecimento, o qual também deve estar em constante transformação.

O PAPÉIS DOCENTE E DISCENTE NA ESCOLA PÚBLICA

Como citado anteriormente, a escola é um local em que ocorre o relacionamento entre todos os envolvidos no processo educacional, tendo como principais elementos dentro deste relacionamento, o aluno e o professor.

Sabe-se que na dinâmica educacional, é uma constante, em que professor e alunos devem caminhar juntos, ainda, abordar conceitos, efetuar o diálogo e devem estar em constante sintonia diante do processo educacional e dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Mas se vê que para construir o conhecimento, deve-se considerar os elementos envolvidos, com sua ideologia e reflexões.

A muito já se deixou de apontar o docente como o único elemento detentor de conhecimento em sala de aula, tendo hoje o papel docente como aquele que conduz o aluno no processo de conhecimento. Ainda, para Ferreira in Rangel (2001, p. 84) a LDB/96 aponta em seu artigo 3º. O seguinte texto: “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios, dentre eles: pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”.

Quando se aborda o tema ideologia e escola pública, ligados ao processo educacional, em que se busca discorrer sobre um conjunto de ideias diversas que permeiam o horizonte dos personagens desta instituição. Vemos em Vázquez (1977, p. 158) em que este afirma: “a educação permite que o homem passe do reino das ‘sombras’, da ‘superstição’, para o reino da razão. Educar é transformar a humanidade. Mas quem são esses educadores que devem educar o resto da sociedade?”

Dentro do exposto, sabe-se que devemos como docentes extrair dos nossos alunos os conhecimentos que os mesmos trazem de sua vida, suas verdades e ideologias, mas devemos acreditar, que a soma das partes, conhecimento somado a tais concepções, façam de nossos alunos cidadãos. Acredita-se que estes não devam permanecer em estado de estagnação, pois tal situação acabaria com a razão da instituição escolar, apesar desta reproduzir as relações sociais de produção capitalistas, enquanto aparelho ideológico do Estado.

Para Neto (2009, p. 07), este cita que: “para nosso autor, a questão da manipulação é entendida, portanto, como expressão do próprio processo constitutivo da modernidade. A natureza e o homem tornam-se objetos disponíveis e possíveis de serem manipulados”. Ainda, se vê que cada docente tem um papel a cumprir neste processo de “manipulação” de nossos jovens, em que se inculcam ideologias e valores aos alunos, pois é sabido que a sociedade cobra deste docente a sua atuação em sala de aula, em que vários são os questionamentos em relação à forma como este docente vem atuando no processo de formação das novas gerações, na forma como as informações e os conhecimentos, estão sendo transmitidos aos alunos.

Ainda, cada docente deve ofertar aos seus alunos a oportunidade de conhecer e se apropriar de saberes diversos que os ajudarão em seu processo de formação acadêmica e pessoal, ainda, não se pode deixar de lembrar que a escola é uma instituição educacional e que esta se caracteriza como um espaço da sociabilidade, da troca de conhecimentos e saberes diversos, sim, muito mais que “apenas” dos conteúdos das disciplinas, em que se transformou em um espaço da cordialidade, da troca, e do fomentar as diversas culturas inseridas nesta instituição. Um espaço em que ocorra a construção do conhecimento, da oportunidade em poder fazer e que ocorra o aprender a aprender.

Para Demo (2009, p. 89): “aprender bem implica algumas dinâmicas entrelaçadas. Podemos começar com as mais antigas, do pai da pedagogia, Sócrates, que, em sua maiêutica, primava por relacionamentos emancipatórios, também visíveis no termo “educação” em sua etimologia latina (retirar de dentro), colocando o professor como referência promotora da autonomia e autoria dos alunos”.

Assim, o papel do professor consiste em mediar a reflexão sobre os conteúdos apresentados aos alunos, e que os levem a se sentirem parte do processo histórico e de construção da sociedade. Isso implica a necessidade do docente em dominar os conteúdos e a prática pedagógica e que esta se apresente de forma flexível, inovadora e aberta a troca de informações e conhecimentos com seus alunos, prevalecendo a interação, fortalecendo a construção do conhecimento.

Nesta realidade, para enfrentar as dificuldades da profissão, o professor precisa ter buscar a todo o momento como utilizar de forma melhor a prática pedagógica e a metodologia que caiba para determinada turma. Neste sentindo, é preciso não só buscar o lado da crítica da realidade dos professores, dos alunos e da escola, mas propor concretamente ações que possibilitem mudanças de atitudes individuais e coletivas, na perspectiva de apontar caminhos para a desconstrução e construção do ensino.

Dentro deste contexto, aponta-se que a prática da docência é intensa, deve acompanhar a contemporaneidade em que a informação pode se transformar em conhecimento, em que a articulação entre a teoria e a prática passa a ser um desafio constante para os envolvidos no processo ensino/aprendizagem. Neste processo o professor e seus alunos, têm um papel de suma importância, o de caminhar até as fontes, dialogando com os conteúdos e buscando estratégias para ajudar na compreensão dos referidos temas por parte dos alunos.

No que se refere a entre professores e alunos, ainda se pode ver em Werneck (1984, p. 87), que, “outro aspecto a ser considerado é que tanto o educador quanto o educando estão sempre, durante toda a relação, inseridos num determinado meio social. As condições sociais podem favorecer ou prejudicar o processo de valorização”. E este meio em sociedade caracteriza o papel destes envolvidos no processo escolar, pois nossos alunos hoje são diferentes dos alunos de 30 anos, vivendo o hoje e cabe aos docentes, leva-los a um processo de reflexão, apontando que o ontem pode ajudar o hoje.

Ainda se pode citar que muitos alunos buscam e querem uma formação, outros não tem uma definição certa do que querem, mas acredita-se que o importante é que todos devem se sentir acolhidos na escola. Vê-se a importância em saber quem são nossos alunos nos dias atuais, tempos em que a mídia e as redes sociais estão em alta, em que estar conectado a tudo e a todos, é o mais importante. Para Rossato, (2001, p.105) na cultura brasileira.

“(...) o espaço da escola na vida das pessoas caracteriza-se como um, “divisor de águas” e, de modo geral, todos concordam com sua importância e necessidade, sendo sua frequência assegurada por lei. Contudo, qual o sentido de ir à escola para aprender? Ir à escola para aprender o quê? Para que serve o que aprendemos na escola? Destaco passado e presente. Os alunos só veem sentido no futuro, um futuro como possibilidade, um futuro encharcado de esperança”.

A escola busca colaborar com o desenvolvimento educacional e na transmissão de valores, ainda, os docentes devem ter a consciência de que muitos de nossos alunos têm a escola como ponto de apoio, pois em suas vidas apresentam-se muitos problemas sociais. Valorização destes alunos é parte integrante do processo educacional, estes devem ser reconhecidos como cidadãos e notados, tendo suas atividades escolares apreciadas pelos docentes, fazendo do processo em sala de aula, um ambiente de boas discussões e do crescimento educacional.

Dentro deste contexto, Moraes (1997, p. 225) aponta que, “educar para a cidadania global significa formar seres capazes de conviver, comunicar e dialogar num mundo interativo e interdependente utilizando os instrumentos da cultura”.

Nossos alunos de hoje tem meios próprios para o seu desenvolvimento pessoal, encontram nos sites de relacionamento um modo de viver, uma “sociedade secreta”, em que muitos ficam de fora. Ainda, estes possuem uma linguagem própria, em que viver, é viver (como citado) o hoje, cabendo ao docente dar voz a estes, para que se expressem e mostrem o que sabem.

Ainda, se discute a realidade de trazer aspectos da vida real destes alunos para sala de aula, acredita-se como um desafio, visto que a gama de informações trazidas por estes jovens é muito grande.

Algo como uma relação direta entre professor/aluno, colocando em práticas concepções diversas de ensino, em que se formem não apenas cidadãos, mas também agentes de transformação, dando oportunidade da inserção destes no contexto social, político e econômico. Ainda, no que se refere a esta relação entre a escola e os alunos, vê-se que a escola deve acompanhar a modernidade, mas deve também manter seus valores e concepções dentro de uma linga moral, em que sua(s) ideologia(s) seja utilizada para o crescimento de todos e para todos.


REFERÊNCIAS

Aruanã Antonio dos Passos é doutor em História e docente do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) campus Pato Branco.

Willian Roberto Vicentini é mestre em Educação e História e doutorando em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná, docente da Faculdade Educacional de Colombo e da rede pública estadual de ensino.

BUFFA, Ester. Educação e Cidadania / Ester Buffa, Miguel G. Arroyo, Paolo Nosella. – 10ª. ed. – São Paulo, Cortez, 2002.

CARVALHO, Olgamir Francisco de. A escola como Mercado de Trabalho: Os Bastidores da Divisão do Trabalho no Âmbito Escolar. São Paulo: Iglu, 1989.

DEMO, Pedro. Educação Hoje: novas tecnologias, pressões e oportunidades. – São Paulo: Atlas, 2009.

Dicionário do Pensamento Marxista / Tom Bottomore, editor; Laurence Harris, V.G. Kiernan, Ralph Miliband, co-editores; (tradução, Waltensir Dutra; organizador da edição brasileira, revisão técnica e pesquisa bibliográfica suplementar, Antonio Moreira Guimarães). – Rio de Janeiro; Jorge Zahar Ed., 2001.

FERREIRA, Naura Syria Carapeto. (Org) Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novos desafios. 8ª. ed. São Paulo: Cortez, 2013.

___________. Supervisão Educacional: uma reflexão crítica. 13ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

___________. Antagonismos e possibilidades da educação escolarizada na relação local/global. Cadernos de Pesquisa em Educação. PPGE - UFES, Centro de Educação. V. 15, n. 29 (dez. 1995). Vitória: PPGE, 1995.

LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação: (Lei 9394/96) e legislação correlata / coordenação / André Arruda. – Rio de Janeiro: Roma Victor, 2007.

LÖWY, Michael. Ideologias e ciências sociais: elementos para uma análise. Marxista / Michael Löwy. – 17ed. – São Paulo: Cortez, 2006.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: Karl Marx e Friedrich Engels. 2. ed. São Paulo: M. Fontes, 1998.

MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. 7ª. ed. – Campinas, SP: Papirus, 1997.

NETO, Pedro Leão da Costa. A questão da Manipulação e da Dominação anônima e Universal no Pensamento de Karel Kosik. In Santos, Antônio C.; Pires, Cecília; Helfer, Inácio. História e Barbárie. Aracajú: Editora UFS, 2009, p. 238-154.

RANGEL, Mary (Org). Supervisão pedagógica: princípios e práticas. 9ª.ed. – Campinas, SP: Papirus, 2001.

SCHÖN, Donald A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

VALE, Ana Maria do. Educação popular na escola pública. 4ª. ed. – São Paulo: Cortez, 2001.

WERNECK, Vera Rudge. A Ideologia na Educação: um estudo sobra a interferência da ideologia no processo educativo. 2ª. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1984.


17 comentários:

  1. Prezados Aruanã e Willian, parabéns por trazerem uma reflexão extremamente relevante nos dias de hoje, com ótima abordagem teórica. Diante das abordagens sobre as ideologias presentes na sociedade, cujos conflitos adentraram o espaço da escola bem como o papel de professores e estudantes, como vocês veem os movimentos que defendem uma reeleitura da história, muitas vezes equivocada, como aqueles expressos pelo Escola sem Partido e pelos defensores da ditadura militar?

    Um abraço,

    Walace Ferreira.

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    1. Obrigado Wallace! Acreditamos que toda forma de pressão e de buscar reprimir ideias e debates é um grande problema, pois se vê que a escola se caracteriza pelo espaço do debate amplo e plural, em que se pode ouvir as partes e fomentar o diálogo construído com ideias. Quando se debate seriamente, ouvindo as partes e ofertando a oportunidade de que se exponha as diversas formas de pensar, acreditamos que ocorra o crescimento pessoal e de nossa comunidade escolar e acadêmica. Assim, a base de toda política é a argumentação e o diálogo. Ao contrário do embate e do combate agressivo, como muitas vezes acontece nas redes sociais, o verdadeiro desejo de ouvir e compreender o outro é o início de uma reconstrução dos espaços públicos para que possamos edificar um futuro sem preconceitos, racismos, homofobia, violência etc. Pode parecer idealismo ou ingenuidade, mas grandes pensadores do século passado diante dos horrores de seu tempo propuseram esta mesma estratégia, como é o caso de Hannah Arendt.
      Um forte abraço!
      Aruanã e Willian.

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    2. Obrigado pela resposta. Concordo plenamente com vocês.

      Grande abraço,
      Walace Ferreira.

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  2. Ao ler o texto de vocês, penso que seja um dos mais apropriados para a atualidade educacional brasileira com essa onda conservadora que traz como maior sinal o Escola sem Partido, cuja proposta é combater ideologias, assim sendo, poderiam dizer se na opinião de vocês esse debate sobre a ideologia na escola vai se aprofundar no sentido da reflexão sobre a escola pública e a necessidade de pensar a sociedade externa à escola. Grato.

    Fernando Tadeu Germinatti

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    1. Obrigado pela questão Fernando!
      Como citado, a escola se caracteriza pelo espaço da troca de ideias, mas devemos ter cuidado nesse sentido, pois acredita-se que neste nível de ensino, inserir ideologias ou massificar certas ideias não seja o correto. Em nossa opinião, o debate, a transparência e a informação são os antídotos para qualquer obscurantismo e para que se possa mostrar as múltiplas realidades e ideias, para que os alunos tirem suas próprias conclusões tendo clareza que os docentes não são legisladores, mas sim esclarecedores e motivadores da reflexão. É fundamental nesse processo sempre esclarecer qual é o nosso “lugar” de fala, nossa posição nos debates. Assim, orientar e mostrar a realidade, é o melhor caminho. Um detalhe importante é o seguinte: essa postura é importante em sala de aula, mas ela é imprescindível em outros espaços públicos, como reuniões com pais, direção, conselho pedagógico, eventos na escola, dentre outros.
      Abração!

      Aruanã e Willian.

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  3. Bom dia! Como vocês defenderiam a escola atual dos títulos de doutrinadora? A escola que deveria ser transformadora da realidade é a todo momento questionada por aqueles que estão de fora, tornando-a grande vilã da sociedade atual, sendo chamada de doutrinadora, o que resulta em "coisas" como o Escola sem Partido...Com nos posicionar no ambiente escolar?

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  4. Em meio a tanta informação rasa, muitos pensam saber e entender de tudo, são poucas as pessoas que vão mais fundo... Digo até mesmo entre os docentes, no qual grande parte estão se dizendo conservadores e apoiando esta ideologia conservadora que está posta, o discurso é que querem ser aceitos e respeitados novamente. Qual seria a saída para que haja realmente uma educação libertadora e emancipatória nos dias atuais, onde cada vez mais o docente é o vilão doutrinador daqueles que estão em formação e a escola pública de qualidade está cada dia mais distante...

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    1. Obrigado pela questão Elaine!

      Sua preocupação é fundamental! Passa-se hoje por uma “crise” de perspectivas em relação as escolas. Essa “crise” se expressa, aos nossos olhos, no lugar social que a escola ocupa no imaginário geral da sociedade. Muitas das definições sobre a escola são postas de forma superficial e aceitas de forma imediata, por exemplo: “a escola não educa”, “escola não ensina”, “com ensino médio não se arruma emprego”. São lugares comuns fundamentados num questionamento geral do papel e da posição das escolas hoje. Pensamos que a saída para esses questionamentos é abrir a escola para que a sociedade conheça o que se passa e quais as atividades que a vida escolar realiza. Só assim as pessoas tomarão conhecimento da realidade das escolas, suas condições de funcionamento. Da parte dos educadores e gestores escolares devemos divulgar, abrir, publicizar e convidar todos a conhecer sua escola e participar de suas atividades. Não podemos esperar nenhum “redentor” do sistema educacional, cabe a nós iniciar pelas nossas escolas a transformação dessa realidade. Ao conhecer a realidade das escolas, participar de reuniões e até mesmo abrir nossas aulas para quem quer que deseje acompanhar, sem dúvidas, pode ajudar a desmistificar e desmentir esses ataques às escolas de todo país. Ou seja, gestão compartilhada, democrática e participativa é a nossa sugestão.

      abração!

      Aruanã e Willian.

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  5. Primeiramente parabens pelo texto e pela escolha de tema, que anda em pauta devido a atuação de grupos conservadores e anti-intelectuais que buscam engessar o magistério.
    Mas como educadores, como podemos reagir a esses ataques como devemos nos portar quanto a neutralidade exigira pro tais grupos?

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    1. Olá Wagner,

      Obrigado pela questão!

      Um pouco da resposta que podemos te oferecer agora está inserida na questão anterior feita pela Elaine. Então, gostaríamos de destacar um outro aspecto, talvez, um pouco mais teórico, mas que deve se converter em prática de diálogo com aqueles que nos criticam e nos contrapõe. Talvez essa perspectiva não seja tão eficaz nas redes sociais, mas é fundamental construir um espaço autêntico de abertura para escuta e reflexão. E esse espaço deve começar por nós, antes de ser exigido dos nossos interlocutores. Em outras palavras, precisamos compreender nosso interlocutor, procurar entender o que se passa e como se edifica sua visão das coisas, o porque de sua posição, a sua lógica de funcionamento. Assim, o estudo do pensamento conservador, autoritário e anti-intelectual é fundamental nesse processo, mas aos nossos olhos, não com a perspectiva de superioridade do tipo "como conversar com um fascista", mas sim do "como me fazer entender diante do meu interlocutor". Não acreditamos que existam 57 milhões de fascistas em nosso país! Ou que as pessoas verdadeiramente estão preocupadas com neutralidade. Parece mais um jogo de poder onde o viés de confirmação conduz qualquer discussão que jamais produz consenso, apenas edifica e fortalece lugares pré-definidos.
      Uma alternativa, difícil mas necessária é, aos nossos olhos, o diálogo franco, verdadeiro e aberto. Diálogo que pressupõe primeiramente ouvir e depois falar. É claro que há grupos raivosos que não estão interessados e aberto a essa tarefa, mas podemos começar construindo círculos que se ampliem gradativamente: familiares, amigos, alunos e assim por diante. Não é fácil, nem simples, nem rápido, mas urgente.

      abraços,

      Aruanã e Willian.



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  6. Olá e espero que estejam bem. Vou ser breve: mesmo compreendendo a Escola Pública como uma superestrutura que reproduz determinado pensamento dominante, acreditam os senhores que o conjunto de seres sociais ali envolvidos, incluindo obviamente professores e alunos e sua relação, é possível organizar, dentro e fora da escola diversas formas de resistência/ conformismo, usando como exemplo recente as ocupações de 2016? Muito grato!

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    1. Olá Fernando,

      Sua pergunta é muito importante, obrigado!
      Você citou um bom exemplo de como podemos nos organizar e produzir espaços de resistência e produz aquilo que a Hannah Arendt chama de "o novo". Mas, além de ocupar escolas como ocorreu em 2016, pensamos que a própria realidade cotidiana das atividades de aula pode contribuir para gerar formas de resistir, pensar, criticar a combater os nossos problemas educacionais e sociais mais amplos. Desenvolver projetos interdisciplinares e extracurriculares é fundamental para enfatizar o papel da escola enquanto agente transformador da sua comunidade, da sua realidade. Envolver família e comunidade em atividades escolares é muito importante para a definição de uma escola que possa ser transformadora para a vida de todos os que estão ligados a ela: alunos, professores, pais, comunidade em geral. Então, pensamos que podemos começar pelas nossas aulas e gradativamente envolver mais pessoas na tarefa de educar as próximas gerações para a liberdade, a cidadania e a consciência de nossa responsabilidade social.

      Um forte abraço!

      Aruanã e Willian.

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  7. Olá pessoal! Aqui é Aruanã, um dos autores do trabalho. Posto esse comentário com um importante esclarecimento. Eu e o professor Willian pensamos, discutimos e resolvemos postar as respostas da nossa discussão. Então, vai em meu nome, mas a resposta é nossa. Agradecemos imensamente as questões!

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  8. A bancada evangélica do Congresso Nacional tem apresentado projetos como o Escola Sem Partido, e seus membros têm feito declarações de que certo conteúdos, como ensino das religiões de matriz africana, seria uma tentativa de impor princípios religiosos nas escolas. Como você enxerga a atuação desta bancada neste tema e qual sua opinião sobre o Escola sem Partido?
    Alcione Gonçalves da Cruz Jorge

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    1. Olá Alcione,

      Obrigado pela questão!
      Observamos a ação desses grupos a favor de seus próprios interesses. Um movimento mais que natural, já que eles estão representando seus grupos e suas visões de mundo. Enquanto sociedade civil podemos intervir nos debates e nos posicionar pressionando nossos parlamentares para que defendam nossos interesses. Esse é o aspecto prático da luta política.
      No universo das nossas individualidades, vamos defender mais uma vez isso, é preciso sempre abrir o debate, a discussão e os espaços para que todos participem e se posicionem. Aqueles que pronunciam discursos de ódio devem ser confrontados no limite da lei e questionados sobre suas posições: porque você me enxerga assim? você tem conhecimento real "do que eu faço", "do que eu sou", "do que eu vivo"?
      O princípio da tolerância e da convivência democrática é um produto da cultura e da sociabilidade que se desenvolvem no tempo e dialogicamente. Precisamos nos abrir ao diferente e convidar o diferente para nos conhecer melhor. Apenas buscando construir um mundo diverso mas em comum, juntos é que poderemos edificar uma sociedade mais justa. Uma vez mais afirmamos: devemos começar em nosso cotidiano, com as pessoas mais próximas e aumentar gradativamente esse círculo. Nada fácil, mas necessário!

      Um forte abraço!

      Aruanã e Willian.

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  9. Eliudes dos Santos Barbosa11 de abril de 2019 às 17:24

    Diante do cenário de crise em que se encontra a educação; estão inseridos diversos problemas, entre eles, o modelo tradicional que enfrenta em tempos atuais, muitos problemas na educação, justamente por estar muito ligado às metodologias do passado ao invés de buscar novas soluções. Assim como também, a falta de estrutura adequada. Outro problema grave na educação é a inexistência de politicas ativas, projetos, ações e programas inclusivos que assegurem a permanência dos alunos nas escolas evitando assim a segregação a marginalização e a evasão escolar principalmente nas séries iniciais. Diante do exposto, quais metodologias e instrumentos de mediação os docentes devem utilizar para extrair de seus alunos os conhecimentos que os mesmos trazem de suas experiências de vida, assim como também suas verdades e ideologias? Para que se formem não apenas cidadãos críticos e reflexivos, mas também agentes de transformação?
    Eliudes Dos Santos Barbosa

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    1. Olá Eliudes, tudo bem?

      Obrigado pela questão!

      Parece que uma certa crise na educação é tão grande que nossos alunos não vem sentido na escola, não tem interesse e a bagagem que trazem em muito não se aplica em relação aos conteúdos ofertados. Não é somente uma questão de metodologias inovadoras e de Políticas Públicas, mas também de vontade de todos os envolvidos no processo escolar, em fazer com que as coisas aconteçam. Que não é uma questão de base curricular comum. É, ao nosso ver, que os atores deste processo se mostrem envolvidos de verdade, que as Políticas Públicas fomentem o crescimento de todos, docentes e discentes, e que a inclusão seja efetuada de uma forma efetiva, sem maquiagens ou feita apenas pro forme.
      Do chão da sala de aula, podemos afirmar a partir de nossas experiências, que as atividades organizadas a partir das metodologias ativas, como a sala de aula invertida, podem fomentar o desejo e o envolvimento dos alunos nas atividades cotidianas. Por fim, os projetos políticos pedagógicos devem contemplar ações que envolvam todos os sujeitos dos processos educacionais.

      abraços,

      Aruanã e Willian.

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