ANA
BOLENA (1501-1536) ENTRE AS INTERPRETAÇÕES
HISTÓRICAS
E LITERÁRIAS
Introdução
Ao analisarmos o crescimento de
pesquisas e obras com figuras femininas nas últimas décadas, é possível visualizar
a relevância deste cenário de estudos graças à consolidação do movimento
feminista, fortalecido entre os anos 60 e 70 do século XX. Este
movimento, além de levantar debates e problemáticas sobre os direitos da
mulher, favoreceu o desenvolvimento no âmbito universitário voltado para uma
produção histórica cujas personagens femininas obtivessem a representatividade
merecida, dando origem e força, então, ao campo da “história das mulheres” (Scott,
1992).
A partir de então, o âmbito
universitário passou a produzir artigos, monografias, teses, etc..., com as
perspectivas deste novo campo de estudo, alavancando, portanto, as
contribuições historiográficas acerca do papel das mulheres para as construções
históricas, políticas e sociais. Sobre a história das mulheres e suas lutas,
Joan Scott (1992, p. 78) afirma que o campo: “questiona a prioridade relativa
dada à ‘história dos homens’, em oposição a ‘história da mulher’, expondo a
hierarquia implícita em muitos relatos históricos”.
Ao se falar de história das mulheres,
também é essencial que se considere a questão do gênero, termo muito utilizado
para teorizar a problemática da diferença sexual, cujos debates tiveram forte
emergência na década de 80 do século passado, contribuindo para o entendimento
de fatores sociais e culturais e servindo, assim, de categoria de análise para
o campo da história das mulheres. De acordo com Rachel Soihet (2011, p. 266),
“A palavra gênero indica uma rejeição ao determinismo biológico no uso de
termos como ‘diferença sexual’ ou ‘sexo’. [...] Além disso, o gênero define “a
criação inteiramente social das ideias sobre os papeis próprios aos homens e às
mulheres”. Sendo assim, o gênero se torna um termo para designar “as
construções sociais” dos papeis perante os sexos.
O estudo sobre as mulheres no Medievo
vem ganhando grandes proporções dentro das universidades. No entanto, essa área
de pesquisa é carregada de especificidades. Por exemplo, Macedo (1992) afirma
que para se realizar um estudo acerca da mulher na Idade Média ocidental é
preciso considerar que as informações obtidas revelam-nos um olhar masculino não
neutro sobre essas mulheres, sendo que boa parte do que foi escrito sobre elas é
carregado de discursos religiosos católicos, com ideais cristãos e direcionados
pela ideia de ética, culpa, pecado, etc...; naturalmente, ao serem debatidos
certos temas sobre a mulher no Medievo, devemos nos atentar a estas
peculiaridades.
Ana
Bolena: a mulher e o protagonismo literário
Ao nos situarmos nas biografias de
famosas mulheres da Idade Média, uma despertou nossa atenção: a de Ana Bolena
(1501-1536), conhecida por ser a segunda esposa do rei da Inglaterra, Henrique
VIII (1491-1547). Ana, que antes era dama de companhia de Catarina de Aragão
(1485-1536), a primeira esposa do rei, despertou o desejo no monarca que anulou
não só o casamento com a princesa castelhana para casar-se com Bolena, como
também findou sua aliança com a Igreja Católica, fundando a Igreja Anglicana e
tornando Ana rainha da Inglaterra, tendo ela grande influência perante o rei
por também ser admiradora de ideias protestantes.
A Inglaterra do século XVI, apesar do
crescimento, firmava-se como um dos estados absolutistas de potencial ainda
tardio dentro do continente europeu. Sendo assim, o fato de uma mulher ter um
papel decisivo na reforma religiosa de um reino tão poderoso revela-nos uma
personagem que apesar de muitas vezes ser lembrada como uma anti-heroína,
revela-se ser uma figura interessante.
Sobre o século XVI inglês é possível
apontar que: “Não havia ainda sinais de qualquer desenvolvimento espetacular na
orientação da política monárquica na Inglaterra. Foi a crise matrimonial de
1527-28, causada pela decisão real de se divorciar de sua esposa espanhola, com
o subsequente impasse com o papado sobre uma questão que afetava a sucessão
interna, que viria subitamente alterar toda a situação política. Para lidar com
a obstrução papal — inspirada pela hostilidade dinástica do imperador ao
planejado novo casamento — foi necessário recorrer a novas e mais radicais
leis, e reunir apoio político nacional contra Clemente VII e Carlos V.” (Anderson,
1984, p. 119).
Pode-se, então, atribuir a Ana Bolena
uma parcela de contribuição em uma das maiores transformações políticas – e
religiosas – da Inglaterra, em um momento crucial para o Estado absolutista
inglês no século XVI, que apesar dos avanços intensos ainda era envolto na
“atmosfera” medieval que só teria fim no século seguinte, pois segundo o autor
Christoper Hill (1988, p. 13) “O século XVII é decisivo na história da
Inglaterra. É a época em que a Idade Média chega ao fim”. Desse modo, a
trajetória de Ana Bolena marcou não somente a historiografia, mas serviu de
inspiração para diversos filmes, séries e principalmente impulsionou a
literatura de uma forma muito forte.
Em 29 de junho de 1613 (80 anos após a
morte de Ana) era exibida no teatro Globe, a peça “A famosa história da vida do rei Henrique VIII”, com texto assinado pelo dramaturgo William Shakespeare (1564-1616),
considerado um dos maiores escritores da língua inglesa (Möderler, 2016). O
texto da peça retrata a trajetória do Rei Henrique VIII focando principalmente
na questão da anulação do seu casamento para casar-se com Ana; entretanto, Ana
Bolena nesta obra torna-se apenas uma personagem coadjuvante, em muitos casos
tendo suas contribuições históricas pouco evidenciadas nos eventos narrados.
Entre alguns dos romances históricos
que retratam a figura de Ana Bolena, pode-se destacar o livro “Assassinato Real” (no original “Murder Roost Royal”) de
Jean Plaidy, publicado em 1949 na Inglaterra. O livro “Assassinato Real” teve
publicação no Brasil pela Editora Record em 2000. O romance nos revela uma
representação de Ana Bolena na visão inglesa da primeira metade do século do
século XX, destacando a relevância desta figura histórica através de uma
narrativa literária que mescla ficção e história. Jean Plaidy (1906-1993) é um
dos pseudônimos da escritora inglesa Eleanor Alice Burford Hibbert, autora de
mais de duzentos livros, entre romances históricos, romances de mistério e
não-ficção. A autora consagrou-se ao publicar a série épica “A Saga Plantageneta”, com intensa e relevante pesquisa
histórica aliada às intrigas familiares dos monarcas desta dinastia.
Sendo assim, a análise da representação
e construção da personagem Ana Bolena através da peça de Shakespeare e do romance
histórico de Jean Plaidy se justifica na problemática de como esta figura
histórica é retratada na literatura, considerando, então, o final do Medievo
como cenário; destacando o fato de serem obras inglesas e publicadas em um
contexto pré-feminista dos anos 60 e 70 do século passado, e apresentando,
portanto, parâmetros anteriores às demandas sociais realizadas por este movimento.
A literatura como fonte
O livro “Assassinato Real”
é um romance inglês publicado em 1949. Sua publicação no Brasil aconteceu
em 2000 pela Editora Record com a tradução de Sylvio Gonçalves. A obra recebeu
ainda o subtítulo “A vida e a morte de Ana Bolena na corte de Henrique VIII”,
estratagema para atrair a atenção de leitores, despertando o interesse para se
conhecer a história trágica da rainha. O livro possui 528 páginas, sendo divido
em quatro partes: “As Vontades do Rei” (p. 11-76), “O Assunto Secreto do Rei” (p. 77-168), “A Mais Feliz das
Mulheres” (p. 169-412) e “Nenhuma
outra vontade senão a do Rei” (Plaidy,
2000, p. 413-523).
A autora Jean Plaidy ao final do
livro agradece a ajuda obtida com a análise das fontes históricas que usou para
a elaboração de seu romance e deixa claro: “Nos diversos pontos que as
autoridades diferem, usei meu próprio julgamento, procurando manter-me o mais
próximo da verdade quanto possível” (Plaidy, 2000, p. 525).
Já a peça “A famosa história da vida do rei Henrique VIII” (no
original The Famous History of the Life of King Henry the Eighth) foi escrita
por Willian Shakespeare e encenada em 1613 no teatro Globe. O texto é dividido
em cinco atos e narra fatos históricos com personagens reais como o rei Henry,
Ana Bolena, Cardeal Wolsey, etc... Acredita-se que a peça tenha sido uma
homenagem a rainha Elizabeth I, já que o epílogo retrata com pompa o nascimento
da soberana. A Editora Peixoto Neto publicou o texto da peça em 2017 no Brasil,
fazendo parte da coleção “Shakespeare de Bolso”.
Ao se adotar uma metodologia na análise de uma fonte
literária sobre Ana Bolena, é preciso destacar que estas obras, apesar de se
apropriarem da personagem e de fatos históricos, ainda assim são narrativas
ficcionais. Esse tipo de narrativa é denominada como metaficção historiográfica. “Em primeiro lugar, a metaficção historiográfica se aproveita
das verdades e das mentiras do registro histórico. [...] A segunda diferença
está na forma como a ficção pós-moderna realmente utiliza os detalhes ou os
fatos históricos. A ficção [...] costuma incorporar e assimilar esses dados a
fim de proporcionar uma sensação de verificabilidade [...] ao mundo ficcional.
[...] Como leitores, vemos tanto a coleta quanto as tentativas de fazer uma
organização narrativa. A metaficção
historiográfica não reconhece o paradoxo da realidade do passado,
mas sua acessibilidade textualizada para nós atualmente” (Hutcheon,
1991, p. 152).
Essa construção de metaficções
historiográficas busca, então, unir literatura com história, sendo que os
discursos nelas implícitos são frutos do seu próprio contexto social de
produção e almejam atingir a um público, produzindo uma narrativa do passado. Neste
sentido, Antônio Celso Ferreira (2013, p. 67) afirma que: “Toda ficção está
enraizada na sociedade, pois é em determinadas condições de tempo, espaço,
cultura e relações sociais que o escritor cria seus mundos”.
Sendo assim, na operação historiográfica da análise das
fontes é importante interrogar suas problemáticas, seu papel social e sua
proposta de representação de uma figura histórica feminina, observando esses
aspectos no romance, pois, como explica Celso Ferreira (2013, p. 74): “Cabe
àqueles que trabalham com a fonte literária, em vez de enquadrá-la em algum
gênero pressuposto, interrogar a que público ela se destina e que papel cumpre
nas condições sociais e culturais de uma época”. Dessa forma almeja-se analisar
brevemente a representação de Ana Bolena nestas duas obras distintas, que nas
suas narrativas ficcionais expressam elementos historiográficos relevantes e
úteis para a formulação desta pesquisa.
História e literatura: o resgate a memória de Ana Bolena
Na Tese de Doutorado “Ficções de Anna
Bolena: Na História e na Literatura Contemporânea” de Flávia Adriana Andrade
(2013), Doutora em Letras no campo de Literatura Comparada, é possível
identificar que os discursos construídos a respeito de Ana Bolena foram
influenciados diretamente por diversos aspectos próprios de seus/suas
autores(as), tais como: as diferenças de gênero, pertencimento nacional, as
peculiaridades dos paradigmas discursivos (história e literatura), etc...
Segundo Andrade:
“A focalização de diferentes paradigmas
discursivos propiciou a investigação de interface entre literatura e História,
um aprofundamento dos estudos, dos diálogos e intersecções que se estabelecem
entre as duas disciplinas. O estudo das relações entre literatura e história,
que proponho aqui, parte do pressuposto de que ambas são espécies diferenciadas
de ficção” (Andrade, 2013, p. 21).
Andrade (2013), em sua análise,
contribui ao nos apontar que as percepções de Ana dependem do contexto no qual
está inserida sua representação, seja no século XVI, XX ou até na
contemporaneidade. Além disso, devem-se observar as implicações ideológicas e até
mesmo a alteridade do autor do discurso acerca dessa personagem. É importante
que o historiador identifique esses traços diante do paradigma que se é
analisado, seja na história ou na literatura, pois ambas dependem da visão de
seus autores, não estando isentas de interpretações pessoais ou da imaginação
para a construção da imagem dessa personagem, o que resulta na legitimação
desses discursos.
Ao final da tese, Andrade (2013)
explica que os discursos históricos e literários, se apropriam da figura de Ana
Bolena para a realização de um resgate e reabilitação da memória apagada,
silenciada, fragmentada e demonizada dessa personagem histórica. Esse
procedimento de resgate é realizado quando ambos os discursos se apropriam de
informações e aspectos de Ana nunca explorados (fé, educação, participação na
política, etc) e através dessa focalização conferem a Ana Bolena uma nova
ótica, descontruindo, assim, seu envilecimento.
Conforme as palavras da autora:
“Os textos estudados mostram que a
sociedade patriarcal e católica, transformou Anne em objeto de vários discursos
depreciativos. Moldando, dessa forma, a percepção com relação a ela e formando
um arquivo no inconsciente coletivo que determina o que é pensado ou falado
sobre ela. Ao construir representações da personagem em bases diferenciadas das
tradicionais, os textos do corpus agem no sentido de: 1. Desconstruir as
imagens depreciativas; 2. Remodelar a percepção da personagem; 3. Desarticular
a imagem negativa cristalizada no inconsciente coletivo”. (Andrade, 2013, p.
283).
Ana Bolena por muito tempo foi uma figura representada de
forma muito negativa pela historiografia, herança das visões dos seus
contemporâneos que a demonizavam. Com as conquistas do feminismo e as novas
perspectivas da história das mulheres, essa personagem ganhou novas
representações no resgate de sua identidade. A autora ainda enfatiza que o
romance histórico contemporâneo tem como função “complementar a informação
histórica”: “As diferenças de paradigma discurso, histórico e literário, também
provocam diferenças essenciais entre os textos de romancistas e historiadores.
[...] O romance de cunho histórico contemporâneo tem como uma de suas
características essa aspiração de complementar a informação histórica,
apresentando versões possíveis daquilo que a história, por sua limitação às
fontes, não tem como alcançar”. (Andrade, 2013, p. 285).
Ana Bolena: das sombras ao protagonismo
Embora Ana
Bolena seja uma figura central na historiografia, vemos que na literatura ela
vem se destacando constantemente, atribuindo-se assim uma nova ótica sobre o
papel histórico dessa personagem, como no livro “Assassinato Real”, que a retrata nas suas ações,
pensamentos e comportamentos – enquanto mulher perspicaz, inteligente e
audaciosa – sendo estes aspectos decisivos para a sua glória e declínio; ou na
peça “A famosa história da vida do rei Henrique VIII” que mesmo dando pouco protagonismo a Ana, revela-nos uma
personagem sedutora, seguidora da reforma religiosa e disposta a dar um filho
ao rei.
Ao analisarmos a
peça “A famosa história da vida do rei Henrique VIII”, nota-se que Shakespeare aborda a questão da anulação do
casamento real dando maior visibilidade a figura de Henrique do que de Ana em
si. De início, a personagem é apresentada como a dama de companhia da rainha,
apontada como adorável e que logo desperta a atenção do rei. Em uma conversa
com a personagem velha dama, Ana é questionada se almeja ser rainha e a jovem
nega tal desejo, pois não ambiciona este posto (Shakespeare, 2017 p. 66). Já no
romance “Assassinato Real”, apesar de não corresponder aos
sentimentos amorosos do rei, a donzela sente-se atraída pela possibilidade de
ser soberana e entrega-se a esta ambição (Plaidy, 2000, p. 137).
No romance “Assassinato
Real” Ana é muito mais ativa no processo de reforma religiosa, incentivando
Henrique a ler obras protestantes (Plaidy, 2000, p. 178). Já na peça de
Shakeapeare, a jovem não tem papel ativo neste aspecto, mas o fato de ser
admiradora do protestantismo é mencionado com desconfiança por outros
personagens (Shakespeare, 2017, p. 98).
Nota-se, porém,
que as duas obras são semelhantes ao abordarem a glória de sua coroação,
destacando sua ascensão enquanto rainha e ambas defendem a insatisfação, a
princípio, de Henrique VIII, em não conseguir seu herdeiro homem com Ana.
Entretanto, a peça ”A famosa história da vida do rei Henrique VIII” romantiza
muito mais o nascimento de Elizabeth, já que esta se tornaria a rainha
responsável pela “Era de ouro” inglesa, por quem Shakespeare nutria grande
admiração.
A construção da personagem
representa assim as próprias interpretações de seus autores em relação aos
fatos vivenciados por ela. Nota-se, portanto, uma tentativa de resgate ao
passado por meio da narrativa ficcional, que utiliza os personagens históricos
para dar vida ao enredo literário, como no romance histórico de Jean Plaidy ou
no roteiro de Shakespeare.
No caso da peça
de teatro, o dramaturgo inglês opta por tonar Henrique VIII o grande foco da
sua peça, sendo Ana Bolena retratada como a paixão e a esperança do rei para
obter o herdeiro que reinaria na Inglaterra, onde a jovem dama assume as
virtudes elogiáveis desta época para o sexo feminino: doçura, beleza e
maternidade. Já na obra de Jean Plaidy, Ana Bolena destaca-se como uma figura
feminina corajosa, inteligente, sedutora e ambiciosa, conquistando poder e
influência na corte, seguindo as perspectivas da autora.
É possível apontar
então que essas duas metaficções
historiográficas abordam a representação de Ana Bolena de maneiras
distintas, construindo a personagem de acordo com as próprias visões e
contextos sociais de seus autores. Enquanto Shakespeare, no século XVII,
retrata uma Ana Bolena muito mais coadjuvante, Jean Plaidy, na primeira metade
do século XX, ousa ao dar protagonismo a esta figura histórica que marca até
hoje o imaginário universal.
Considerações finais
Nota-se, que os contextos históricos em que as narrativas
literárias foram escritas e as interpretações dos autores sobre os fatos e as
figuras históricas influenciam diretamente na construção de suas metaficções historiográficas, moldando a
personagem Ana Bolena de acordo com estas especificidades contextuais.
As escolhas de narrativa e as ações de Ana Bolena vão
ganhando destaque conforme os trabalhos de Shakespeare e de Jean Plaidy se
desenvolvem, evidenciando-se que estas obras, apesar de não terem compromisso com
a verdade por mesclarem ficção e história, demonstram os esforços de seus
autores em retratarem com fidelidade a história, sendo que ambas as
manifestações literárias são produtos culturais de seu próprio tempo.
Vemos assim que as possibilidades para o estudo da
representação de Ana Bolena em obras literárias resultam em um resgate da
memória, muitas vezes depreciada, dessa importante personagem, expandindo,
assim, a interdisciplinaridade entre literatura e história, as fontes de estudo
para o campo da história das mulheres e os debates sobre o poder feminino no
Medievo.
Referências
Marcos de
Araújo Oliveira é graduando em Licenciatura em História na Universidade de
Pernambuco – UPE (Campus Petrolina). Orientador: Prof. Dr. Luciano José Vianna
(UPE – Campus Petrolina). É integrante do Spatio
Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística da UPE/Petrolina.
Fontes
PLAIDY, Jean
(Eleanor Alice Burford Hibbert). Assassinato
Real – A vida e morte de Ana Bolena na corte de Henrique VIII. Rio
de Janeiro: Record, 2000. 528 p.
SHAKESPEARE, William. A famosa história da vida do rei Henrique
VIII. São Paulo: PeixotoNeto, 2017. 200 p.
Bibliografia
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1984.
ANDRADE, Flávia Adriana. Ficções de Anna Bolena, na história e na
literatura contemporâneas. 2013. 390 f. Tese (Doutorado) – Instituto de
Letras. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
FERREIRA, Antônio Celso. Literatura – A
fonte fecunda. In: LUCA, Tania Regina de; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). O Historiador e suas fontes. São Paulo:
Contexto, 2013. p. 61-92.
HILL, Christopher. Oliver Cromwell e a
Revolução Inglesa. In: O eleito de Deus:
Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
p. 11-32.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: História, Teoria, Ficção. Trad. Ricardo
Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991. 331 p.
MACEDO, José Rivair. Introdução.
In:______. A mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 1992. p. 9-13.
MÖDERLER, Catrin. 1613: Estreia de "Henrique
8º" de Shakespeare. jun. 2018. Disponível em:
<https://www.dw.com/pt-br/1613-estreia-de-henrique-8%C2%BA-de-shakespeare/a-297909>.
Acesso em: 01 mar. 2019.
SCOTT, Joan. História das Mulheres. In:
BURKE, Peter (Org.). A escrita da História. São Paulo:
Unesp, 1992. p. 63-95.
SOIHET, Rachel. História das Mulheres.
In: Domínios da História: Ensaios de
Teoria e Metodologia. CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2011, p. 263-283.
Olá Marcos, bom dia.
ResponderExcluirAnalisando a personagem Ana Bolena, através de quais caminhos você consegue perceber a diferença entre as diversas "Anas" criadas pelos autores? O contexto implica em formular alguma diferença?
Parabéns pelo trabalho e que você possa fazer novas reflexões.
Luciano José Vianna
Olá Luciano, bom dia!
ExcluirObrigado pelo carinho.
Analisando a peça de Shakespeare, podemos afirmar que como este autor é da era de Ouro do periodo Elizabetano, naturalmente irá escrever sua peça tentando elevar a glória de seus personagens por estarem conectados diretamente a Rainha Elizabeth I, filha de Ana Bolena. Com isso Henrique VIII ganha maior destaque e Ana Bolena se mantém mais coadjuvante, adotando as virtudes que a mãe da futura "Soberana Maior" deveria ter: doçura, beleza, instintos maternos aguçados e o esplendor de uma rainha.
Já Jean Plaidy, escreve seu romance no fim da década de 40 e com isso a autora opta por dar uma maior ênfase a Ana Bolena, mostrando defeitos e virtudes da mesma.
Neste romance, Ana é ambiciosa, inteligente, ciente de seu poder sobre o rei e muito mais empolgada com a reforma e descontente com o Clero.
Ela não é apenas a amada do Rei, como retrata Shakespeare, mas também a mulher que arquiteta a sua ascensão e é marcante na corte.
É preciso destacar que apesar de serem autores ingleses, os contextos de escrita das obras são diferentes: Shakespeare cria um produto cultural no século XVII e Jean Plaidy no século XX, além disso os fatores sociais e de gênero influenciam na escrita destes ingleses.
Jean Plaidy, por ser mulher, traça uma abordagem com maior enfoque na protagonista feminina, enquanto Shakespeare evidencia bem mais Henrique VIII.
São fatores que não podem ser ignorados na operação historiográfica de análise destas fontes, pois influenciam diretamente nos caminhos que mostram a construção que os autores fazem acerca da personagem "Ana Bolena", pois por mais que se haja a tentativa de manter-se fiel aos fatos históricos, os escritores utilizam-se da sua própria liberdade criativa na produção de suas narrativas.
Marcos de Araújo Oliveira
Oi Marcos, Bom dia!
ResponderExcluirGostaria primeiro de parabenizar você pela pesquisa, muito interessante o seu tema. E eu queria saber se no seu ponto vista existe algum sensacionalismo por parte Shakespeare e de Jean Plaidy fazendo com que as obras tome caminhos diferentes do que realmente aconteceu?
Juliana Gomes Rodrigues
Olá, Juliana!
ExcluirObrigado pela atenção!
Ao falar de metaficções historiográficas é preciso salientar que elas são produtos de determinados contextos políticos, sociais e culturais. Seja no século XVII com Shakespeare, ou no século XX com Jean Plaidy, essas narrativas ousam em retratar fatos históricos por meio da fusão entre história e literatura.
Não há compromisso em expressar verdades absolutas, pois os autores podem reproduzir suas próprias interpretações acerca dos fatos ou das personalidades de seus personagens.como. O caso de Ana Bolena Entretanto esse tipo de narrativa se destaca principalmente por trazer na obra literária ficcional , elementos representados na historiografia, o que pode auxiliar e muito o historiador na analise de sua pesquisa por apresentarem novas fontes e naturalmente novas metodologias e perspectivas sobre o tema pesquisado.
Marcos de Araújo Oliveira
Marcos, bom dia
ResponderExcluirPrimeiro parabens pelo texto !
Durante a escrita você relata que é preciso um resgate de memoria . Quando vc faz esse resgate o que você encontra são mais caracteristicas positivas ou contraditorias da personagem ? A metaficção historiografica afirma que as obras sao produtos resutantes de eventos politicos e culturais do momento social . Isso faz com que alguns escritores como shakespeare sejam ilusorios em pontos da narrativa ? Ou a obra sao produtos considerados reais ?
Dito isso, o que lhe motiva a Escrever?você quer reafirmar a personagem ou mostrar o contexto historico de uma personagem com outro vies de questionamento ?
Esteffane Viana Felisberto
Olá Marcos, parabéns pelo seu trabalho, muito interessante. Durante a leitura do seu trabalho me questionei a respeito do ensino de história quando se trata do assunto anglicanismo na escola e de como Ana Bolena aparece muito pouco na explicação desse conteúdo, tendo e vista esse ponto te pergunto como seu trabalho pode colaborar para o ensino de história nas escolas na explicação desse assunto?
ResponderExcluirAtenciosamente, Janaina Mendes da Silva.
ExcluirOlá Janaína, obrigado!
Ao analisar a representação de Ana Bolena , é possível reconhecer que se tratando de literatura ou até mesmo obras cinematográficas mais recentes como no filme "A Outra Bolena" (2008) Ou a série "Tudors" (2007-2010), Ana ganha sim um maior protagonismo, seja como heroína ou vilã.
Infelizmente, no ensino da Reforma Anglicana nas aulas de história nas escolas e até mesmo em Universidades ela ainda é pouco citada.
É possível que com o meu trabalho ou de outros pesquisadores acerca dessa importante figura feminina, novas abordagens no ensino de história sejam concretizadas.
Podendo-se assim Estimular um debate maior em sala sobre o papel da mulher na reforma religiosa, a ascensão feminina em espaços de poder e até mesmo as questões de gênero inerentes a mulher do secusé XVI.
Abre-se assim.um leque de possibilidades para a análise do papel de Ana, enquanto a mulher medieval que ascendeu o posto mais alto na Inglaterra, o de Rainha. Sendo assim, é possível refletir juntamente com alunos como o comportamento ousado dessa mulher marcou a história do reino Inglês e seus apagamento histórico, problematizando de forma a aguçar a criticidade acerca das relações sociais, políticas e culturais da época.
Marcos de Araújo Oliveira
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ExcluirObrigado por ler o texto!
ExcluirMarcos de Araújo Oliveira
Olá Marcos, parabéns pelo seu trabalho, muito interessante. Durante a leitura do seu trabalho me questionei a respeito do ensino de história quando se trata do assunto anglicanismo na escola e de como Ana Bolena aparece muito pouco na explicação desse conteúdo, tendo e vista esse ponto te pergunto como seu trabalho pode colaborar para o ensino de história nas escolas na explicação desse assunto?
ResponderExcluirJanaina Mendes da Silva
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMarcos Araújo11 de abril de 2019 16:53
ExcluirOlá Janaína, obrigado!
Ao analisar a representação de Ana Bolena , é possível reconhecer que se tratando de literatura ou até mesmo obras cinematográficas mais recentes como no filme "A Outra Bolena" (2008) Ou a série "Tudors" (2007-2010), Ana ganha sim um maior protagonismo, seja como heroína ou vilã.
Infelizmente, no ensino da Reforma Anglicana nas aulas de história nas escolas e até mesmo em Universidades ela ainda é pouco citada.
É possível que com o meu trabalho ou de outros pesquisadores acerca dessa importante figura feminina, novas abordagens no ensino de história sejam concretizadas.
Podendo-se assim Estimular um debate maior em sala sobre o papel da mulher na reforma religiosa, a ascensão feminina em espaços de poder e até mesmo as questões de gênero inerentes a mulher do secusé XVI.
Abre-se assim.um leque de possibilidades para a análise do papel de Ana, enquanto a mulher medieval que ascendeu o posto mais alto na Inglaterra, o de Rainha. Sendo assim, é possível refletir juntamente com alunos como o comportamento ousado dessa mulher marcou a história do reino Inglês e seus apagamento histórico, problematizando de forma a aguçar a criticidade acerca das relações sociais, políticas e culturais da época.
Marcos de Araújo Oliveira
Boa noite, Marcos!
ResponderExcluirTendo em vista esse acontecido em épocas passadas, você teve o conhecimento ou fez alguma análise da mudança que acontecia nos dias atuais observando em relação com aconstrução dessa personagem?
Vívian Rodrigues Duarte Dias
Olá, Vivian!
ExcluirObrigado pela pergunta!
Nesta pesquisa eu analiso a obra de Shakespeare que é escrita em 1613(século XVII) e também a de Jean Plaidy escrita em 1949 (primeira metade do século XX).
Mas existem outras obras mais recentes acerca de Ana Bolena, como o livro "O diário secreto de Ana Bolena" de Robin Maxwell de 1997 e o livro "Ana Bolena" da brasileira Bruna Calixto publicado em 2013.
Acredito que o movimento feminista das décadas de 60 e 70 e o movimento da História das Mulheres nos anos 80 serviu para ajudar a impulsionar a produção de mais obras literárias ou até mesmo filmes acerca de Ana Bolena, que constroem a personagem com novas perspectivas.
Ela já não é tão depreciada quanto antes, mas há um resgate de sua memória e novos olhares sobre sua vida e sua influência na corte Tudor.
Naturalmente, analiso esses novos produtos culturais como na maioria das vezes possitivos, pois evidenciam ainda mais a Ana Bolena, não como a Concubina do Rei, mas como uma mulher astuta e que soube encarar os jogos políticos do período ao qual pertenceu.
Marcos de Araújo Oliveira
Boa noite, Marcos!
ResponderExcluirTendo em vista esse acontecido em épocas passadas, você teve o conhecimento ou fez alguma análise da mudança que acontecia nos dias atuais observando em relação com aconstrução dessa personagem?
Vívian Rodrigues Duarte Dias
Olá, Vivian!
ExcluirObrigado pela pergunta!
Nesta pesquisa eu analiso a obra de Shakespeare que é escrita em 1613(século XVII) e também a de Jean Plaidy escrita em 1949 (primeira metade do século XX).
Mas existem outras obras mais recentes acerca de Ana Bolena, como o livro "O diário secreto de Ana Bolena" de Robin Maxwell de 1997 e o livro "Ana Bolena" da brasileira Bruna Calixto publicado em 2013.
Acredito que o movimento feminista das décadas de 60 e 70 e o movimento da História das Mulheres nos anos 80 serviu para ajudar a impulsionar a produção de mais obras literárias ou até mesmo filmes acerca de Ana Bolena, que constroem a personagem com novas perspectivas.
Ela já não é tão depreciada quanto antes, mas há um resgate de sua memória e novos olhares sobre sua vida e sua influência na corte Tudor.
Naturalmente, analiso esses novos produtos culturais como na maioria das vezes possitivos, pois evidenciam ainda mais a Ana Bolena, não como a Concubina do Rei, mas como uma mulher astuta e que soube encarar os jogos políticos do período ao qual pertenceu.
Marcos de Araújo Oliveira
Boa noite, Marcos!
ResponderExcluirTendo em vista esse acontecido em épocas passadas, você teve o conhecimento ou fez alguma análise da mudança que acontecia nos dias atuais observando em relação com aconstrução dessa personagem?
Vívian Rodrigues Duarte Dias
Olá, Vivian!
ExcluirObrigado pela pergunta!
Nesta pesquisa eu analiso a obra de Shakespeare que é escrita em 1613(século XVII) e também a de Jean Plaidy escrita em 1949 (primeira metade do século XX).
Mas existem outras obras mais recentes acerca de Ana Bolena, como o livro "O diário secreto de Ana Bolena" de Robin Maxwell de 1997 e o livro "Ana Bolena" da brasileira Bruna Calixto publicado em 2013.
Acredito que o movimento feminista das décadas de 60 e 70 e o movimento da História das Mulheres nos anos 80 serviu para ajudar a impulsionar a produção de mais obras literárias ou até mesmo filmes acerca de Ana Bolena, que constroem a personagem com novas perspectivas.
Ela já não é tão depreciada quanto antes, mas há um resgate de sua memória e novos olhares sobre sua vida e sua influência na corte Tudor.
Naturalmente, analiso esses novos produtos culturais como na maioria das vezes possitivos, pois evidenciam ainda mais a Ana Bolena, não como a Concubina do Rei, mas como uma mulher astuta e que soube encarar os jogos políticos do período ao qual pertenceu.
Marcos de Araújo Oliveira
Como houve essa ligação para que pudesse entrar a fundos nessa personagem que marcou a história e a literatura?
ResponderExcluirParabéns pela pesquisa e pelo conteúdo bem elaborado que existe na descrição dessa personagem.
Vívian Rodrigues Duarte Dias
Olá Vivian, obrigado pela atenção dada a minha pesquisa!
ExcluirPara que meus estudos sobre Ana Bolena se iniciassem, comecei primeiramente estudando o campo de pesquisa da "História das Mulheres", seguindo o contexto histórico do Medievo.
Além disso a dinastia Tudor sempre chamou minha atenção pelos seus feitos emblemáticos e marcantes.
Ao optar por estudar Ana Bolena, iniciei um trabalho de análise de suas representações tanto historiográficas, quanto literárias.
Com isso, priorizei sempre distinguir esses discursos, salientando que apesar de serem narrativas distintas, ambas são interpretações acerca do Papel de Ana Bolena dentro da corte Tudor.
Evitando assim, cair em armadilhas de "paixões desenfreadas", evitando denomina-la como Heroína ou julga-la como uma "vilã gananciosa".
Acredito que enquanto HIstoriador, é preciso haver este discernimento.
Mais uma vez obrigado pela receptividade!
Marcos de Araújo Oliveira
Como houve essa ligação para que pudesse entrar a fundos nessa personagem que marcou a história e a literatura?
ResponderExcluirParabéns pela pesquisa e pelo conteúdo bem elaborado que existe na descrição dessa personagem.
Vívian Rodrigues Duarte Dias
Olá Vivian, obrigado pela atenção dada a minha pesquisa!
ExcluirPara que meus estudos sobre Ana Bolena se iniciassem, comecei primeiramente estudando o campo de pesquisa da "História das Mulheres", seguindo o contexto histórico do Medievo.
Além disso a dinastia Tudor sempre chamou minha atenção pelos seus feitos emblemáticos e marcantes.
Ao optar por estudar Ana Bolena, iniciei um trabalho de análise de suas representações tanto historiográficas, quanto literárias.
Com isso, priorizei sempre distinguir esses discursos, salientando que apesar de serem narrativas distintas, ambas são interpretações acerca do Papel de Ana Bolena dentro da corte Tudor.
Evitando assim, cair em armadilhas de "paixões desenfreadas", evitando denomina-la como Heroína ou julga-la como uma "vilã gananciosa".
Acredito que enquanto HIstoriador, é preciso haver este discernimento.
Mais uma vez obrigado pela receptividade!
Marcos de Araújo Oliveira
Olá Marcos, adorei seu texto!
ResponderExcluirMuito bom mesmo!
Gostaria de saber como a personagem Ana Bolena nestas duas obras encara o posto de Rainha, o mais cobiçado pelas mulheres da corte, já que ambas as obras apontam perspectivas diferentes.
Cláudia Meuri Da Silva Santos
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigado pela pergunta!
ExcluirAna Bolena na obra de Shakespeare não se imagina enquanto Rainha no início do enredo, mas logo que cai nas graças do rei, ocupa este posto com sincera gratidão e amabilidade perante o monarca, almejando lhe dar um filho homem.
A Ana Bolena de Jean Plaidy de início não aceita ser amante do monarca é só se entrega a Henrique com a promessa de que seria sua única mulher e portanto esposa, ela ascende ao trono com glória e astúcia, e a partir daí inicia-se sua jornada em entregar um herdeiro a Henrique, embora a protagonista neste romance já se destaque pelo temperamento sincero, calculista e sonhador!
Ser Rainha para ela é uma dádiva e ela acredita estar fazendo o bem para o reino ao ser destinada a gerar o herdeiro da coroa.
São visões bem singulares, porém bem interessantes.
Marcos de Araújo Oliveira
Olá Marcos, diante dessas perspectivas literárias é possível apontar que o Rei Henrique VIII era manipulado por Ana Bolena?
ResponderExcluirO que diz a historiografia sobre isso?
Cláudia Meuri Da Silva Santos
Olá Meury, obrigado por sua pergunta!
ExcluirNa narrativa literária de Shakespeare , Ana é muito mais coadjuvante! Ela é a "jovem linda e doce" que desperta a atenção de Henrique, não sendo registrado um caráter que demonstre manipulação!
Já a obra de Jean Plaidy apresenta uma Ana muito mais ambiciosa e consciente do desejo que o Rei nutre por ela.
Ela realmente é muito mais ativa em negociar a satisfação de suas vontades junto a Henrique.
Quanto a historiografia, ainda nota-se uma depreciação muito grande da figura de Ana Bolena, apontada por alguns como concubina e sedutora, entretanto, novas perspectivas graças aos estudos de História das Mulheres, mostram uma Ana Bolena ativa na reforma religiosa, que sabe argumentar com Henrique ou demais nobres da corte.
Ela é apontada como figura influente e não manipuladora!
Espero ter respondido sua questão!
Marcos de Araújo Oliveira