DISCUSSÕES
SOBRE PATRIMÔNIO LOCAL E REGIONAL NO ENSINO DE HISTÓRIA
A presente comunicação relata uma experiência pedagógica proposta aos
alunos do curso de História, e que consistiu em visitas técnicas realizadas no
centro histórico de Santos-SP e redondezas. Tem por objetivo salientar a
importância deste tipo de atividade didático-pedagógica tanto para formação dos
futuros docentes quanto para o exercício da cidadania, que passa
necessariamente pelo conhecimento e compreensão da história local. Verificou-se
que a maioria dos alunos, nascidos ou há muito na cidade, não conheciam os
espaços de cultura da cidade, tampouco as edificações patrimonializadas. Nesse
sentido, percebe-se a necessidade de uma constante educação patrimonial que
incentive a prática do estudo do meio, tanto no âmbito do ensino superior, como
do ensino básico, espaço para o qual eles estão sendo formados.
De acordo com Circe Bittencourt, a educação patrimonial deve integrar os
planejamentos escolares e, especialmente, a componente curricular História,
envolvendo o desenvolvimento de atividades lúdicas e de ampliação do
conhecimento sobre o passado e sobre as relações que cada sociedade estabelece
com ele. O professor deve suscitar nos alunos indagações do tipo: o que é
preservado? Como é preservado? Porque é preservado? Por quem é preservado?
Essas perguntas têm por objetivo refletir sobre a construção da memória social
e indagar, ainda, se todos os setores e classes sociais têm sua memória
reconhecida. (Bittencourt, 2008).
Além disso, cumpre à discussão do patrimônio e da memória o papel de
desfazer a percepção equivocada de que somos “um país sem memória”, cabendo
questionar qual memória tem sido esquecida e como recuperar um passado que
possa contribuir para atender às reivindicações de parcelas consideráveis da
população às quais tem sido negado, recorrentemente, o “direito à memória”.
Esta comunicação pretende levantar questões a partir de uma experiência
concreta de estudo de meio como elemento propositivo de reflexões voltadas para
o exercício da cidadania e a construção de uma sociedade democrática.
O primeiro problema que o professor deve refletir na prática pedagógica
que envolve o estudo de meio e o patrimônio é com a noção de “história local”.
Esta noção, embora frequente, não tem sido devidamente tratada do ponto de
vista teórico e metodológico. O que é “local”, “regional”, “nacional”,
“global”?
Tais perguntas devem levar o historiador a indagar sobre os conteúdos dessas
noções, lembrando que as mesmas não são dados da realidade, mas construções
historicamente situadas. Como lembra Rosa Maria Godoy Silveira, a relação entre
História e região é, em última instância, a relação entre temporalidade e
espacialidade. Tal relação não parece, segundo ainda a autora, óbvia nos
estudos históricos no Brasil.
Diz a historiadora:
“Nossa produção historiográfica ignora completamente a problemática em
termos de seu tratamento teórico-metodológico. Praticamente, não existem reflexões
sistematizadas sobre as várias abordagens que se tem dado à relação Região-História
nos trabalhos empíricos, e sobre as implicações epistemológicas e políticas de
tais enfoques.” (SILVEIRA, 1990, p.17).
Ou como diz o historiador Durval Muniz de Albuquerque, no mesmo sentido,
embora mais recentemente:
“A região aparece como um
dado prévio, como um recorte espacial naturalizado, a-histórico, como um
referente identitário que existiria per si, ora como um recorte dado pela
natureza, ora como um recorte político-administrativo, ora como um recorte
cultural, mas que parece não ser fruto de um dado processo histórico. A
história ocorreria na região, mas não existiria história da região. A história
da região seria o que teria acontecido no interior de seus limites, não a
história da constituição destes limites.” (2008, p.55).
Há ainda uso problemático, e
às vezes equivocado, dos conceitos de “Espaço” e “Região”, caros à Geografia,
por parte dos historiadores. (SILVEIRA, 1990, p.18). Um cuidado que se deve ter
com o estudo da história local é a identificação do conceito de espaço. É comum falar em história local
como a história do entorno, do mais
próximo, do bairro ou cidade. Quem mais se dedica aos estudos dessa natureza
são os geógrafos, e estes fazem algumas advertências aos historiadores que não
se preocupam com o espaço e os conceitos dele decorrentes. A reflexão sobre o
espaço é imprescindível para os estudos de história da região ou da história
local, insistem os geógrafos. E um dos conceitos fundamentais atualmente
trabalhados por eles é o de lugar. (SILVEIRA,
1990, p.17).
O geógrafo Milton Santos
apresentou em vários de suas obras importante reflexão sobre espaço geográfico,
com uma contribuição preciosa sobre o conceito de lugar. (1991).
Cada lugar tem suas
especificidades e precisa ser entendido por meio da série de elementos que o
compõem e de suas funções. Milton Santos sustenta, no entanto, que o lugar só
pode ser compreendido dialeticamente levando-se em conta as relações de produção
nele estabelecidas e sendo concebido como uma produção histórica. A história,
afirma,
“atribui funções diferentes
ao mesmo lugar. O lugar é um conjunto de objetos que têm autonomia de
existência pelas coisas que o formam – ruas, edifícios, canalizações, indústrias,
empresas, restaurantes, eletrificação, calçamentos –, mas que não têm autonomia
de significação, pois todos os dias novas funções substituem as antigas, novas
funções se interpõem e se exercem.” (SANTOS, 1991, p. 52).
Esse autor ressalta que cada
lugar é diferente de outro, tem sua singularidade, mas é fração de uma
totalidade. Ao analisar o atual processo de globalização, pressupõe as relações
de cada lugar com a expansão das multinacionais, com a nova forma de atuação do
Estado e com a organização social. Afirma assim que as relações de produção
atuam na transformação dos lugares, embora seja preciso averiguar a dinâmica
dos usos de cada espaço, como ocorre a ação concreta do capitalismo globalizado
nessa fração do espaço total. (SANTOS, 1991, p. 172).
A história do “lugar” como
objeto de estudo ganha, necessariamente, contornos temporais e espaciais. Não
se trata, portanto, ao se proporem conteúdos escolares da história local, de
entendê-las apenas na história do presente ou de determinado passado, mas de
procurar identificar a dinâmica do lugar, as transformações do espaço, e
articular esse processo às relações externas, a outros “lugares”. (SANTOS,
1991, p. 172).
Ainda sobre a problemática
conceitual do “lugar”, da “região”, e porque não, do “território”, diz o
geógrafo Marcelo Lopes de Souza:
“No caso do conceito de
lugar, não é a dimensão do poder que está em primeiro plano ou que é aquela
mais imediatamente perceptível, diferentemente do que se passa com o conceito
de território; mas sim a dimensão
cultural-simbólica e, a partir daí as questões envolvendo as identidades, a
intersubjetividade e as trocas simbólicas, por trás da construção de imagens e
sentidos dos lugares enquanto espacialidades vividas e percebidas, dotadas de
significado [...].” (SOUZA, 2013, p. 118).
Em outras palavras, “o lugar
está para a dimensão cultural-simbólica assim como o território está para a
dimensão política”. (Souza, 2013). Isso não quer dizer, no entanto, que a
dimensão do poder, da política, esteja ausente do conceito de lugar:
“[...] uma região ou um
bairro é, enquanto tal, um espaço definido basicamente, por identidade e
intersubjetividades compartilhadas [...], ambos são, portanto, “lugares” [...]:
espaços vividos e percebidos. Porém, é lógico que um bairro e, mais provavelmente
ainda, uma região igualmente pode ser nítida ou intensamente um território: seja em função de
regionalismos e bairrismos, dando origem a territórios informais, seja mesmo
porque foram “reconhecidos” pelo aparelho de Estado como unidades espaciais
formais de administração ou planejamento. Isso sem contar que hipotéticos
movimentos sociais, se ali passarem a exercer, fortemente um contrapoder de resistência ou
insurgente, podem também definir um tipo de territorialidade alternativa, a
atritar com a estatal.” (SOUZA, 2013, p. 116).
Feitas as ressalvas do ponto
de vista da Geografia, algumas preocupações ainda devem acompanhar o
historiador que se interessa pela região, ou por qualquer recorte espacial. Uma
vez mais recorremos a Durval Muniz de Albuquerque:
“o historiador [...] deve
estar atento para os afrontamentos políticos, as lutas pelo poder, as
estratégias de governo, de comando, os projetos de domínio e de conquista que
aí estão investidos, que fizeram parte de sua instalação e demarcação, que
estabeleceram as fronteiras e os limites que agora podem reivindicar como sendo
naturais, ancestrais, divinos ou legítimos. As regiões, portanto, não
pré-existem aos fatos que as fizeram emergir; as regiões são acontecimentos
históricos, são acontecimentos políticos, estratégicos, acontecimentos
militares, diplomáticos, são produtos de afrontamentos, de disputas, de
conflitos, de lutas, de guerras, de vitórias e de derrotas. Falar em região
implica em se perguntar por domínio, por dominação, por tomada de posse, por
apropriação. Falar em região é também falar em subordinação, em exclusão, em
desterramento, em banimento. Falar em região é se referir àqueles que foram
derrotados em seu processo de implantação, àqueles que foram excluídos de seus
limites territoriais ou simbólicos, àqueles que não fazem parte dos projetos
que deram origem a dado recorte regional. Falar de região implica em reconhecer
fronteiras, em fazer parte do jogo que define o dentro e o fora: implica em
jogar o jogo do pertencimento e do não pertencimento.” (2008, p. 58).
E autor continua:
“A história do regional não
pode ser uma história celebrativa, monumentalizadora, veiculadora de mitos e
reafirmadora de identidades. Ela deve ser capaz de introduzir o estranho em
nosso próprio ser, ela deve ser capaz de produzir o afastamento do que se vê,
se diz e se sente como próximo.” (2008, p. 58).
É importante, ainda, ter
clara a diferença do regionalismo como método de investigação e como concepção
interpretativa. (CARDOSO, 1990, p.43). Assim, é preciso partir da definição de
regionalismo, cujo referencial analítico que o dá sentido é a teoria dos
sistemas, ou seja, a integração de partes que formam um todo.
“A região só se entende,
então, metodologicamente falando, como parte de um sistema de relações que ela
integra. Deve, portanto, ser definida por referência ao sistema que fornece seu
princípio de identidade. Assim, pode-se falar tanto de uma região no sistema
internacional, como de uma região dentro do estado nacional ou dentro de uma
das unidades de um sistema político federativo.” (CARDOSO, 1990, p.43).
O que não se pode fazer,
defende Vera Alice Cardoso Silva, é perder de vista que a significação
analítica e a utilidade explicativa do conceito de região dependem de sua
referência constante a um sistema global de relações do qual foi recortada. (CARDOSO,
1990, p.44).
Por outro lado, a história
regional não substituiu a história de processos estruturais ou a história das
mudanças sociais e política. E tampouco deve ser vista como fornecedora de subsídios
que, somados, resultaria naturalmente numa “História nacional” ou numa
“História Geral”. Ou seja, uma antologia de histórias regionais não produziria
uma “história nacional”.
Destarte, o regionalismo,
para fecharmos a reflexão da autora referenciada, configura o objeto da
História Regional, e assim oferece elementos essenciais para a História
Comparada. Como enfoque interpretativo o regionalismo aponta para uma
complexidade de focos de articulação da ação coletiva, nem sempre inteiramente
explicável por referências às classes e à estratificação econômica nas
sociedades modernas.
E preocupada com esta
questão, a historiadora Maria de Lourdes Monaco Janotti, em texto justamente
intitulado “Historiografia: uma questão regional?”, fala de “recusa de uma
visão regionalista”, por parte dos historiadores do eixo Rio-São Paulo. Com
propriedade escreve a historiadora:
“O caráter da evolução
histórica nacional, delineado por estruturas de produção colonial, neocolonial
e, de forma mais abrangente, capitalista, gerou a centralização dos polos
dinâmicos da economia em algumas áreas geográficas do país, atribuído o termo regiões aos espaços geoeconômicos que
não participavam de sua prosperidade. Portanto, o regional passou a ser sinônimo de marginalidade e/ou decadência.
[...]
Dessa maneira, a primazia
dispensada pelos estudos históricos aos polos dinâmicos passou a identificá-los
com a própria história do Brasil, que parece apenas se desenvolver ora em uma,
ora em outra área, reproduzindo assim, claramente, a desarticulação econômica
interna.” (JANOTTI, 1990, p. 85-86).
Também Durval Muniz Albuquerque,
anos depois, chamou a atenção dos estudiosos do regional para a questão:
“No Brasil o lugar de historiador
regional quase sempre é assumido por aqueles historiadores que vivem fora do
eixo Rio de Janeiro-São Paulo, que se consideram, portanto, afastados do centro
da produção historiográfica nacional, daqueles que fariam história em nome da
nação, que fariam a História do Brasil.” (ALBUQUERQUE, 2008, p. 65).
O que confirma a
persistência desta tendência.
Não obstante esse quadro
problemático da historiografia brasileira, as propostas curriculares e algumas
produções didáticas têm introduzido a história do cotidiano e a história local,
opção que não é recente, de acordo com Circe Maria Bittencourt. Segundo a
autora, a associação entre cotidiano e história de vida dos alunos possibilita
contextualizar essa vivência em uma vida em sociedade e articular a história
individual dos alunos a uma história coletiva. (Cf. BITTENCOURT, 2008, p.
164-165).
Por fim,
queremos reforçar que o estudo do meio
é, com todas as suas dificuldades operacionais, a prática escolar que
possibilita outra relação entre saber histórico e saber geográfico, isto é,
entre tempo e espaço. (BITTENCOURT, 2008, p. 172).
REFERÊNCIAS
Marcos Rafael da Silva
Doutor em História Social
pela USP. Professor dos Cursos de Arqueologia e História da Universidade
Metropolitana de Santos – UNIMES – Santos/SP.
E-mail:
Tathianni Cristini da Silva
Doutora em História Social
pela USP, atualmente no Pós-Doutorado pela mesma instituição. Professora dos
Cursos de Arqueologia, História e Pedagogia da Universidade Metropolitana de
Santos – UNIMES – Santos/SP.
E-mail: tathianni@gmail.com
ALBUQUERQUE, Durval Muniz. O objeto em fuga:
algumas reflexões em torno do conceito de região. In: Fronteiras, Dourados-MS, v. 10, n.
17, p. 55-67, Jan./jun. 2008.
BITTENCOURT,
Circe Maria. Ensino de história: fundamentos e métodos. 2.
Ed. São Paulo: Editora Cortez, 2008.
JANOTTI, Maria de Lourdes Monaco. Historiografia:
uma questão regional? In: SILVA, Marcos Antonio. República em migalhas: história regional e local. São Paulo: Marco
Zero, 1990.
SANTOS, Milton. As
metamorfoses do espaço habitado. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1991.
SILVA, Vera Alice Cardoso. Regionalismo: o enfoque
metodológico e a concepção histórica. In: SILVA, Marcos Antônio. República em
migalhas: história regional e local. São Paulo: Marco Zero, 1990.
SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Região e História:
questão de método. In: SILVA, Marcos Antonio. República em migalhas: História regional e local. São Paulo: Marco
Zero, 1990.
SOUZA,
Marcelo Lopes. Os conceitos fundamentais
da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar o trabalho e o tema escolhido, acho um debate atual e muito importante pro campo da educação e do ensino de história.
ResponderExcluirAo ler o trecho ”Não se trata, portanto, ao se proporem conteúdos escolares da história local, de entendê-las apenas na história do presente ou de determinado passado, mas de procurar identificar a dinâmica do lugar, as transformações do espaço, e articular esse processo às relações externas, a outros “lugares”.” me veio uma questão voltada para a prática docente e o ambiente escolar, como essa proposta seria desenvolvida em sala de aula? Isso é sempre uma dúvida importante até para nós professores sabermos como inserir estas temáticas tão atuais e essenciais no cotidiano escolar.
Mariana Freitas de Andrade
Olá, Mariana, obrigada.
Excluiruma sugestão para aplicação dessa proposta em sala de aula é a criação do Museu da Pessoa pelo grupo de alunos. Você conhece esse museu? De maneira bastante sucinta ele recolhe relatos de vida sobre diversos temas de pessoas comuns e você pode utilizá-las para discutir questões regionais. Temos feito isso e o resultado é ótimo. Há no próprio site do museu um roteiro a ser seguido. Nós alteramos o roteiro para nossa realidade e aplicamos em diversos exercícios em sala de aula. Os alunos adoram e têm levado para suas práticas docentes.
Cordialmente,
Tathianni Cristini da Silva
Boa noite a todos(as)!
ResponderExcluirVisto que sua apresentação possui aspectos de natureza regional, gostaria de saber como você pensa o conceito de região e como enxerga a contribuição deste conceito para os estudos locais?
Parabéns pela comunicação!
Comentário de: Nikolas Corrent
Prezado Nikolas,
ExcluirPartimos do pressuposto, utilizando a bibliografia citada, de que o conceito de região foi trabalhado de forma superficial pela historiografia. Essa superficialidade está justamente no tratamento do conceito como algo dado, e não uma construção histórica. Assim, a região pode ser a cidade, o bairro, desde que seja trabalhado na perspectiva de que ele foi produzido historicamente para atender determinados interesses políticos, econômicos, sociais, etc. A região não é uma essência, e suas delimitações transformam-se também com o tempo.
A história das fronteiras do Brasil é um bom exemplo disso. Mostrar as lutas e disputas em torno de regiões como Acre pode dirimir reações depreciativas como aquelas em que questiona a existência do mesmo. Ou ainda, a história da construção do “Nordeste” como uma região do país é uma excelente oportunidade para trabalhar os deslocamentos dos centros dinâmicos da economia na história brasileira.
Espero ter respondido sua pergunta.
Cordialmente,
Marcos Rafael da Silva
Quais ações em sala de aula podem garantir a relação história regional e patrimônio que não se limite a regionalismos?
ResponderExcluirClarice Bianchezzi
Prezada Clarice,
ExcluirAo operar com o conceito de história regional em uma abordagem mais alargada, ou seja, em diálogo com outras regiões, o patrimônio local tenderá a se relacionar com outros patrimônios (materiais ou imateriais), conseguindo assim extrapolar tais regionalismos.
Exemplificando: um edifício tombado que pertencia a elite comercial da cidade está ligado à história local; mas na medida em que você mostra que essa elite enriquece em determinado momento motivado por conjunturas econômicas específicas, e, que dizem respeito à economia do país como um todo, você estará trabalhando a um só tempo a história local e os grandes movimentos na história nacional.
Ou ainda, apresentar um edifício da cidade em que os alunos moram, para o que ele era utilizado, quais as suas características formais e compará-lo a um edifício com finalidades próximas pode ajudar a construir nos alunos a percepção da historicidade desses espaços, evitando assim a sua “essencialização”.
O mesmo pode se falar em manifestações culturais como o Jongo. Podemos comparar as manifestações vivenciadas em diferentes localidades, fazendo um paralelo entre a manifestação local com aquelas vivenciadas por outros participantes.
É importante sempre lembrar que o patrimônio escolhido para ser debatido em sala de aula não pode estar descolado da vida dos alunos. Inicialmente, seria interessante selecionar edifícios ou práticas patrimonializadas nos quais eles se reconheçam, para que o trabalho de comparação com outros lugares seja eficiente.
Espero ter respondido sua questão.
Cordialmente,
Marcos Rafael da Silva
Bom dia, ótimas considerações. Gostaria de saber quais desafios a escola deve ter para enfrentar a falta de politicas publicas para a preservação do patrimônio e se falta muito uma consciência histórica por parte da sociedade brasileira?
ResponderExcluirRaimundo Denizar dos Santos Pires
Olá, Raimundo, obrigada.
ExcluirVou começar a respondê-lo pela sua segunda pergunta. A nossa sociedade de forma ampla recebe informação, sobretudo, pela TV e Internet de maneira fragmentada e quando se trata de patrimônio há uma dúvida imensa sobre o que é isso?! Pois, sempre se pensa o patrimônio de elite como o mais importante (grandes edifícios, museus, teatros, etc) e, comumente, o patrimônio do trabalhador é negligenciado e apagado (vilas operárias, alojamentos de férias, praças, etc.) dando exemplos de cultura material que são os mais visíveis pelos canais de TV. Penso que isso sofreu alguma mudança nas últimas duas décadas quando políticas públicas objetivas foram implantadas no país inteiro e o patrimônio imaterial recebeu especial atenção. Pois, o patrimônio imaterial envolve especialmente populações trabalhadoras que passaram a perceber-se agentes históricos. Mas, estamos muito distantes do ideal.
A escola é o ambiente que forma parte significativa de nossos gostos pelo conhecimento e a apresentação e o envolvimento com o patrimônio cultural, seja ele qual for, fará total diferença para que tenhamos cidadãos que se reconheçam sujeitos históricos e busquem sua identidade.
Se a Tv e a Internet nos apresentam tudo fragmentado e superficial a escola consegue cumprir um papel contrário a isso, propiciando análises e conhecimentos sólidos que deem sustentação intelectual ao nosso aluno. Acredito que a consciência que precisamos só pode vir da escola.
Cordialmente,
Tathianni Cristini da Silva
Parabéns pela escriva, agradeço a oportunidade de ler seu trabalho, creio que esse é assunto e pertinente e urgente, visto a importancia de conhecer para valorizar cultura regional e local, além de sua pontencialidade didático pedagógica.
ResponderExcluirOlá, Judite, muito obrigada. É sempre muito bom poder dividir nosso aprendizado.
ExcluirSaudações,
Tathianni Cristini da Silva